O Brasil está transformando sua infraestrutura aeroportuária. Os investimentos, no entanto, não se restringem aos principais destinos do País, cujos aeroportos estão sendo concedidos à iniciativa privada. Importantes polos regionais e mesmo localidades distantes, no interior do País, vêm recebendo atenção para possibilitar a expansão do transporte aéreo nacional. Os investimentos do Ministério da Infraestrutura (MInfra), entre 2019 e o final de 2021, vão chegar a quase R$ 1 bilhão em equipamentos de navegação aérea, reforma e construção de novos aeroportos, nas cinco regiões.
Os recursos direcionados para a aviação regional, por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC) e da Infraero, contemplam 112 municípios. Objetivo é aumentar a conectividade e possibilitar a ampliação da oferta de voos em todas as 27 unidades da federação. "O Governo Federal está viabilizando uma grande transformação no setor aéreo, com a melhoria da infraestrutura, do ambiente de negócios e com a desburocratização de processos, buscando ampliar a presença desse modal no interior do Brasil", salienta o secretário executivo do MInfra, Marcelo Sampaio.
A meta do governo é preparar o Brasil para chegar em 2025 com 200 cidades oferecendo voos regulares. Em 2019, havia 128 aeroportos brasileiros operando de forma regular, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A partir de 2020, a pandemia afetou a oferta de voos. Atualmente, apenas 96 localidades estão sendo atendidas, por conta das restrições e da queda de demanda. Com a diminuição do fluxo de passageiros, o MInfra tem buscado acelerar obras de reforma e ampliação em diferentes aeroportos.
"Temos o desafio urgente e global de superar a pandemia e, num segundo momento, de retomar o crescimento da aviação em nosso país", destaca o secretário nacional de Aviação Civil do MInfra, Ronei Glanzmann. Parte da estratégia, lembra o secretário, depende de equipamentos adequados e obras de modernização da infraestrutura. Por isso, a ordem no ministério é focar no trabalho para permitir, superados os desafios sanitários, que cada vez mais brasileiros tenham acesso ao transporte aéreo.
A Região Amazônica, com muitos municípios isolados e sem ligação rodoviária, vem sendo tratada como prioridade pelo MInfra. Desde 2019, cerca de R$ 200 milhões estão sendo destinados para obras e aquisição de equipamentos em 25 aeroportos, localizados no interior de Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso e Pará.
Além disso, uma parceria público-privada (PPP) está em fase de estruturação para qualificar oito aeroportos do Amazonas (Parintins, Carauari, Coari, Eirunepé, São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Lábrea e Maués), que devem receber R$ 380 milhões em investimentos a partir de 2022.
O modelo será o de concessão patrocinada, prevendo a ampliação, manutenção e exploração dos aeroportos, por gestor privado, com objetivo de melhorar a infraestrutura e a prestação dos serviços. O modelo de PPP deve ser replicado também para outros estados do Norte.
Importantes licitações foram autorizadas pelo MInfra em 2020, de acordo com o Departamento de Investimentos da SAC, e vão possibilitar projetos como a construção do novo terminal de passageiros do Aeroporto de Oiapoque/AP; reforma e ampliação do Aeroporto de Barreiras/BA; construção de cerca operacional e guaritas do Aeroporto de Barreirinhas/MA; ampliação e adequação do Aeroporto de Patos/PB; implantação de novo terminal de passageiros e ampliação da área operacional do Aeroporto de Santo Ângelo/RS; e a aquisição de equipamentos para o Aeroporto de Cascavel/PR.
A aquisição de sistema de segurança, já autorizada por meio de licitação, deve beneficiar o Aeroporto de Jericoacoara/CE. Há previsão ainda de ampliação e adequação do Aeroporto de Bom Jesus do Gurguéia/PI, aguardando licitação. A implantação de auxílios visuais à navegação aérea nos Aeroportos de Paracatu/MG e Rio Verde/GO estão com obras iniciadas. Os aeroportos de Valença/BA e Feira de Santana/BA também têm licitação em andamento para aquisição do PAPI (Precision Approach Path Indicator), sistema que auxilia na navegação visual durante o pouso das aeronaves.
O MInfra está implementando a metodologia "Modelagem de Informação da Construção" (BIM, na sigla em inglês) em algumas obras de aeroportos regionais. Trata-se de uma tecnologia de "construção inteligente" que contempla, de forma digitalizada, todas as etapas do planejamento, da execução e da manutenção de uma obra ou infraestrutura, prevendo todo o seu ciclo de vida útil.
Novos empreendimentos da aviação regional deverão adotar a metodologia BIM para desenvolvimento dos projetos. Em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a SAC está editando o Manual de Projetos Aeroportuários. O documento servirá de orientação técnica detalhada para projetistas, gestores e fiscais municipais e estaduais.
Atualmente, projetos para 17 aeroportos encontram-se em execução, adotando ou com previsão de adoção da metodologia BIM, abrangendo todas as regiões do país. Em estágio mais avançado, estão as obras em execução nos aeroportos de Maringá, Passo Fundo e Governador Valadares, parcerias entre o ministério e respectivos governos estaduais ou municipais. Parte dos investimentos na aviação regional do Brasil se dá por meio da Infraero, estatal vinculada ao Ministério da Infraestrutura.