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- Publicada em 24 de Agosto de 2020 às 21:22

O quarto casamento


GERSON KAUER/Divulgação/JC
Ano passado, era maio, mês das noivas, e o juiz recém chegado convocara servidores e convidara advogados e autoridades para a solenidade, festiva de sua posse na comarca interiorana.
Ano passado, era maio, mês das noivas, e o juiz recém chegado convocara servidores e convidara advogados e autoridades para a solenidade, festiva de sua posse na comarca interiorana.
Ele usava um traje chamativo, camisa rosa choque, gravata berrante, perfume amadeirado. No discurso, falou de seus predicados:
- Sou inimigo do crime, chicaneiros não terão vez, combato a corrupção, e me oponho a bancos argentários. Criminosos têm que ser recolhidos ao cárcere logo após a decisão condenatória do segundo grau.
Fez também confidências:
- Pago pontualmente três pensões alimentícias, estou descasado, e pretendo, quem sabe, constituir um novo matrimônio nesta cidade plena de mulheres bonitas.
Algumas solteiras sorriram, talvez oferecidas. O promotor e o prefeito trocaram olhares intrigados. Os advogados ficaram com as fisionomias contritas. E o tabelião baixou a cabeça.
O discurso seguiu nesse diapasão por mais dez minutos:
- Como praticante da razoável duração do processo, antecipo que, na próxima semana, numa das minhas primeiras audiências aqui na comarca, vou insistir na conciliação das partes, numa complicada ação de divórcio litigioso que, disseram-me, já dura seis meses - arrematou o juiz.
E assim foi. Quatro meses e meio depois, já primavera, o magistrado anunciou que, breve, estaria de esposa nova (ela nem tanto no item idade...).
Não demorou para que a rádio-corredor do foro informasse detalhes: "O eminente juiz fulano de tal terá, como futura cônjuge, a digna senhora beltrana, ex-esposa do operoso tabelião local. Ela e o competente notário foram os dois personagens do comentado divórcio litigioso que - antes de ser convertido para consensual - tinha gerado incontáveis tititis em nossa comarca. Esta emissora deseja ao novel casal uma vida plena de saúde e paz".
Livre do matrimônio que durara dez anos, a (nova) quarta mulher do magistrado agora festeja o título social que ele reservou para ela: "A primeira dama da comarca"

Mercado aquecido...

A demanda por tornozeleiras para presos é grande em todo o Brasil, inclusive para atender a clientela política. A empresa paranaense Spacecom - que fornece as argolas para os pés ligeiros e safados atua em 16 Estados - já monitorou mais de 300 mil sentenciados distintos (não confundir com distintos sentenciados). Ela mantém este ano uma média de 48 mil monitorados por dia. Só que... a Spacecom está agora em busca de outra coisa - digamos, mais consistente: quer receber R$ 15 milhões que são devidos pelo Estado do Rio de Janeiro pela locação, impaga há 19 meses, de milhares dessas engenhocas. A ação está na 8ª Vara de Fazenda Pública do Rio. Detalhe: as tornozeleiras não são vendidas; apenas alugadas.
Um engenheiro eletrônico explicou ao Espaço Vital que cada um das tornozeleiras capta a localização dos satélites de GPS, e calcula as suas coordenadas de latitude e de longitude. Um modem então transmite os dados com sinal de celular e o sistema
verifica se a pessoa está cumprindo as regras que a Justiça determinou. Por exemplo: afere se o usuário está mesmo em casa das 20h às 6h, ou no trabalho das 10h às 17h.
Quando contrata o serviço, o Estado pode dispor de uma central própria e fazer seu próprio monitoramento. Mas, caso a pessoa corte a cinta de fixação, o equipamento registra e emite um alerta. Este passa a ser uma prova imediatamente encaminhada para a Polícia e para o Judiciário.

