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JC Logística

- Publicada em 13 de Dezembro de 2021 às 22:01

"A pandemia foi e continua sendo o maior desafio", diz CEO da Fraport Brasil

Andreea Pal, da Fraport, conta que observa um retorno gradual do movimento de passageiros

Andreea Pal, da Fraport, conta que observa um retorno gradual do movimento de passageiros


/LUIZA PRADO/JC
Mathias Boni
Para Andreea Pal, CEO da Fraport Brasil e que administra o Aeroporto de Porto Alegre, a pandemia continua sendo um desafio importante para o setor aéreo mundial. Na entrevista a seguir, a executiva fala do andamento das obras de extensão da pista do Salgado Filho, comenta sobre as ampliações já concluídas na Capital e projeta um 2022 de retomada para os voos domésticos.
Para Andreea Pal, CEO da Fraport Brasil e que administra o Aeroporto de Porto Alegre, a pandemia continua sendo um desafio importante para o setor aéreo mundial. Na entrevista a seguir, a executiva fala do andamento das obras de extensão da pista do Salgado Filho, comenta sobre as ampliações já concluídas na Capital e projeta um 2022 de retomada para os voos domésticos.
Jornal do Comércio - Passados praticamente quatro anos de administração da Fraport no aeroporto de Porto Alegre, qual é o balanço que a empresa faz da gestão nesse período até agora? Quais foram os principais desafios até agora e os avanços alcançados?
Andreea Pal - O principal desafio foi e permanece sendo a pandemia. O impacto da perda de receita em caixa é muito grande e a recuperação por meio do reequilíbrio acontece em um período de seis anos ou mais. Como em 2022/2023 começa a amortização do empréstimo que fizemos com o BNDES, ficamos em uma situação financeira muito apertada. Em segundo lugar na lista dos desafios, com certeza podemos mencionar a desocupação da Vila Nazaré, que foi um processo muito mais demorado do que o esperado. E, para nós, como investidores estrangeiros, um processo difícil de entender e gerenciar. Muitos atores com muitos interesses diferentes mexeram no processo causando atraso e desperdício de recursos. Cabe ressaltar que as medidas do governo federal para apoiar as companhias durante a pandemia foram tomadas de maneira rápida e foram efetivas. O apoio dos governos federal, estadual e municipal durante o período de construção também foi essencial para que pudéssemos alcançar os objetivos.
JC - E os avanços?
Andreea - Assim, podemos concluir que nossa experiência no Brasil nesses primeiros quatro anos foi boa: conseguimos entregar as obras no prazo e no orçamento planejado, oferecendo aos usuários as melhorias por tanto tempo esperadas e, apesar da crise da indústria da aviação causada pela pandemia, a situação financeira da empresa está, por enquanto, estável. Entre as principais entregas estão a reforma e ampliação do Terminal de Passageiros, que de 35.400m2 passou a ter 72.000m2, reforma de taxiways (vias de taxiamento), construção do novo edifício garagem e bolsões de estacionamento, totalizando 4.300 vagas, e adequação do sistema de drenagem. Esta última contemplou um investimento de R$ 170 milhões para a construção de cinco bacias de drenagem que têm capacidade de armazenamento de água equivalente a 406 piscinas olímpicas, em uma área equivalente a 50 campos de futebol. O investimento total nas obras (terminal, pista etc.) atinge a soma de R$ 1,8 bilhão.
JC - Como foi a realização da obra do novo terminal de cargas, e qual será a sua importância para a ampliação das atividades no aeroporto?
Andreea - Esta obra integra os investimentos em melhorias do sítio aeroportuário conduzidos pela Fraport Brasil - Porto Alegre, à frente das operações do aeroporto desde janeiro de 2018. Inaugurado em julho/2021, o novo Teca Internacional (Terminal de Cargas) não faz parte das obrigações do contrato de concessão com a Anac. No acumulado de janeiro a outubro de 2021, o Teca Internacional obteve sua maior marca em arrecadação, com o aumento de mais de 45% em receita bruta no comparativo com o mesmo período de 2020. O somatório do período superou todo o ano de 2020, o que já havia sido um ano de recorde histórico. O crescimento comparado com 2020 é uma boa notícia, porém na área das exportações ainda não alcançamos o nível de 2019. Empresas de importação dos segmentos de máquinas e equipamentos, automotivo, indústria química, ferramentas motorizadas e eletrônicos foram os que mais cresceram em receita.
