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Cinema

- Publicada em 06 de Maio de 2022 às 03:00

O velho e o novo

Hélio Nascimento
Lançado em abril de 1952 nos Estados Unidos, Cantando na chuva, dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly, chegou ao Brasil em outubro do mesmo ano, quando foi exibido em Rio e São Paulo. Em Porto Alegre ele foi lançado no dia 1º de janeiro de 1953 nos cinemas Avenida e Colombo, que na época eram os cinemas que exibiam os filmes da Metro. Naquela época, a empresa possuía salas exibidoras em várias cidades de diversos países. Aqui, a partir de abril de 1952, ela, por contrato, transformou aqueles dois cinemas em Cines-Metro, lançando seus filmes e também exibindo clássicos como E o vento levou, assinado por Victor Fleming, O retrato de Dorian Gray, de Albert Lewin, Os três mosqueteiros, de George Sidney, no qual Kelly interpretava de forma magistral o papel de D'Artagnan, além de outros.
Lançado em abril de 1952 nos Estados Unidos, Cantando na chuva, dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly, chegou ao Brasil em outubro do mesmo ano, quando foi exibido em Rio e São Paulo. Em Porto Alegre ele foi lançado no dia 1º de janeiro de 1953 nos cinemas Avenida e Colombo, que na época eram os cinemas que exibiam os filmes da Metro. Naquela época, a empresa possuía salas exibidoras em várias cidades de diversos países. Aqui, a partir de abril de 1952, ela, por contrato, transformou aqueles dois cinemas em Cines-Metro, lançando seus filmes e também exibindo clássicos como E o vento levou, assinado por Victor Fleming, O retrato de Dorian Gray, de Albert Lewin, Os três mosqueteiros, de George Sidney, no qual Kelly interpretava de forma magistral o papel de D'Artagnan, além de outros.
Cantando na chuva, que foi produzido por Arthur Freed, com inteira justiça é sempre colocado entre os grandes títulos do gênero musical e do cinema, ainda que tenha um problema com o balé principal, no qual Kelly, como coreógrafo, não mostra a mesma inspiração de sua criação em Sinfonia de Paris, de Vincente Minnelli, além de tal trabalho nada acrescentar a temática do filme. Mesmo assim, o filme tem enfrentado com brilho a passagem do tempo e não perde o seu fascínio por diversos motivos. Muitas passagens são admiráveis e parecem sempre novas a cada nova visão, principalmente o número mais famoso do gênero, quando o protagonista sob um aguaceiro extravasa sua alegria, volta à infância saltando como uma criança nas poças d'água, além de desafiar a ordem, simbolizada por um policial, no epílogo do número, algo que muitos viram como uma resposta ao macarthismo, enquanto o cidadão comum segue um trajeto oposto. E também é impossível esquecer a aula de fonética, a declaração de amor num estúdio vazio, a primeira exibição de um filme falado, a revelação de quem é a verdadeira cantora.
Cantando na chuva, que foi escrito por Betty Conden e Adolph Green, desenvolvia o tema do encontro do velho e o novo, um conflito quem sempre resulta numa realidade diferente, num processo eterno de renovação. Ambientado no final da década de 20 do século passado, o filme descrevia a chegada do cinema sonoro. Era o novo transformando uma realidade e apontando para o futuro. Alguns não acreditaram na inovação, entre eles o grande Chaplin, mas não havia como interromper o processo. Muitos foram prejudicados, principalmente aqueles sem voz adequada e incapazes de interpretar sem os exageros da artificialidade e os excessos da mímica. Em Cantando na chuva era uma estrela de voz ridícula. Em Dowton Abbey II é novamente uma outra atriz transformada em ídolo que enfrenta o mesmo problema. Ela tem voz inapropriada e só poderá continuar no cinema se for dublada por outra pessoa. O filme que agora está sendo exibido é baseado numa série de televisão. O criador da mesma, Julian Fellowes, foi o roteirista de Robert Altman em Assassinato em Gosford Park, filme que serviu de modelo para a série que depois do sucesso já deu origem a dois filmes. O filme atual tem a direção assinada por Simon Curtis. Esta nova visita ao castelo onde vive a família que já recebeu até mesmo os soberanos do Reino Unido, mostra um mundo, comandado por rituais severamente obedecidos, invadido por uma produção cinematográfico que a ele tem acesso depois de uma generosa proposta financeira.
Ao escrever o roteiro, Fellowes certamente pensou no clássico musical e de certa forma presta a ele uma homenagem. Uma comparação entre os dois permite explicitar a distância entre um clássico e um pálida tentativa de aproximação. O filme dirigido por Curtis tem alguns méritos, sobretudo nos momentos em que a matriarca se assusta com a ordem do diretor do filme dentro do filme para que a cena seja iniciada e com algumas observações de uma velha senhora, então pela primeira vez conhecendo o cinema. Mas é evidente a superficialidade de quase tudo, inclusive pela retomada do clichê da verdadeira paternidade. E se há conflito com a chegada do sonoro, ele não existe numa sociedade que permanece sólida e harmônica, imune à passagem do tempo. E na qual outros problemas são inexistentes ou resolvidos com poucas palavras.
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