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Cinema

- Publicada em 11 de Outubro de 2018 às 01:00

O condenado

Hélio Nascimento
O tema do homem prisioneiro, no cinema, lutando por sua liberdade é inesgotável. Na essência, tal constatação se espalha por todas as formas de arte. Nenhum modelo a ser desenvolvido tem limitações. Por vezes, a mediocridade não é escondida por artifícios que procuram ocultar a repetição. Porém é imperioso constatar que, por mais inovadoras que sejam as obras produzidas, elas sempre possuem a mesma base. John Ford, por exemplo, na totalidade de seus filmes, nunca abandonou o tema central da Odisseia, submetido às mais diversas variações. E, por isso, o cineasta era chamado de o Homero das pradarias. Sempre olhando para Lumière e Méliès, o cinema se apoiou, desde o início até hoje, ora no cotidiano, ora na fantasia. A refilmagem é a consequência natural de tal processo, uma espécie de radicalização do ritual voltado para a descoberta do novo em imagens consagradas pelo tempo. Para o cinema, a prisão é o símbolo mais poderoso da opressão. Não se trata de uma ação ditada pela ingenuidade destinada a atenuar a contravenção. Mas o castigo, mesmo que merecido, costuma dar origem a impulsos destinados a ser uma resposta ao confinamento. Para muitos cineastas esse conflito se transformou no símbolo da luta entre o ser humano e as limitações impostas pelas diversas formas criadas pela civilização para impor suas leis disciplinadoras.
O tema do homem prisioneiro, no cinema, lutando por sua liberdade é inesgotável. Na essência, tal constatação se espalha por todas as formas de arte. Nenhum modelo a ser desenvolvido tem limitações. Por vezes, a mediocridade não é escondida por artifícios que procuram ocultar a repetição. Porém é imperioso constatar que, por mais inovadoras que sejam as obras produzidas, elas sempre possuem a mesma base. John Ford, por exemplo, na totalidade de seus filmes, nunca abandonou o tema central da Odisseia, submetido às mais diversas variações. E, por isso, o cineasta era chamado de o Homero das pradarias. Sempre olhando para Lumière e Méliès, o cinema se apoiou, desde o início até hoje, ora no cotidiano, ora na fantasia. A refilmagem é a consequência natural de tal processo, uma espécie de radicalização do ritual voltado para a descoberta do novo em imagens consagradas pelo tempo. Para o cinema, a prisão é o símbolo mais poderoso da opressão. Não se trata de uma ação ditada pela ingenuidade destinada a atenuar a contravenção. Mas o castigo, mesmo que merecido, costuma dar origem a impulsos destinados a ser uma resposta ao confinamento. Para muitos cineastas esse conflito se transformou no símbolo da luta entre o ser humano e as limitações impostas pelas diversas formas criadas pela civilização para impor suas leis disciplinadoras.
Provavelmente, o maior de todos os filmes sobre a luta de prisioneiros por sua liberdade é A grande ilusão, de Jean Renoir, até porque é uma obra que permite um olhar sobre as causas dos maiores conflitos do século passado. Mas há outros filmes, cujos admiradores certamente não concordarão com tal elogio. Um deles é Um condenado à morte escapou, de Robert Bresson, cujo personagem principal, ao tocar o solo da liberdade, é saudado por uma missa de Mozart. O mesmo compositor, agora por intermédio de As bodas de Fígaro, é utilizado por Frank Darabont numa comovente e antológica cena em Um sonho de liberdade, quando, com a cumplicidade do ator Morgan Freeman, se concretiza na tela a imagem de um universo tocado pela perfeição. E não serão esquecidas obras como Fugindo do inferno, de John Sturgess, com a memorável sequência da motocicleta dirigida por Steve McQueen em disparada para longe da repressão. E para sempre integrarão a lista de obras marcantes sobre o tema títulos como A um passo da liberdade, de Jacques Becker; e Fuga de Alcatraz, um dos encontros entre o diretor Don Siegel e o futuro cineasta Clint Eastwood.
Papillon, que Franklin Schaffner realizou em 1973, é outro filme que integra o grupo dos maiores sobre as tentativas de personagens dispostos a não permanecer para sempre em espaço limitado e submetidos ao sadismo de carcereiros. O cineasta é o mesmo de O planeta dos macacos e Patton, este realizado a partir de roteiro escrito por Francis Ford Coppola. A refilmagem agora em cartaz é assinada pelo dinamarquês Michael Noer e tem por base o mesmo roteiro do anterior, escrito por Lorenzo Sempre Jr. e por Dalton Trumbo, este o grande roteirista de A princesa e o plebeu, e que, durante muito tempo, teve de assinar trabalhos com pseudônimos devido às perseguições macarthistas. O novo roteiro, baseado no primeiro, como está registrado nos créditos, é agora assinado por Aron Guzikowski. O filme de Noer talvez não mereça ser igualado ao original, mas é uma narrativa que exibe competência e até mesmo se expressa com admirável precisão na sequência da solitária. E os admiradores de McQueen e Dustin Hoffman terão que concordar que os dois novos intérpretes, Charlie Hunnam e Remi Malek, são excelentes e se equiparam aos dois astros. E o mar, como símbolo da volta à origem, é novamente utilizado de forma precisa. O fato de Henri Charrière ter sido vítima de uma injustiça torna ainda mais contundente o drama narrado. Se no filme de Schaffer as ruínas da prisão eram as imagens derradeiras, algo que transmitia a ideia de que a opressão nunca será eterna, o que temos na nova versão é apenas uma referência verbal acompanhada de imagens de documentários da época. Mas o mar como símbolo de um cenário infinito e sem grades é uma imagem das mais expressivas.
 
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