JC - Como está a obra de ampliação da pista, qual a sua previsão de conclusão e como essa melhoria vai afetar também a capacidade e o tráfego no aeroporto Salgado Filho?
Andreea - As obras na Resa (área de segurança) foram iniciadas em setembro e a expectativa é de finalizar a infraestrutura em 6 seis meses (a partir do início). No entanto, a meteorologia é mandatória para o andamento da obra e o prazo contratual com a Anac permanece sendo agosto de 2022. As obras estão hoje 38,6% concluídas. Após a entrega da infraestrutura, haverá a instalação de equipamentos de auxílio à navegação aérea e homologação da pista pelas autoridades competentes. A pista de pouso e decolagem com 2.280m permite operações atuais de aproximadamente 9.000 km, porém com a capacidade máxima de passageiros e carga aérea limitada (75%). A ampliação para 3.200m permitirá operações com capacidade máxima de passageiros e carga, a uma distância de cerca 12.000 km.
JC - As obras de ampliação poderão acarretar em novas rotas aéreas chegando à capital, tanto de carga quando de lazer?
Andreea - Com certeza a oferta de uma infraestrutura mais robusta faz com que o aeroporto de Porto Alegre se torne mais atrativo. No entanto, a decisão de abrir novas rotas é das companhias aéreas, de acordo com seus estudos de viabilidade. A pista estendida é um diferencial para a indústria gaúcha, que hoje precisa transportar a maior parte da sua produção por rodovia até São Paulo para, de lá, seguir ao destino por via área. Isso gera custos adicionais para os exportadores. Com a extensão da pista, será possível o pouso e decolagem de aeronaves maiores, que combinam carga e passageiros, e voam direto para o exterior. Além do ganho para a indústria, há também o potencial de crescimento turístico local. Se vamos ter voos adicionais depende só da demanda criada pela economia gaúcha, a infraestrutura só facilita a chegada.
JC - Quais foram as principais dificuldades que a Fraport enfrentou durante a pandemia, e como a empresa conseguiu administrar a grande diminuição repentina de viagens aéreas que se iniciou em 2020?
Andreea - No início da pandemia, chegamos a registrar uma queda de mais de 90% na movimentação de passageiros no aeroporto. Foi um choque para o qual ninguém estava preparado. A indústria da aviação foi uma das que mais sofreram com os impactos da pandemia. Tomamos todas as medidas necessárias para reduzir os custos e, ao mesmo tempo, preservar o emprego dos nossos colaboradores orgânicos. Além disso, seguimos todas as recomendações da Anvisa e demais autoridades de saúde para oferecermos um ambiente limpo e seguro aos nossos passageiros. Continuamos seguindo os protocolos sanitários vigentes e certos de que a vacinação é essencial para que a retomada da economia como um todo aconteça de forma permanente. Permanecemos acreditando na atratividade do mercado de aviação brasileiro e principalmente no aquecimento do turismo doméstico. Estamos monitorando a situação diariamente.
JC - Qual é a expectativa para o movimento de voos agora no final do ano e durante o verão brasileiro?
Andreea - Nos últimos meses observamos o gradual crescimento na movimentação de passageiros. Para dezembro, a expectativa é de 4.883 voos de chegadas e partidas (domésticos e internacionais), alcançando 84% do registrado em igual período de 2019. Quanto aos passageiros, são estimados 611 mil, o que equivale a 82% da movimentação registrada em igual período de 2019. A expectativa da retomada para 2022 é boa para os voos domésticos, mas tudo vai depender do comportamento da Covid-19 nos próximos meses.
JC - Quais são os principais planos da empresa para os próximos anos de administração do Aeroporto Salgado Filho?
Andreea - Nossos planos incluem melhorias contínuas em infraestrutura e qualidade de operações, segurança e serviços. Estamos trabalhando em projetos de real estate, que pretendem instalar no sítio aeroportuário negócios como hotéis, supermercados, centros de logística, entre outros. Os investimentos em manutenção são constantes e também trabalhamos diariamente para atrair novos cessionários e oferecer um mix de produtos e serviços cada vez mais interessante para os passageiros e usuários.
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