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Espaço Vital

- Publicada em 19 de Fevereiro de 2021 às 03:00

O 'R'dos "peRdidos de vista" no STF


GERSON KAUER/Divulgação/JC
Já se nota uma distância entre as promessas - sobre "a proteção do direito" - feitas por Luiz Fux antes de assumir, em setembro passado, a presidência do STF, e a lentidão da corte. Uma de suas frases pretéritas: "Não hesitaremos em proferir decisões exemplares para a proteção das minorias, da liberdade de expressão e de imprensa, para a preservação da nossa democracia e do sistema republicano de governo". Cinco meses depois, em meio à bem recebida pregação de Fux contra as decisões monocráticas de ministros, o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro na condenação do ex-presidente Lula expõe outro mecanismo que concentra poder nas mãos de um magistrado: os pedidos de vista.
Já se nota uma distância entre as promessas - sobre "a proteção do direito" - feitas por Luiz Fux antes de assumir, em setembro passado, a presidência do STF, e a lentidão da corte. Uma de suas frases pretéritas: "Não hesitaremos em proferir decisões exemplares para a proteção das minorias, da liberdade de expressão e de imprensa, para a preservação da nossa democracia e do sistema republicano de governo". Cinco meses depois, em meio à bem recebida pregação de Fux contra as decisões monocráticas de ministros, o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro na condenação do ex-presidente Lula expõe outro mecanismo que concentra poder nas mãos de um magistrado: os pedidos de vista.
Atualmente, tal "fenômeno repousante" paralisa 377 processos na corte, atropelando o regimento interno, que prevê a obrigatoriedade de retorno do caso em no máximo duas sessões depois. É comum ocupar meses e até anos para devolver autos. No caso da suspeição de Moro, o ministro Gilmar Mendes pediu vista em dezembro de 2018, na 2ª Turma. Antes, Cármen Lúcia e Edson Fachin votaram a favor do ex-magistrado. Mas, Gilmar e Ricardo Lewandowski ainda não votaram, após darem a entender, nos debates, que consideravam exacerbada a atuação do ex-juiz na condução da Lava-Jato.
Em outubro passado, Celso de Mello, que também votaria, se aposentou e foi substituído por Nunes Marques. Com a nova configuração do colegiado, Gilmar cogita retomar o julgamento ainda neste semestre, na esperança de que seu ponto de vista seja vitorioso. O voto de Celso era uma incógnita e, no STF, ministros acreditam que Nunes Marques votará contra Moro, por ser visto como garantista.
Atualmente, entre os pedidos de vista no STF, 207 são do Plenário, com seus 11 ministros. Outros 90 são da 1ª Turma; 80, da 2ª Turma - cada uma com cinco integrantes. Dos 377 pedidos de vista, 152 já foram devolvidos e, em tese, a votação pode ser retomada a qualquer momento, dependendo apenas de Fux incluir na pauta. O mais antigo pedido de vista congelado no Plenário é do ministro Carlos Ayres Britto, que se aposentou em 2012. A interrupção foi em agosto de 2006. Ele devolveu o caso à pauta em fevereiro de 2012, mas ficou inerte a ação. Ela trata do quórum necessário para o Legislativo deliberar sobre acusação contra governador por crime de responsabilidade. Também no Plenário, Gilmar Mendes pediu vista de um processo em agosto de 2011 e ainda não o devolveu. É o caso mais antigo ali. Trata da execução extrajudicial no Sistema Financeiro de Habitação, um "azedo pepino jurídico" que mexe com muitos interesses.
Enfim, é de lembrar um codinome lembrado esta semana, Brasil afora, como "efeito orloff" sobre a destacada matéria "Parados no Supremo", de autoria dos jornalistas Carolina Brígido e André de Souza, publicada em O Globo, no domingo passado. "No STF, centenas de pedidos de vista se transformaram em PERDIDOS de vista" - repetiram destacados advogados brasileiros.
 

PL virou PP

"Depois dos últimos fracassos futebolísticos - e do risco de o Grêmio ficar de fora da próxima Libertadores, o Paulo Luz virou Paulo Penumbra".
(De desencantados gremistas, esta semana na "rádio-corredor" da Arena do Grêmio).

