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Cinema

- Publicada em 27 de Agosto de 2021 às 03:00

Cenas

Hélio Nascimento
O austríaco Christoph Waltz não iniciou sua carreira, é claro, no filme Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. Mas foi com aquele relato, que colocou na tela um final alternativo para a Segunda Guerra Mundial, que ele se tornou famoso em todo o mundo. Como era esperado ganhou o Oscar de ator coadjuvante e repetiu a premiação com o trabalho seguinte com o mesmo cineasta, Django livre. Os dois filmes foram realizados, respectivamente, em 2009 e 2012. Antes, na Europa, ele já havia realizado um filme para a televisão. Em 2019, um pouco antes da pandemia tumultuar a produção, a distribuição e a exibição de filmes em todo o mundo, Waltz realizou como diretor no Estados Unidos Georgetown, interpretado por ele mesmo e por Vanessa Redgrave e Annette Bening. Logo em seguida, no início de 2020, ele voltou à direção com uma versão da ópera Fidélio, de Beethoven, uma produção financiada pela televisão pública da Áustria. Com esta versão daquela obra, estreada em Viena em 1805, Waltz se junta a realizadores como Bergman, Losey, Rosi, Polanski, Eisenstein, Schelesinger, Zeffirelli, Hanneke, Branagh, Carla Camurati e Sofia Coppola que no cinema e no palco se aproximaram de uma forma de arte que é uma das criações do Renascimento. Provavelmente, o filme de Waltz não será exibido no Brasil, país no qual tudo que é mais elaborado e exige atenção especial é chamado de elitista, quando tal termo deveria ser com justiça usado para definir o aparato que procura esconder do público tudo o que exige formação e aprimoramento.
O austríaco Christoph Waltz não iniciou sua carreira, é claro, no filme Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. Mas foi com aquele relato, que colocou na tela um final alternativo para a Segunda Guerra Mundial, que ele se tornou famoso em todo o mundo. Como era esperado ganhou o Oscar de ator coadjuvante e repetiu a premiação com o trabalho seguinte com o mesmo cineasta, Django livre. Os dois filmes foram realizados, respectivamente, em 2009 e 2012. Antes, na Europa, ele já havia realizado um filme para a televisão. Em 2019, um pouco antes da pandemia tumultuar a produção, a distribuição e a exibição de filmes em todo o mundo, Waltz realizou como diretor no Estados Unidos Georgetown, interpretado por ele mesmo e por Vanessa Redgrave e Annette Bening. Logo em seguida, no início de 2020, ele voltou à direção com uma versão da ópera Fidélio, de Beethoven, uma produção financiada pela televisão pública da Áustria. Com esta versão daquela obra, estreada em Viena em 1805, Waltz se junta a realizadores como Bergman, Losey, Rosi, Polanski, Eisenstein, Schelesinger, Zeffirelli, Hanneke, Branagh, Carla Camurati e Sofia Coppola que no cinema e no palco se aproximaram de uma forma de arte que é uma das criações do Renascimento. Provavelmente, o filme de Waltz não será exibido no Brasil, país no qual tudo que é mais elaborado e exige atenção especial é chamado de elitista, quando tal termo deveria ser com justiça usado para definir o aparato que procura esconder do público tudo o que exige formação e aprimoramento.
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Sofia Coppola é mais uma realizadora a se aproximar de outra arte. No ano passado, em colaboração com o coreógrafo Justin Peck, ela conclui o filme New York Citty Ballet, outro que provavelmente nunca será exibido por aqui. Peck é o responsável pela retomada da coreografia de Jerome Robbins na versão de Steven Spielberg de West side story. Antes, em 2017, a cineasta havia realizado uma versão de La Traviata, ópera de Verdi que já havia sido levada ao cinema, em 1982, por Zeffirelli. As aproximações do cinema com a dança são muitas e algumas delas se transformaram em obras-primas cinematográficas, assinadas por diretores como, Jean Renoir, Vincente Minnelli, Stanley Donen, Bob Fosse e mesmo John Huston no prólogo de um de seus melhores filmes: Moulin rouge. Esta segunda incursão de Coppola por outro universo artístico decorreu não apenas de seu amor pela dança, mas, segundo suas próprias palavras, pelo interesse de captar com mais profundidade as sugestões do movimento de seres humanos.
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Numa época em que tanto se combate preconceitos e comportamentos que evidenciam atraso e ignorância faz falta um filme como Antonia, uma sinfonia, da diretora holandesa Maria Peters, tendo Christiane de Brujn no papel principal. O filme reconstitui a trajetória da maestrina Antonia Brico, que nasceu em Roterdã em 1902 e morreu em Denver em 1989. Em entrevista ao crítico musical do jornal O Estado de São Paulo, João Luiz Sampaio, a realizadora diz que tomou diversas liberdades para tornar os acontecimentos narrados dotados de maior nitidez e de forma a realçar a essência do que é visto na tela. O filme procura dar ênfase, ainda segundo palavras da cineasta, às dificuldades de uma mulher em conduzir um conjunto de cerca de 90 homens, numa época distante da atual, no qual barreiras já foram extintas e na qual são muitas as mulheres à frente de orquestras sinfônicas. Antonia Brico dirigiu entre outras a Filarmônica de Berlim e a Filarmônica de Nova York. O filme andou circulando no streaming, mas com escassa divulgação, o que de certa forma retrata a forma como certo tipo, de cinema tem sido recebido aqui, ao contrário do entusiasmo com que são acolhidas as fantasias hollywoodianas. Algumas dessas fantasias até merecem atenção e não há nenhum preconceito em lamentar tal domínio. O relevante é demonstrar inconformidade com o desinteresse diante de propostas mais significativas, se o objetivo é evitar a predominância do retrocesso e da desinformação.
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