É doce pescar no mar

Até meados dos anos 1960, funcionou na Voluntários da Pátria cabaré e casa de shows American Boate. Seu esplendor foi nos anos 1950, quando artistas consagrados nacionais e internacionais batiam ponto na casa. Havia uma explicação técnica para isso. Na época, Buenos Aires e Montevidéu - esta conhecida como a Suíça da América do Sul, por ser paraíso fiscal - tinham dinheiro, poder e fama. Então, quando artistas se apresentava no Rio de Janeiro ou São Paulo, já tinham marcado shows nestas duas capitais ao Sul. Foi a época dos grandes espetáculos em Porto Alegre.

Ocorre que boa parte os aviões não tinham autonomia para um voo direto, então, faziam escala na capital gaúcha para reabastecer e pernoitar e, por que não, fazer um show em Porto Alegre. O famoso carnavalesco baiano Evandro de Castro Lima contou que Buenos Aires também era o sonho dos gays, mas quando Perón assumiu, botou-os a correr. Como ele, vários artistas ficaram na mão e se apresentavam na American Boate.

Na frente do cabaré, havia um chafariz cujas bordas eram um limo só, porque as águas deixavam nelas suas impressões digitais. Um grupo de pândegos endinheirados costumava abrir os trabalhos abastecendo o corpo com a gasolina chama uísque e depois, um a um, tinham que dar a volta inteira nas bordas do chafariz, e sem sapatos. De cara limpa já era difícil, imagina com o tanque cheio. Quem não conseguia, não podia entrar na casa, o grupo não deixava. A volta era o vestibular para fazer parte do grupo.

Havia fila para fazer parte dessa confraria, e um deles era um poderoso dono de fazendas, entre outros negócios, que morava na Zona Sul, mesmo não sendo de muita bebida. Fez uma dezena de vestibulares sem sucesso. Por volta de 1985, já na casa dos 80, um antigo membro da roda me contou o desfecho dessa história. Copo largo cheio de uísque caubói - sem gelo - na mão, inclinou a cabeça em minha direção, dedo indicador erguido, falou baixinho.

O doutor caía sempre. Não era bom em dar volta em chafariz...

PS: leitores lembraram outros bar-chopes da Capital. Caso do Bar Líder, na Independência com a Barros Cassal, com seu excelente filé acebolado e lombo a milanesa que eu chamava de "ali na mesa", e o Bier Klause, do seu Bruno, na Dr. Timóteo.

A primeira planta de recuperação energética será em Taquari, onde todo o lixo hospitalar da região será reaproveitado para geração de combustível. A operação deverá ser iniciada em janeiro. Será um belo exemplo para mostrar como o lixo pode ser eliminado e virar luxo. Avante, pois.

Em live do congresso da Federasul, o empresário José Galló se disse convencido de que as lojas físicas não vão terminar com as lojas virtuais, bem pelo contrário. As duas vão conviver, uma complementando a outra. Citou o exemplo da Amazon, que está abrindo lojas convencionais, entre outros sites de vendas. A folhas tantas, Galló fez uma provocação para a assistência.

Ele perguntou se ao entrar na Amazon e procurar por um vestido preto, quantas imagens deste vestido vão aparecer: 2 mil, 3 mil? Negativo, falou, serão 200 mil. O exemplo do homem que levou a Lojas Renner ao pináculo mostra que um público enorme ainda vai querer a compra física. Tem aquele lance do vendedor dar sugestões e experimentar a roupa no provador.

As vendas de celulares aumentaram durante a pandemia, compreensivelmente. Só a pré-venda do iPhone 12 registrou o dobro de vendas do modelo anterior. Fato é que sem celular o homem fica nu, mas também pode ser um instrumento que traz aborrecimento. Não há nada neste mundo que não tenha efeitos colaterais. Até coisa ruim tem lado bom.

Há pessoas que não querem nada com a plataforma de pagamentos Pix. Alegam que é mais um trambolho cibernético sujeito a fraudes, vazamento de dados e mais senhas para decorar. Preferem pagar os R$ 10,00 do TED a ter mais uma complicação eletrônica. Que já as temos em demasia.

A empresa Prevent Sênior vai lançar a revista de reportagens Momento, com previsão de tirar 400 mil exemplares, que serão distribuídos para beneficiários, médicos e hospitais. A novidade é que parte será posta em bancas para a venda avulsa.

Esse mundo está mesmo virado. Os senadores gaúchos Luis Carlos Heinze (PP) e Lasier Martins (Podemos) votaram contra a indicação de Kassio Marques para o Supremo. E Paulo Paim (PT) votou a favor, elogiando o futuro ministro do STF. É a prova.

O Parque da Redenção está se transformando em um acampamento de sem-teto, gerando lixo em vários pontos. No campinho do parque, tomaram conta da entrada. Se a prefeitura da Capital fizer vista grossa, a invasão ampla será inevitável. Depois, será uma missa retirá-los, filme já visto e revisto.