Samba no violino

Ser dono de carro é padecer no inferno. Quem foi pagar o IPVA, nesta quinta-feira, ouviu dos atendentes que o DPVAT ainda não chegou na rede bancária e que não há previsão de chegada do documento. Ou seja, duas visitas obrigatórias ao banco.

É que nós contribuintes somos. Alguém já incluiu na carga tributária as diversas taxas que se deve pagar em praticamente todas as operações que envolvam serviços públicos? E o retorno, ó...

Um dos piores problemas de Porto Alegre é a falta de numeração nítida nos prédios residenciais e comerciais. Mesmo nos novos, parece que esqueceram desse detalhe. Como a maioria das casas tem cerca, só uma águia é capaz de decifrar os números, quando existem. À noite, então, só com aqueles óculos de visão noturna. O pior é que a prefeitura não intima os proprietários por falta de vontade política.

A maioria dos estacionamentos cobertos e especificamente dos shoppings não foi pensada para abrigar as caminhonetas com caçamba. Como é moda ter uma, é comum ver o/a motorista fazer esforços desmesurados para entrar ou sair da vaga. Apesar da direção hidráulica ou elétrica.

Nunca compre briga com alguém que você não conheça. Na segunda metade dos anos 1960, década em que os bar-chopes reinavam soberanos, um advogado sempre descrito como uma boa pessoa desde que não bebesse vivia aprontando. Sobraçava uma maleta executiva chamada de 007 na época. Saía do escritório e ia direto para o bar nonstop. Acima de quatro ou cinco doses, percorria os bares à procura de bebida e de bronca, não necessariamente nessa ordem.

Uma dessas estações era uma confeitaria, mistura de bar, na 24 de Outubro ao lado do então Cine Coral. Certa noite ele foi lá, bebeu durante 20 minutos, fez provocações diversas aos clientes durante 10 e apanhou por dois. Foi arremessado para o meio da avenida, de onde jurou vingança porque era faixa preta, e não usou essa condição para não ferir os desafetos. Mas agora, tudo mudaria. Foi para casa, vestiu um imaculado e resplandecente quimono branco, e voltou ao bar. Apanhou de novo.

Mais ou menos por essa casa houve uma onda de assaltos a bar-chopes. Era o progresso chegando. Foram poucos casos, na realidade, e um deles aconteceu no bar Escandinávia, na Bordini. Limparam o caixa e boa parte dos fregueses. Entre os que escaparam do arrastão estava um delegado de Polícia, que costumava dar plantões em espaços voltados à esbórnia. A partir dessa data, o homem da lei passou a andar sempre com uma grossa Bíblia, que colocava cuidadosamente na mesa dos bares que frequentava. Proteção divina, diziam.

Não era propriamente a Bíblia que servia de proteção. Entre as páginas cuidadosamente recortadas, o homem da lei escondia uma pequena e mortal pistola Beretta.

Os homens e as mulheres de Santa Catarina são os mais longevos do Brasil. Dados do IBGE analisados pelo site Revolução Prateada apontam uma expectativa de vida de 83 anos para as mulheres e 80 anos para os homens, o que os aproxima do patamar do Japão. O fator genérico é uma das explicações. A média brasileira é de 76 anos.

Na tarde do dia, um rapaz chega na mesa de uma cafeteria do Moinhos de Vento e pede dinheiro a dois amigos. Um deles abre a carteira - uma temeridade - e tira R$ 2,00. Aborrecido, o rapaz pede R$ 10,00. Como não levou, ficou resmungando, bravo como só ele.