Evasão da privacidade

Não se trata de invasão da privacidade - é evasão mesmo, vejam bem. É que por meio do portal Uol, no fim-de-semana, vieram a público algumas pérolas de intimidades do mundo artístico. O título da matéria: "Ivete Sangalo revela ousadias que já fez no sexo com o marido". Ele é o nutricionista Daniel Cady; os dois estão juntos há 12 anos.
Segundo a cantora, "na quarentena, a frequência do sexo é menor, porque há outras prioridades". Um detalhe importante - conforme Ivete: "O marido tem que ser caceiteiro, garantir" - assim mesmo, com duplo "i". Não encontrando tal expressão nos dicionários, o colunista fez indagação ao professor de Português Paulo Flávio Ledur.
Ele respondeu que "deve ter ocorrido erro de grafia, na publicação original, pois não existe caceiteiro, mas, sim, caceteiro, palavra que, originalmente, define aquele que usa cacete, derivando daí para outros significados, como espancador, valentão, brigão. Em linguagem figurada, também é usado para designar homem de membro avantajado e/ou de bom desempenho sexual."

Superprodução eleitoral

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, avaliou ontem que a eleição municipal de 15 de novembro "vai exigir uma superprodução". O tribunal disponibilizará 7,5 milhões de máscaras de pano, porque a recomendação a quem vai trabalhar é que troque o utensílio facial até quatro vezes no dia.
A logística para a distribuição em 5.570 municípios inclui também um milhão de litros de álcool gel e um milhão de escudos faciais com viseira - também chamados de "face shields" - uma expressão que o Brasil também importou na conjunção da pandemia.

Que saúde, que educação!

O BNDES gastará, este ano, R$ 180 milhões por ano para bancar o plano de saúde oferecido aos seus 2,6 mil funcionários. Além de cônjuges e filhos, eles podem incluir seus pais e, em alguns casos, irmãos entre os dependentes.
A propósito, pelo andar da carruagem, o bolso do funcionalismo federal chegará incólume o fim da pandemia. Nem o pomposo auxílio-educação oferecido por algumas estatais e empresas de economia mista aos dependentes de seus funcionários foi cortado. A fatura é alta. Juntas, a Petrobras (R$ 25 milhões), o BNDES (R$ 2,2 milhões) e a Eletrobras (R$ 2,9 milhões) gastam R$ 31,1 milhões por mês com esse benefício.

Respeitável público...

Uma pesquisa do Datafolha revelou a piora da avaliação do Congresso aos olhos da população brasileira. Então Davi Alcolumbre teve mais uma ideia perolar: anunciou a contratação de uma agência de publicidade para dar jeito na imagem do poder que ele comanda.
O incrível senador está disposto a usar o dinheiro do respeitável público para convencer o respeitável público de que ele está errado.

Futebol rico

Neymar - durante seus períodos de férias no Brasil - terá um novo vizinho em Mangaratiba (RJ). É que o futebolista Gabriel Jesus, do Manchester City (ING), comprou uma casa no condomínio Portobello Resort & Safári. O imóvel tem deck próprio e sete suítes. Custou R$ 15 milhões.
Abastecido pelo propinoduto, outro endinheirado morador, por ali, até 2016, foi o ex-governador Sérgio Cabral (MDB-RJ), até ele ser preso, e a mansão tarrafeada pela Polícia Federal. O imóvel foi vendido em leilão judicial em setembro de 2019, por R$ 6,4 milhões. O arrematante foi um empresário que só aparece representado por uma empresa que presta consultoria para quem quer adquirir imóveis em leilões. O pagamento é parcelado: foi uma entrada de 25% (R$ 1,6 mi); o restante está sendo pago em 30 parcelas de R$ 160 mil. Gente endinheirada essa...

Previsão dos tempos

A chuva e o frio são os maiores aliados do isolamento social no Brasil. Menos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
É que a neve provocou aglomerações - sem distanciamento - sexta e sábado no Sul do País. A vida continua e o calor está de volta.