Novembro de 2050. Um homem entra na farmácia. O atendente chega com uniforme branquíssimo que se auto-lava a cada 15 minutos. As mãos e o rosto estão envoltas em uma nuvem cor de rosa. Por causa do coronavírus.
- Pois não?
- Vocês têm fígado?
- Sim. De primeira qualidade? O senhor bebe?
- Muito. Demais.
- Então seria bom comprar um pâncreas também.
- Instalam na hora?
- Claro. Inserimos tudo em 25 minutos. Se levar um rim, 20% de desconto.
O homem fica pensativo.
- Meus rins estão ok. Mas precisaria de um ouvido.
- Com ou sem orelha?
- Sem.
- Pena, nossas orelhas são auto-limpantes.
Ele faz uma pausa.
- Olhos, nariz? Temos seminovos, mais em conta.
O farmacêutico se curva em direção ao cliente e fala bem baixinho.
- E na parte de baixo, tudo certo?
- Poderia trocar, mas cheguei no meu limite. Garantia?
- Três anos. Temos um excelente pós-venda.
O farmacêutico mostra num holograma o valor total.
- Pode ser em dólar?
- Só em yuans chineses. O dólar não vale mais nada.
Nem meia hora depois, o cliente sai da maca do ambulatório, caminha até o primeiro bar que encontra aberto, entra e enche a cara.
Leitor postou uma carta registrada com destinatário em Porto Alegre na agência dos Correios da rua Sete de Abril, bairro Floresta. Quase caiu para trás quando o atendente o informou que levaria entre 15 e 20 dias para ser entregue. Por um momento, ele pensou em dar uma carona para o carteiro.
Algumas grandes empresas de varejo estão oferecendo serviços de telemedicina e grandes descontos em laboratórios. Chama-se a isso invadir a seara alheia
A propósito da nota sobre a CEEE, leitor faz uma observação. "Sobre os R$ 2,8 bilhões da CEEE, o dinheiro 'não entrou', mas 'saiu' do nosso bolso e deveria retornar em serviços públicos". Certo, mas ninguém compra dívida.
A não ser de forma pontual e mais como carta de intenções, nenhum candidato elaborou um projeto mais preciso sobre o Guaíba, salvo a manutenção ou não do projeto do Cais Mauá e a revitalização de trecho da orla. O lago Guaíba é muito mais que o cais.
Marinas com escolas de vela, inclusive para a garotada carente, usando as velas como outdoor aquático para custear o projeto, há um universo inteiro de possibilidades para usufruir nosso cartão postal. É preciso olhar para a água, não para o seco.
Circula um bem-humorado protocolo sobre os cuidados com o presépio de Natal face ao retorno do vírus. Todos terão que usar máscaras e manter distanciamento. Os três reis magos terão que ficar em quarentena por 15 dias. O burro e o boi terão que ser liberados pelo Ministério da Agricultura. E todos terão que usar álcool gel.
A coisa mais importante na comunicação é ouvir o que não está sendo dito. A frase é de Peter Drucker, pai da gestão moderna. Cai como uma luva na política.