Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Espaço Vital

- Publicada em 26 de Maio de 2020 às 03:00

A justificada parcialidade do juiz

charge vital

charge vital


/GERSON KAUER/DIVULGAÇÃO/JC
Por Carlos Alberto Bencke, advogado (OAB-RS nº 7.968)

Por Carlos Alberto Bencke, advogado (OAB-RS nº 7.968)

A saudade do futebol ao vivo nestes tempos de pandemia faz com que eu me transponha aos anos 1960/1970 e recorde do Grêmio Santo-Angelense. O time começava pelo Turco, um enorme goleiro; passava pelos laterais Sabonete e Pedro Carroça e pelos zagueiros "chegadores" Cebola e Papa-Fila.

A propósito, papa-filas era um grande veículo puxado por um cavalo mecânico que servia como eficiente transporte público, na época, em Porto Alegre. Daí o apelido do zagueirão que, na época, iniciava vitoriosa carreira pelo futebol do interior, sempre marcada pelas "chegadas" nos atacantes rivais. Ele era tal qual uma inexpugnável ponte de concreto.

Jogo do Santo-Angelense contra o Nacional de Cruz Alta, para decidir quem disputaria uma vaga no torneio que indicaria o candidato à Primeira Divisão do futebol gaúcho, ao lado da dupla Grenal. Ao Grêmio Santo-Angelense, favorito, bastava o empate. Jogo em casa.

Um a um até quase o finalzinho. Defesa inexpugnável. Turco, Cebola e Papa-Fila, três gigantes no jogo aéreo. Todos comemorando a classificação iminente. Falta na intermediária da defesa do Grêmio. Bola alta na área. Papa-Fila sobe, bola certinha na sua cabeça. Inesperadamente, ele dá um soco na bola.

Pênalti. Goooooool. Fim do sonho de estar na elite do futebol gaúcho.

Terminado o jogo, o goleiro Turco espera Papa-Fila na entrada do vestiário e acerta-lhe um poderoso soco que o leva a nocaute. Vem a turma do "deixa disso" e todos vão para a delegacia. Lavrada a ocorrência, inquérito, denúncia e audiência, no fórum menos de 10 dias depois. Tempos de pronta prestação jurisdicional.

O rosto de Papa-Fila ainda exibe os violáceos resultados do soco. O juiz - quase vestindo a camiseta verde e branca do clube interiorano - coloca os dois atletas na sala e dita ao escrivão a sentença absolutória do acusado.

Um trecho: "A indignação pelo ato futebolístico da pretensa vítima, no jogo, atingiu toda cidade. Este magistrado, inclusive, estava lá. O réu foi apenas o portador da revolta geral. E se a vítima permanecer na cidade ninguém poderá garantir-lhe a integridade física. Tenho dito".

A sentença transita em julga. O magistrado aposenta-se uns 10 anos depois. E o Papa-Fila foi jogar futebol profissional em outras bandas.

Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO