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Cinema

- Publicada em 17 de Dezembro de 2021 às 03:00

Vida entre escombros

Hélio Nascimento
Quando West side story teve suas primeiras apresentações na Broadway, em 1957, o teatro musical americano foi marcado por um movimento revolucionário. O gênero, descendente da ópera, do singspiel alemão e da opéra-comique francesa, expressou seu direito de se manifestar de forma dramática e a mais realista possível. O resultado foi um sucesso, primeiro dentro dos Estados Unidos e depois em vários países. A peça, inspirada em Romeu e Julieta, foi escrita por Arthur Laurents e Stephen Sondheim, o segundo autor das letras das canções, e continha dois grandes trunfos para se constituir realmente em um espetáculo admirável: a coreografia de Jerome Robbins e a música de Leonard Bernstein, regente da Filarmônica de Nova York e que mais tarde, à frente da Filarmônica de Viena, iria gravar integralmente as sinfonias de Gustav Mahler. Quatro anos mais tarde, como era comum acontecer com várias peças musicais, West side story foi adaptado ao cinema por Ernest Lehman, o roteirista de Intriga internacional e Sabrina. Sobre tal roteiro Robert Wise, que dividiu a direção com Jerome Robbins, ambos premiados pela Academia de Hollywood, dirigiu o filme e mesmo abrindo espaço para Robbins, deixou sua marca, algo evidente para quem conhece obras notáveis como Punhos de campeão e Marcado pela sarjeta. O conflito entre os dois diretores, devido ao fato de Wise, também um dos produtores, perceber que o perfeccionista Robbins estava ultrapassando os prazos definidos para as filmagens, não prejudicou o resultado final, embora na premiação da Academia era evidente o constrangimento de ambos ao receberem a estatueta. Steven Spielberg, filho de uma pianista, ouviu o disco com as canções, o que foi o começo de uma admiração que até hoje perdura pelo espetáculo e talvez pelo filme, um indiscutível clássico do gênero.
Quando West side story teve suas primeiras apresentações na Broadway, em 1957, o teatro musical americano foi marcado por um movimento revolucionário. O gênero, descendente da ópera, do singspiel alemão e da opéra-comique francesa, expressou seu direito de se manifestar de forma dramática e a mais realista possível. O resultado foi um sucesso, primeiro dentro dos Estados Unidos e depois em vários países. A peça, inspirada em Romeu e Julieta, foi escrita por Arthur Laurents e Stephen Sondheim, o segundo autor das letras das canções, e continha dois grandes trunfos para se constituir realmente em um espetáculo admirável: a coreografia de Jerome Robbins e a música de Leonard Bernstein, regente da Filarmônica de Nova York e que mais tarde, à frente da Filarmônica de Viena, iria gravar integralmente as sinfonias de Gustav Mahler. Quatro anos mais tarde, como era comum acontecer com várias peças musicais, West side story foi adaptado ao cinema por Ernest Lehman, o roteirista de Intriga internacional e Sabrina. Sobre tal roteiro Robert Wise, que dividiu a direção com Jerome Robbins, ambos premiados pela Academia de Hollywood, dirigiu o filme e mesmo abrindo espaço para Robbins, deixou sua marca, algo evidente para quem conhece obras notáveis como Punhos de campeão e Marcado pela sarjeta. O conflito entre os dois diretores, devido ao fato de Wise, também um dos produtores, perceber que o perfeccionista Robbins estava ultrapassando os prazos definidos para as filmagens, não prejudicou o resultado final, embora na premiação da Academia era evidente o constrangimento de ambos ao receberem a estatueta. Steven Spielberg, filho de uma pianista, ouviu o disco com as canções, o que foi o começo de uma admiração que até hoje perdura pelo espetáculo e talvez pelo filme, um indiscutível clássico do gênero.
Assim como no palco, e mesmo com os méritos de Wise presentes em quase todo o relato, a coreografia de Robbins era o que havia de mais significativo. Vigorosa, eloquente e capaz de expressar o que de mais importante o drama dos protagonistas revelava, principalmente na extraordinária cena da garagem, quando o trabalho do coreógrafo sintetiza o esforço humano para reprimir a agressividade, tal trabalho também utilizava o humor, sem nunca se afastar da temática principal do relato. O filme de Spielberg vale mais como homenagem do que propriamente como uma revisão. Algumas adaptações aos tempos atuais são evidentes, mas são poucas, o que de certa forma confirma que 64 anos não foram capazes de alterar de maneira significativa a realidade. Provavelmente o cineasta, mantendo a ação nos anos 1950, procurou ressaltar esse aspecto. Mas de forma bem clara substitui os planos iniciais do filme original por imagens de ruínas. A abertura pode falar da decadência de um mundo, cujos habitantes movidos pelo ódio, o extremismo e a xenofobia serão mostrados a seguir. No final, ressurge a esperança e há o sinal de uma reconciliação, mas o que prevalece são os signos de um cortejo fúnebre.
Spielberg realizou um sonho, além de fazer uma estreia apreciável num musical. E se presta uma homenagem merecida a Rita Moreno, agora também produtora-executiva e que aparece no elenco em papel relevante, não conta com figuras equivalentes as de George Chakiris e Russ Tamblyn e mesmo Elliot Feld, que anos depois criaria uma companhia de dança das mais importantes da América, um dos grupos artísticos que em 1976 foram escolhidos pelo Departamento de Estado para excursionar por vários países em comemoração do segundo centenário da independência. Feld esteve em Porto Alegre para uma apresentação que casou grande impacto entre os especialistas. Outra curiosidade: as orquestras que interpretam a música no filme de Spielberg, as filarmônicas de Los Angeles e Nova York são regidas pelo maestro venezuelano Gustavo Dudamel, a grande revelação, do projeto chamado O Sistema, criado em 1975 pelo economista José Antonio Abreu. E mais uma: Robert Wise realizaria depois outro musical, igualmente premiado, The Sound of music (A noviça rebelde), que em 2012 foi colocado entre os dez maiores filmes da história pelo filósofo esloveno Slavoj Zizek, marxista e freudiano, na enquete realizada pela revista londrina Sight & Sound.
 
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