Batalhas paralelas

Um dos erros mais comuns sobre presidentes é achar que eles mandam sozinhos. Nem Donald Trump tem esse poder nos Estados Unidos. Uma coisa é falar duro, outra coisa é agir duro. No caso de Jair Bolsonaro, passada a lua de mel com o núcleo militar, a pilha de declarações desastradas gerou desconforto nos meios castrenses. Em algum momento, o desconforto passou para a irritação. Brasília funciona como um caleidoscópio, muda o desenho a cada mexida.

Por isso Luiz Henrique Mandetta ainda não foi demitido. E também por isso o presidente relevou temporariamente a entrevista do ministro da Saúde à Globo, logo ela, que é considerada, por Bolsonaro, uma inimiga figadal. E também por isso que o núcleo duro cambiou de opinião e, desta vez, se irritou com Mandetta. Mas não é momento de mandá-lo passar no RH para acertar as contas. Fato é que a carga da caneta de Bolsonaro está baixa.

É visível o aumento gradual do número de pessoas usando máscaras nas ruas. E aí vem um dilema. As máscaras que são fabricadas pela China para uso cirúrgico vão todas para agentes da saúde. Quem tem habilidade, produz as suas em casa; quem não tem, procura quem as venda. É um grande mercado que se abre para micro e pequenas empresas, e até para famílias.

...uma coisa é produzir uma máscara caseira, outra coisa é vender. Como o comprador potencial vai saber quem a vende? Redes sociais é meia resposta. A página faz uma sugestão ao Sebrae-RS: quem sabe abre um canal específico para orientar os pequenos negócios e tornar pública essa informação de forma massiva.

É sempre bom prestar atenção no que não foi dito nas declarações de integrantes do primeiro time do governo. É o caso do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB). Suas falas são minuciosamente medidas, mas nem sempre sua opinião é verbalizada. O silêncio pode ser ensurdecedor.

Do mal. O dólar alto vai ficar mais alto. Significa inflação, ajuda a desentocar o bicho que hibernava. Uma das causas da inflação é o excesso de moeda no mercado, a expansão da base monetária, ainda mais com a dinheirama que o governo vem despejando para o combate do vírus. Quem sai da hibernação sai com muita fome.

Nada menos que 93% dos consumidores estão fazendo seu próprio alimento em casa. Isso causa enorme impacto no mercado food service, de R$ 400 bilhões por ano. O levantamento foi feito pela Galunion/Instituto Qualibest nas classes A, B e C em grandes cidades com quarentena.

De acordo com o trabalho, pela primeira vez, o consumidor está mais preocupado com higiene e limpeza do que com sabor e preço. Ora, a julgar pelo levantamento, isso é uma revolução. Provavelmente volte ao normal, ou quase, depois que o coronavírus se acalmar por aqui.

O presidente da Câmara Municipal de São Borja, Marcelo Lago Robalo (PSB), recebeu o seu colega vereador Junior (PDT) para discutir a situação das estradas do Interior e outras necessidades do meio rural. E daí, qual a relevância disso, perguntará o leitor. Muita coisa. A vida parlamentar continua, apesar do vírus. Bom sinal esse que vem de São Borja.