Sustos a bordo!

Treze anos e cinco meses depois, a tragédia do voo TAM 3054 ocorrida em 17 de julho de 2007, com 199 vítimas, voltou anteontem (17.2.2021), por momentos, à memória de passageiros do voo 3179 da Latam - de Porto Alegre a Congonhas (SP) - que estavam a bordo do Airbus 320, prefixo PR-MYY. É que às 17h31, quatro minutos antes do pouso, foi disparado um aviso de "emergência geral" - flagrado e exibido pelo excelente aplicativo Flight Radar.
Guinada para a direita no rumo de Campinas, outra mudança em direção ao Galeão, e a aeronave felizmente pousou incólume no aeroporto carioca, duas horas e 20 minutos depois da decolagem (16h04) no Salgado Filho. Alívio, abraços etc., tudo bem!
A Latam não respondeu ao Espaço Vital sobre "as causas da emergência e a solução para os passageiros". A opção pelo silêncio fez lembrar uma habitual frase do ministro da Justiça (1974/1979) Armando Falcão durante os anos de chumbo: "Nada a declarar". As três palavras caracterizavam sua relação com a imprensa, quando ele se recusava a comentar assuntos considerados confidenciais ou polêmicos.

Deboche

O engenheiro civil Ricardo Wortmann - que desliga do estresse profissional fazendo inteligentes e irônicas digressões no blog futebolístico Corneta do RW - está espantado com a bazófia de Renato Portaluppi: "O treinador da estátua confraterniza sorridente com adversários, após acachapantes derrotas gremistas. São coisas que ele não faria com o estádio cheio, porque escutaria uma vaia crescente".
O jurista Lenio Streck complementa: "Faltam comprometimento e constrangimento, pois o estádio vazio libera a preguiça, a presunção e a empáfia".

Carnaval sem confete

O Google fez uma pesquisa para saber o que as pessoas procuraram na plataforma no suposto período carnavalesco. Dos consumidores conectados, 39% disseram ter pedido algum delivery de comida; 18% buscaram portais de empregos; 17% quiseram saber sobre academias; 16% sobre universidades e cursos.
Para a próxima segunda-feira (22) o serviço mais procurado foi academia de ginástica com 24,9% promitentes.

Vacinação filmada

Após denúncias de fraude na aplicação de vacinas contra a Covid-19 no Brasil, dicas do Espaço Vital, a partir de uma entrevista - tipo pingue-pongue - do advogado e médico sanitarista Daniel Dourado, membro do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP.
- Posso pedir para ver a seringa?
"Pode. O paciente tem o direito de ver o que está sendo feito, de ter todas as informações relevantes do procedimento a que está sendo submetido".
- Posso filmar a aplicação da vacina?
"Pode, desde que não mostre o rosto do profissional de saúde, se ele não quiser aparecer. E, claro, desde que o paciente queira ser filmado".

A 'batalha' do aluguel

A alta do índice de inflação mais usado para reajustar os aluguéis, o IGP-M - que em 2020 saltou para 23,14% - gerou uma corrida de pessoas físicas e de empresas para substituir o indicador por outros, como o IPCA, por meio de negociação ou ação judicial. A onda mais recente de processos é protagonizada pelas indústrias. Em São Paulo, a primeira decisão significativa para o segmento industrial foi em favor de uma multinacional do ramo de tintas: uma antecipação de tutela substituiu o IGP-M pelo IPCA no contrato de locação referente à planta fabril da indústria. O indexador substituto acumulou no ano passado alta de 4,52%, a menor desde 2016.
A juíza Tamara Hochgreb Matos, da 24ª Vara Cível de São Paulo (SP), fundamentou que "o IGP-M, previsto no contrato firmado entre a indústria e um fundo imobiliário, refletia índice muito superior ao da inflação real do mesmo ano" e que o IPCA era o "mais adequado para manutenção do poder de compra da moeda".
Advogados ouvidos pelo Espaço Vital afirmam que grandes empresas (alimentos, embalagens, bens de consumo, celulose e papel) têm buscado orientação jurídica para negociar a substituição do índice de correção em galpões logísticos e industriais, além de escritórios.