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- Publicada em 24 de Outubro de 2018 às 22:53

Missão e migração

Dom Adilson Pedro Busin, cs., bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre
Dom Adilson Pedro Busin, cs., bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre
Outubro nos fez recordar uma dimensão essencial do cristão que é ser missionário. A Igreja é missionária. Mulheres e homens que em nome do Senhor e por Ele sentindo-se chamados, deixam tudo para anunciá-Lo ao mundo. Muitos expõem sua vida na perseguição ou vivem um verdadeiro despojamento para abraçar outros povos e culturas. "Bem-aventurados os pés dos mensageiros da paz".
No evangelho do domingo (dia 28) está a passagem do cego Bartimeu que suplica ao Senhor: "Mestre, que eu veja". Disse-lhe Jesus: "Vai a tua fé te curou!" Ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho" (Jo 10, 52). Há três atitudes fundamentais para quem quer viver uma verdadeira fé em Jesus Cristo: Querer! Buscar! E ser seguidor! O cristão não pode supor que já vê tudo. Tampouco resignar-se ou deixar-se dissuadir por aqueles que não querem que você veja, como a multidão tentou com Bartimeu. É preciso querer ver e buscar o Senhor. O cristão, uma vez que encontrou Jesus, põe-se a segui-lo. Diz o evangelho: "seguia Jesus pelo caminho". Há muitos que uma vez recebida uma graça ou, por ter longos anos na Igreja, acham-se no direito de "mandar no Senhor". O bom cristão é quem se coloca no caminho e segue o Mestre. É preciso cuidado para não inverter os papéis. Há muitos que não vendo, se fazem de guias e usam Deus para manter as trevas sobre si e sobre os demais. Na fé, somos todos aprendizes dEle. A humildade de Bartimeu nos coloca na busca contínua da luz. Discípulos no caminho.
O discipulado traz intrinsecamente a missão. Os discípulos anunciaram o Senhor. Neste mês acontece em Roma o Sínodo da Juventude. O Papa Francisco quer uma igreja que escute e favoreça os jovens como protagonistas da evangelização. Eles são portadores da esperança e mensageiros da fé em nosso tempo. Os jovens são também eles missionários, nas diversas realidades em que se encontram. Os jovens esperam que a Igreja aponte caminhos. Mas eles também apontam para onde a Igreja deve caminhar.
Igreja discípula está em caminho e em missão. Uma realidade particular do campo de missão dos jovens, é o mundo da migração. Estive até poucos dias na Austrália visitando as comunidades de língua portuguesa e os hispano-americanos. Há milhares de jovens neste país. Talvez você que agora lê este artigo diga: "Eu também tenho parentes por lá". Não seria novidade. São muitos. Foram como migrantes a trabalho ou para estudar. Eles são a Igreja de migrantes jovens. Dão novo impulso àquela Igreja. São leigos e leigas missionários. Vão como migrantes, mas carregam na bagagem a fé. Continuam a seguir o Senhor que encontram aqui no Brasil ou nas Américas. Assim como Bartimeu, "seguem Jesus pelo caminho". A migração que em si é uma busca de dias melhores e um futuro menos doloroso, pode trazer muitas dificuldades resumidas na palavra "saudade". Há dor na migração. Mas na dor se mistura a fé que muitos a partilham formando comunidades como tenho encontrado. Os migrantes, jovens na sua maioria, se tornam então missionários. Não partiram enviados por alguém, mas o desejo de ver e seguir Jesus os torna, pelo batismo, mensageiros do evangelho. Quem bom. A migração se torna para muitos uma oportunidade de viverem e testemunharem sua fé.
Que Deus derrame luz sobre nosso Brasil neste momento. Que seja garantido o Estado democrático de direito. Que a justiça e a paz se aliem ao bem do trabalho e do pão para todos. No manto de N. Sra. Aparecida, Deus abençoe nosso Brasil.
 
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