Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Espaço Vital

- Publicada em 29 de Março de 2021 às 21:33

O juiz ladrão...


CHARGE DE GERSON KAUER/EV/DIVULGAÇÃO/JC
Meses antes do começo da pandemia, era uma tarde quente, numa segunda-feira. No fórum local aquela "normalidade" típica: pilhas de processos; estagiário e assessor em pleno trabalho; e de forma solene, uma audiência regular, presidida por juiz quarentão e formal, recém chegado à comarca. Como o ar-condicionado da sala estivesse pifado, as janelas estavam abertas.
Meses antes do começo da pandemia, era uma tarde quente, numa segunda-feira. No fórum local aquela "normalidade" típica: pilhas de processos; estagiário e assessor em pleno trabalho; e de forma solene, uma audiência regular, presidida por juiz quarentão e formal, recém chegado à comarca. Como o ar-condicionado da sala estivesse pifado, as janelas estavam abertas.
Ao fundo, escutava-se distante - aproximando-se - o som de um pistom, alguns tambores e gritos: "Ão, ão, ão...o juiz é um ladrão".
A audiência seguia, escutava-se a frase repetitiva e o som se fazia cada vez mais próximo, a ponto de criar constrangimentos.
O honrado magistrado - a despeito de saber que as ofensas não poderiam, naturalmente, se referir à sua pessoa - foi-se deixando tomar por inquietude momentânea.
Tentando quebrar aquele clima, desceu da sua solene cadeira e seguiu alguns passos até a janela para ver o que se passava. Provavelmente pensava em tomar alguma providência, ainda que fosse apenas para manter a ordem. Mas as vozes se faziam mais fortes
E a expressão se repetia: "O juiz é um ladrão".
Quando espiou para fora, o magistrado escutou outra expressão: "Juiz trapaceiro... roubou do Cruzeiro".
Foi então que vislumbrou uma claque se aproximando. Nela, um bumbo, dois pequenos tambores, um pistom etc., todos envergando camisetas do Cruzeiro de Minas Gerais, em época de glórias antes do rebaixamento à Série B.
Vinte ou trinta torcedores reclamavam contra o árbitro "fulano de tal", morador da própria cidade de Luz (MG) e que, na véspera, tinha "roubado" do time cruzeirense, numa partida contra o América Mineiro. Os manifestantes passaram indiferentes à frente do fórum, seguiram pela mesma rua mais duas quadras, até a frente da moradia do árbitro futebolístico, que por cautela já sumira da cidade.
No fórum, com todos os personagens da cena judiciária surpreendidos pelo momento cômico, o magistrado relaxou e arrematou:
- Superados os incômodos causados por incontroláveis emoções futebolísticas, vamos prosseguir com a audiência.
E assim se fez.

A morte do decano

Adalberto Alexandre Snel, o advogado mais antigo em atividade no RS (OAB nº 1.665), faleceu no domingo, em sua residência em Novo Hamburgo, vitimado por um enfarte. Aos 94 de idade, trabalhava normalmente, em home office, de segunda a sexta-feira. Ele formou-se na Ufrgs em 1951, mas já exercia a advocacia regular na condição de solicitador, desde 1950.
Antes, ainda estudante de Direito, fora professor na Casa de Correção (presídio da época, na Ponta do Gasômetro, em Porto Alegre), ensinando detentos. E trabalhava no Correio do Povo como revisor.
Nas redes sociais da advocacia trabalhista, um dos reconhecimentos que davam a Snel era o de "conseguir transitar entre gregos e troianos, sem causar estranhamentos".

Saudável vigor

A propósito, a estatística da Ordem gaúcha de ontem revela a pujança da advocacia da melhor idade. Muito bom isso!
No grupo etário a partir dos 60 de idade, 6.447 advogadas e 12.267 advogados estão vivíssimos, ativos e com suas inscrições regulares. Vigor e vidas longas para todos! Sempre com esperança de que, um dia - mesmo sem "auxílio-saúde - a prestação jurisdicional melhore. Afinal, sonhar é grátis...

Mamas diminuídas

Atenção, mulheres! Decisão recente do STJ afirma que "não cabe ao plano de saúde recusar procedimentos não previstos no rol da ANS, mas que foram expressamente indicados pelo médico". O caso envolve a ação de uma brasileira contra a Unimed Sorocaba. À consumidora foi reconhecido que "mesmo que a cirurgia de redução de mamas não conste do rol de procedimentos estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar não há justificativas à recusa de seu custeio pela operadora de plano de saúde".
O que importa é a existência de recomendação médica de ato cirúrgico para, por exemplo, o tratamento de problemas lombares e afins. (REsp nº 1.876.630).

E o gato fugiu...

Na sexta-feira passada, a família do ex-juiz e governador afastado Wilson Witzel (PSC) sofreu para recuperar um gato da família, pelo dourado com branco, que sempre dormia na janela do imóvel residencial. De repente, foi parar num vizinho.
A esposa Helena Witzel partiu para o resgate; saiu de casa acompanhada por dois seguranças e pediu licença à vizinhança. Mas o gato não queria voltar e, aos saltos, escapuliu para a rua. Não fosse um dos agentes, a operação teria falhado. Aprisionado, o felino não teve outra opção: voltou. E ficará fechado.

O negócio da morte

Dados da Associação Brasileira de Empresas Funerárias revelam que, até dezembro de 2019 - isto é, antes da pandemia - o setor fabricava, em média, 100 mil caixões por mês.
A média mensal de 2020 foi de 140 mil.

Senso com 's'

Os melhores dicionários definem bom senso como "característica de raciocínio sensato; capacidade de julgar; juízo, percepção". A seu turno, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarou no fim de semana que "o número de mortos por Covid-19 no Brasil ultrapassou o limite do bom senso".
Ficou a dúvida: qual o limite do bom senso na contagem de mortos na pandemia?

A festa do Poder

A festa de aniversário do governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, rolou no domingo num condomínio de Itaipava (RJ). Eram 12 automóveis na porta. Os convidados tiveram que deixar os celulares em um armário; só pegavam na saída.
Em nota oficial, a assessoria do político informou que o almoço foi restrito à família. E também que "quatro dos carros eram da segurança do governador". Ué, tudo isso?... Força do Poder, ou poder da força?

Com 'i' ou com 'e'?

Nos jornais temos visto as grafias "entubação" e "intubação". O Espaço Vital acionou o mestre Paulo Flávio Ledur. Eis o que ele pensa:
"Entubar - daí entubação e entubado - é dar feição ou forma de tubo. Enquanto intubar - daí intubação e intubado - significa colocar num tubo. Portanto, os pacientes são intubados".

Do baú

Nos áureos tempos de "Viva o Gordo", Jô Soares interpretava um general linha dura que ficara alguns anos inconsciente e acordava num hospital, ligado a alguns aparelhos, e conversava com algumas visitas que lhe contavam o que acontecia nos tempos (então) atuais.
Quando não entendia as mudanças pelas quais o País havia passado, o general pedia repetitivamente: "Me tira o tubo!". Algo assim como "deste jeito não vale a pena viver".