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Cinema

- Publicada em 05 de Julho de 2018 às 22:13

A fronteira

Terrorismo e crises migratórias, temas que nos últimos tempos dominam o noticiário internacional, integram o ponto de partida de Sicário: dia do soldado, filme dirigido por Stefano Sollima, cineasta em início de carreira e agora assinando um trabalho que recoloca em cena personagens de Sicário: terra de ninguém, este realizado por Dennis Villeneuve, um realizador que já tem lugar entre os melhores da atualidade. Sollima, mesmo não conseguindo repetir os méritos do primeiro filme, oferece ao espectador uma obra que, mesclando recursos do chamado filme de ação com as reflexões que costumam ser feitas por um cinema sintonizados a dramas contemporâneos, cumpre a missão de manter a atenção da primeira à última cena. Esta mescla de gêneros não deixa de ser um exemplo de como é possível realizar um filme que reúna elementos de filmes abertos a qualquer público com os objetivos de transformar a tela num quadro onde se façam presentes os sinais mais reveladores de uma época tumultuada por crises que ainda não foram contidas ou resolvidas. É enorme a lista de filmes que, no passado, se constituíram em substancial ajuda ao empenho dos interessados em entender o seu tempo. Basta citar a ousadia alguns filmes realizados no Leste europeu, que anteciparam o processo iniciado pela derrubada do Muro de Berlim, entre eles um clássico como Cinzas e diamantes. E são inúmeros, no Ocidente, aqueles que fazendo bom uso da liberdade de expressão não esconderam as complexidades e mesmo os aspectos negativos de suas sociedades. Nem sempre as exigências de produtores desinteressados em críticas conseguiram impedir que elas se manifestassem. Se fosse o contrário, o cinema não teria a importância de ser um dos instrumentos mais valiosos para a compreensão de uma época.
Terrorismo e crises migratórias, temas que nos últimos tempos dominam o noticiário internacional, integram o ponto de partida de Sicário: dia do soldado, filme dirigido por Stefano Sollima, cineasta em início de carreira e agora assinando um trabalho que recoloca em cena personagens de Sicário: terra de ninguém, este realizado por Dennis Villeneuve, um realizador que já tem lugar entre os melhores da atualidade. Sollima, mesmo não conseguindo repetir os méritos do primeiro filme, oferece ao espectador uma obra que, mesclando recursos do chamado filme de ação com as reflexões que costumam ser feitas por um cinema sintonizados a dramas contemporâneos, cumpre a missão de manter a atenção da primeira à última cena. Esta mescla de gêneros não deixa de ser um exemplo de como é possível realizar um filme que reúna elementos de filmes abertos a qualquer público com os objetivos de transformar a tela num quadro onde se façam presentes os sinais mais reveladores de uma época tumultuada por crises que ainda não foram contidas ou resolvidas. É enorme a lista de filmes que, no passado, se constituíram em substancial ajuda ao empenho dos interessados em entender o seu tempo. Basta citar a ousadia alguns filmes realizados no Leste europeu, que anteciparam o processo iniciado pela derrubada do Muro de Berlim, entre eles um clássico como Cinzas e diamantes. E são inúmeros, no Ocidente, aqueles que fazendo bom uso da liberdade de expressão não esconderam as complexidades e mesmo os aspectos negativos de suas sociedades. Nem sempre as exigências de produtores desinteressados em críticas conseguiram impedir que elas se manifestassem. Se fosse o contrário, o cinema não teria a importância de ser um dos instrumentos mais valiosos para a compreensão de uma época.
O filme de Sollima começa com uma série de atentados praticados por terroristas infiltrados entre os que procuram em território norte-americano melhores condições de vida. Tudo parece rumar para uma tomada de posição que ajude a justificar certas atitudes muito criticadas pela atual administração americana. O filme, no entanto, percorre caminhos bem diferentes do discurso oficial ao colocar em cena aquela zona de sombra geralmente não percebida pelos panfletários, eles próprios integrantes daqueles grupos que só contribuem para que seja maior a violência ao utilizar superficialidades e ver em conclusões precipitadas visões definitivas. O novo Sicário desenvolve três linhas paralelas: a ação de um agente da CIA e do próprio governo americano, a oportunidade de vingança de um mexicano que tem contas a acertar com um dos cartéis, e o caminho percorrido por um jovem atraído pelas oportunidades oferecidas pelos poderes ilegais que agem na fronteira. E no relacionamento entre o personagem de Benicio Del Toro e a menina sequestrada fica bem evidente uma tentativa de preenchimento de um vazio criado pela violência antes praticada. Os sinais de um humanismo sufocado pela brutalidade são habilmente colocados em cena, sem exageros e recursos demagógico, manifestações contidas e mesmo assim reveladoras de desejos que a realidade irá reprimir, algo expresso claramente no epílogo.
Outro mérito do filme é sua faixa sonora, uma lição aos medíocres que só sabem utilizá-la de forma exagerada e desprovida de significado. Um fato a ser destacado é que o filme é dedicado ao compositor islandês Jóhann Jóhannsson, falecido este ano, que escreveu a música para o primeiro Sicário. A música do filme atual é composta pela também islandesa Hilduir Guanadóttir, uma violoncelista que certamente seguiu as sugestões do trabalho anterior, realizando algo parecido e contribuindo de forma significativa para a atmosfera de tensão que domina toda a narrativa. A música de Guanadóttir evidencia como tal elemento é importante na realização de um filme, ao contribuir de maneira decisiva para que o ritmo se mantenha e a expectativa permaneça como algo obsessivo em todas as imagens, mérito do trabalho anterior, mantido agora e homenageado pela dedicatória colocada logo após o final.
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