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Cinema

- Publicada em 12 de Agosto de 2021 às 21:45

Eastwood, Spielberg e Polanski

Hélio Nascimento
Aos 91 anos, Clint Eastwood prepara o lançamento de seu novo filme, Cry macho, que no Brasil terá o subtítulo de O caminho para a redenção. O trailer, que já está sendo exibindo em diversas plataformas, é bastante sugestivo e prometedor. Ao que tudo indica, o cineasta volta a abordar certos temas já desenvolvidos em um de seus melhores trabalhos, Gran Torino, principalmente aqueles relacionados ao encontro de gerações e costumes diferentes, e também o das descobertas fundamentais. E ao relatar uma missão a ser cumprida por um veterano afastado, o novo filme retoma o tema central da obra-prima Os imperdoáveis. O novo filme deverá ser lançado no Brasil no mês de outubro. São muitos os filmes notáveis feitos por Eastwood, um cineasta que se tem mantido fiel à fórmula indispensável ao cinema, aquela que elege o personagem e acima de tudo a realidade cênica como elementos essenciais. Numa época em que grandes espaços são dedicados ao escapismo e às facilidades, o diretor de Menina de ouro permanece fiel a uma proposta que também é uma forma de resistência e igualmente um estímulo aos que, de uma ou outra forma ligados ao cinema, acreditam que a mediocridade não será vitoriosa. Os tempos são difíceis, e não apenas por causa da pandemia, mas é possível acreditar que o cinema sobreviverá a esta fase sombria.
Aos 91 anos, Clint Eastwood prepara o lançamento de seu novo filme, Cry macho, que no Brasil terá o subtítulo de O caminho para a redenção. O trailer, que já está sendo exibindo em diversas plataformas, é bastante sugestivo e prometedor. Ao que tudo indica, o cineasta volta a abordar certos temas já desenvolvidos em um de seus melhores trabalhos, Gran Torino, principalmente aqueles relacionados ao encontro de gerações e costumes diferentes, e também o das descobertas fundamentais. E ao relatar uma missão a ser cumprida por um veterano afastado, o novo filme retoma o tema central da obra-prima Os imperdoáveis. O novo filme deverá ser lançado no Brasil no mês de outubro. São muitos os filmes notáveis feitos por Eastwood, um cineasta que se tem mantido fiel à fórmula indispensável ao cinema, aquela que elege o personagem e acima de tudo a realidade cênica como elementos essenciais. Numa época em que grandes espaços são dedicados ao escapismo e às facilidades, o diretor de Menina de ouro permanece fiel a uma proposta que também é uma forma de resistência e igualmente um estímulo aos que, de uma ou outra forma ligados ao cinema, acreditam que a mediocridade não será vitoriosa. Os tempos são difíceis, e não apenas por causa da pandemia, mas é possível acreditar que o cinema sobreviverá a esta fase sombria.
Outro filme que está sendo aguardado e que provavelmente marcará um capítulo importante nesta retomada do espetáculo cinematográfico é a nova versão de West side story, originalmente dirigido por Robert Wise e Jerome Robbins. Esta ousadia de Spielberg já tem seu trailer amplamente divulgado. As imagens que são conhecidas prometem bastante, pois o cineasta parece ter atualizado certas propostas e certamente acrescentado à trama, inspirada em Romeu e Julieta, elementos que fazem referência a acontecimentos recentes, sobretudo aos relacionados à imigração. Mas certamente terá sido difícil substituir intérpretes como George Chakiris e Rita Moreno, esta uma das produtoras da nova versão. Outro elemento dificilmente substituível é a coreografia de Jerome Robbins, de energia e eloquência raras, seja ao satirizar o paraíso americano, seja ao mostrar as tentativas humanas de controlar a agressividade. A música do grande Leonard Bernstein, o maestro que contribuiu decisivamente, com a integral das sinfonias de Gustav Mahler à frente da Filarmônica de Viena, para um maior conhecimento da obra daquele autor, permanece integral e como fator decisivo para que o novo filme de Spielberg seja outro título importante na filmografia do cineasta, que aos 74 anos não parece disposto a parar, sendo, portanto, um dos resistentes a serem prestigiados.
Lançado em Porto Alegre em março do ano passado, O oficial e o espião (J'accuse), de Roman Polanski, teve suas exibições prejudicadas pelo fechamento, naquele mês, das salas. Suas exibições foram assim interrompidas. Esperava-se que com a reabertura, mesmo com as limitações conhecidas, o filme voltasse a ser exibido. Tal, no entanto, não aconteceu. Ele permanece, assim desconhecido pela maior parte do público, pois mesmo nas telas domésticas, substitutas de alguma importância no atual período, ele não foi exibido. Polanski, atualmente com 87 anos, é mais um resistente. Seu filme, que reconstitui a luta do coronel Picquart para provar a inocência do capitão Dreyfus, naquele processo que dividiu a França e no qual Emile Zola teve participação decisiva, é um dos grandes filmes do diretor, a que o cinema deve outros filmes valiosos, como Chinatown e O pianista. Deste último, uma obra-prima, J'accuse herda o tema da dignidade e da valorização do humano. A obra extraordinária merecia uma nova oportunidade, pois se trata de um filme de comovente dignidade e intransigente na defesa da coragem diante de forças aparentemente poderosas e invencíveis. Seria, sem dúvida, valioso se alguma sala voltasse a exibir esta obra admirável, uma das melhores dos últimos anos, que assim poderia ser conhecida por um público mais amplo.
 
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