Melo chegou lá I

Sebastião Melo (MDB) realizou o sonho: foi eleito prefeito de Porto Alegre. Os dois maiores cabos eleitorais do emedebista foram o voto anti-esquerda e as pesquisas divulgadas sábado, que mostraram a ascensão de Manuela d'Ávila (PCdoB) na reta final. Como no primeiro turno, este fator alarmou os gansos adormecidos - leia-se os que se abstiveram no primeiro round, alarmados com a possibilidade concreta da candidata comunista ser eleita. Como antes, foi voto ganho da noite para o dia. Podem chamar de voto-susto.

Melo chegou lá II

Com menos de um terço dos recursos de Manuela, a campanha de Melo teve que ser virar nos 30 para abastecer a militância, pobreza que ficou óbvia desde o início da campanha. Macaco velho em linhas eleitorais, o candidato do MDB teve que tirar leite de pedra para tocar o barco. E também não contou com o dinheiro de artistas nacionais como Manuela. A esquerda sempre teve uma rede de apoiadores no meio artístico-intelectual, sobretudo os endinheirados.

Melo chegou lá III

A ação de marqueteiros próprios ou terceirizados é importante na campanha, mas é o conjunto da obra que vale, uma batida onde entram militância, partido, conselheiros e estrutura partidária. É como técnico de futebol. Por melhor que ele seja, não consegue transformar perna de pau em craque. E Melo definitivamente não é perna de pau. Pode não ser Pelé, mas conhece bem as mazelas da cidade. Sua experiência como vice-prefeito será fundamental para arrumar a bagunça que herdará.

Afasta esse cálice

O Ibope registrou, mas não realizou pesquisa da boca de urna em Porto Alegre nem em outras capitais. Não explicou o motivo da desistência. Talvez porque já houve eleição em que a apuração oficial chegou antes da divulgação da pesquisa. Ou por temor de errar feio.

Guerra perdida

Antes mesmo de começar para valer, a guerra mais perdida do mundo é a guerra às notícias falsas na internet. Não tem como fiscalizar dezenas de milhares de falsidades, às vezes recheadas de meias verdades. Como os vírus, vieram para ficar.

Tiro ao alvo

A quantidade de candidatos e políticos infectados pelo vírus é a consequência lógica do envolvimento físico com o eleitorado. É como desenhar um alvo no peito com a inscrição "Atira!". Alguns até vão comemorar - ou chorar - o resultado na cama do hospital.

Cobertor curto

Em relação aos recursos para a campanha de Sebastião Melo, o ex-ministro de Estado Carlos Marun explica que a verba do MDB teve que contemplar 15 campanhas país afora, então, foi um aperto geral. Enquanto Manuela d'Ávila teve R$ 5 milhões, Melo encarou o desafio com apenas R$ 1,5 milhão. Mas Porto Alegre é a cereja do bolo do MDB, ela e Goiânia.

Esquerda caviar

Não é de hoje que pessoas com saldo bancário que nem sabem o que seja saldo devedor financiam candidaturas de esquerda. Não só artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, que deram dinheiro para candidatos do PSOL e PCdoB. Também poderosos empresários e empreiteiras foram generosos com a esquerda. Daqui inclusive e principalmente.

Gelson Radaelli

Causou consternação geral o falecimento do artista plástico e dono do Atelier das Massas Gelson Radaelli, 60 anos (matéria na contracapa). Gelson se destacou nas duas atividades. O Atelier é uma das poucas operações gastronômicas diferenciadas do Centro Histórico de Porto Alegre.

As sementes do mal

A Embrapa não conseguiu decifrar o mistério das sementes enviadas em envelopes ao Brasil. Quem mandou ninguém sabe. Testes comprovaram que continham pragas desconhecidas. Podemos apostar que é terrorismo biológico. É caso de segurança nacional.

Miúdas

MILAGRE na pandemia: Estado paga a folha de 340 mil funcionários em dia. Aleluia!
NA realidade, não é milagre divino. É milagre de gestão eficiente de Eduardo Leite (PSDB).
CHINA (comunista) anunciou que erradicou a pobreza absoluta. Graças ao capitalismo.
PASSADAS as eleições, abrem-se as portas de medidas governamentais amargas.
MIKE Tyson é prova que na aposentadoria se pode ganhar muito dinheiro. É a vingança dos grisalhos.
PORTO ALEGRE cumpre a sina que lhe conferiu o status do vandalismo. É a capital do meio a meio.

Fato e versão

A importância dos debates não deve ser medida pela audiência e sim pelo que deles se fala. A versão é mais importante que o fato. Também serve para identificar a torcida de que deles fala.