Pátria amada

A Semana da Pátria é ocasião propícia para revigorar o espírito cívico. A "pátria amada" necessita que seus filhos e filhas resgatem o amor e o respeito pelos valores que constituem a Nação.

A crise política e econômica que vivemos tem raízes também numa crise ética e antropológica. Tal situação pode favorecer o surgimento de oportunismos que não respondem aos reais desafios.

Há quem diga que as instituições estão preservadas e que há maturidade democrática. No entanto, o povo sofre as consequências do descaso com a realidade sociopolítica-econômica da Nação. A indiferença de parte da classe política, de expressões do Judiciário, de parte do empresariado e também da população em geral é algo preocupante. A corrupção, uma educação deficitária, a falta de perspectivas de trabalho, a drogadição, o alcoolismo, a prostituição, as gangues juvenis fazem parte do cenário de violência que marca o cotidiano de muitas comunidades. Há jovens universitários que não têm o que comer! O descaso de setores do poder público com o mínimo necessário para que as pessoas possam viver com segurança e em paz, chegar ao local de trabalho e ter acesso à saúde e à educação com qualidade é algo que preocupa. Os níveis de pobreza e exclusão social crescem.

Assumir o desafio do momento presente exige da Nação discernimento, serenidade, sabedoria e responsabilidade. No centro das decisões, devem estar o bem comum e as necessidades do povo, especialmente dos mais pobres.

A superação da crise passa pelo senso patriótico de todos. Passa pela firme recusa de toda e qualquer forma de corrupção. Passa pelo incremento do desenvolvimento sustentável, e não simplesmente pela lógica do mercado.

O Brasil é a sétima economia do mundo; no entanto, está entre os 10 países com a pior distribuição de renda. Algo está errado; algo precisa ser realizado para transformar essa situação. Precisamos não de bancadas, lobis e conchavos; precisamos de partidos políticos com identidade clara e pessoas que façam da atividade política um caminho de autêntica promoção do bem comum. O Brasil necessita de estadistas.

As instituições têm a missão de tornar acessíveis a todos os bens necessários para uma vida verdadeiramente humana.

O povo brasileiro sofre as consequências de decisões equivocadas daqueles que se esforçam para se manter na condução dos processos. Os desdobramentos dessa situação repercutem em distintas esferas da vida social. Somente com determinação e coragem será possível promover e implantar as reformas política, tributária, agrária, urbana, previdenciária e do Judiciário, das quais o Brasil tanto precisa.

Diante da situação sociopolítica e econômica da nação, qual a missão dos cristãos leigos? "A eles cabe, de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. Contribui, para isso, a participação consciente no processo eleitoral, escolhendo e votando em candidatos honestos e competentes. Associando fé e vida, a cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos."

Nesta Semana da Pátria, somos recordados a respeito de nossa identidade. Somos a nação! Cooperar para deixar a "Terra adorada" um pouco melhor para aqueles que virão depois de nós é missão de todo cidadão de boa vontade.