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Ferrovias

- Publicada em 05 de Março de 2021 às 18:30

Rumo inaugura operação da ferrovia Norte-Sul

Com extensão total de 1.537 quilômetros, investimento será espinha dorsal do sistema ferroviário

Com extensão total de 1.537 quilômetros, investimento será espinha dorsal do sistema ferroviário


Ricardo Botelho/MInfra/JC
A inauguração do trecho da ferrovia Norte-Sul entre São Simão (GO) e Estrela D'Oeste (SP), na quinta-feira (4), fará com que a concessionária Rumo tenha conexões nos seis principais estados produtores do país, além de ligá-la à Malha Paulista. O trecho, de 172 quilômetros, operava em fase de testes desde a segunda semana de fevereiro e será o primeiro da Malha Central da Rumo, após investimento de R$ 711 milhões -no terminal, em pontes e em dezenas de quilômetros de trilhos.
A inauguração do trecho da ferrovia Norte-Sul entre São Simão (GO) e Estrela D'Oeste (SP), na quinta-feira (4), fará com que a concessionária Rumo tenha conexões nos seis principais estados produtores do país, além de ligá-la à Malha Paulista. O trecho, de 172 quilômetros, operava em fase de testes desde a segunda semana de fevereiro e será o primeiro da Malha Central da Rumo, após investimento de R$ 711 milhões -no terminal, em pontes e em dezenas de quilômetros de trilhos.
A Norte-Sul é uma ferrovia cuja história se arrasta desde a década de 1980.  Até 2017 a ferrovia já tinha consumido R$ 28 bilhões em valores corrigidos pela inflação e órgãos de controle e fiscalização estimavam que pelo menos um terço tinha sido superfaturado. Cinco anos antes, a PF (Polícia Federal) deflagrou operação que revelou corrupção nas obras feitas pela Valec, estatal que detinha a concessão da ferrovia.
As obras atrasaram porque houve troca de executivos e centenas de pendências com o TCU (Tribunal de Contas da União) tiveram de ser resolvidas para que o embargo às obras fosse suspenso. Contratos foram refeitos para que os sobrepreços fossem cancelados.
A rota entre São Simão e o porto de Santos será feita com trens de 120 vagões, e não mais de 80, o que significa mais eficiência, com ganhos em emissão de gases e economia de combustível. Cada composição passou de 1,5 km para 2,2 km de comprimento.
"É emblemática porque a ferrovia, principalmente para grandes distâncias - essa é de mais de 1.500 quilômetros -, tem uma série de benefícios. O Brasil tomou a decisão nas últimas décadas de privilegiar rodovias, isso não só traz custo para o processo produtivo, mas também mais emissão de carbono, estradas, manutenção, acidentes. O Brasil é o único país continental, se formos pegar os maiores do mundo, que não tem uma malha ferroviária adequada", disse João Alberto Abreu, presidente da Rumo Logística.
O trecho total tem 1.537 quilômetros, entre Porto Nacional (TO) e a cidade paulista, e foi concebido para ser uma espécie de espinha dorsal do sistema ferroviário no país, permitindo a conexão com outras malhas ferroviárias. Um outro trecho da ferrovia já está em operação, entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO), sob concessão da VLI. A Norte-Sul possibilitará, ao chegar a Estrela D'Oeste, a conexão com a malha paulista, também operada pela Rumo, que obteve em 2020 a renovação antecipada da concessão, que agora vai até 2058 -com a obrigatoriedade de investir R$ 6 bilhões.
O terminal ferroviário foi construído em parceria com a Caramuru, que já é sócia da concessionária em Santos, e terá capacidade de escoar até 5 milhões de toneladas por ano. Com a nova rota, as operações da concessionária chegarão a Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul, principais produtores do país, e a um total de 14 mil quilômetros de ferrovias, ligando aos principais portos.
A empresa venceu o leilão do trecho da Norte-Sul em março de 2019 com um lance de R$ 2,719 bilhões, considerado agressivo pelo mercado, já que o valor do pagamento ao governo federal ficou 100,9% acima do mínimo exigido pelo edital. Até então, a ferrovia estava nas mãos da estatal Valec.
"A malha central tem perspectiva até melhor do que prevíamos quando fizemos o lance. Goiás tem um plano de crescimento ambicioso, uma série de produtos e projetos que não estavam mapeados começaram a ser desenvolvidos. Esse tipo de investimento faz com que outros negócios fomentem uma série de outras coisas. Provavelmente daqui a dois anos terá oportunidade de minério também. Estamos bastante confiantes com o potencial", disse Abreu.
O contrato com o governo foi assinado em julho de 2019 e estipulava como prazo para o início das operações em agosto de 2021.

Obra ainda ganhará novos terminais e mais dois trechos de concessão

Rumo deverá ter uma nova linha até Lucas do Rio Verde (MT)

Rumo deverá ter uma nova linha até Lucas do Rio Verde (MT)


Ricardo Botelho/MInfra/JC
Além do terminal aberto oficialmente no dia 4, outros dois, em Rio Verde (GO) e Iturama (MG), serão inaugurados. Na cidade goiana, a previsão é que ocorra até junho, também para operar grãos e fertilizantes, e, no município mineiro, no fim do primeiro semestre do próximo ano (açúcar). O segundo trecho da concessão da Rumo na Norte-Sul será até Rio Verde e o terceiro, até Porto Nacional (TO).
João Alberto Abreu, presidente da Rumo, afirma que ainda faltam investimentos importantes nesses trechos. "O que decidimos fazer foi colocar de pé esse pedaço mais ao sul, que era a parte mais complicada em função das grandes obras. Partimos para o trecho 2 e na sequência vamos concluir alguns investimentos no trecho 3. Esse é o plano de investimento do Sul em direção ao Norte."
De acordo com o executivo, o setor ferroviário precisa aproveitar o momento de "disponibilidade" do governo federal para contar com a iniciativa privada para tocar os projetos. "O País vive um desafio fiscal muito grande e a iniciativa privada tem condições de regras claras de longo prazo, com marco legal, com segurança jurídica, fazer os investimentos necessários que o país precisa", disse.
"Essa parceria precisa continuar. A malha central é um exemplo disso. Uma obra que vinha sendo tocada pelo governo, mais de 30 anos, e não era concluída."
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que participou da inauguração ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que poderá sair, no próximo mês, a extensão da malha norte da Rumo, ligando Rondonópolis (MT) a Lucas do Rio Verde (MT). A ferrovia atualmente liga Aparecida do Taboado (MS) a Rondonópolis.
De acordo com ele, será preciso que o Senado autorize e, se isso ocorrer, a sanção e autorização para as obras poderão sair no mesmo dia. Ele afirmou acreditar que seja possível fazer o processo em abril e que isso destravaria mais R$ 8,5 bilhões em investimentos.
Se a proposta, que é desejo da Rumo, prosperar, ela poderá buscar cargas no norte de Mato Grosso e implementar um ramal para Cuiabá.

Modal ferroviário tem baixa participação no transporte brasileiro

O modal ferroviário é responsável por transportar 15% das cargas no Brasil, muito inferior aos índices de países como EUA (43%) e Rússia (81%), conforme dados da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários).
"Qualquer grande nação, China, EUA, Austrália, opera com 40% no modal ferroviário. É a oportunidade de começar a reverter essa situação num país continental, que tem produção distante dos seus portos de escoamento, precisando de logística eficiente para colocar seus produtos no destino com velocidade, eficiência e custo baixo. O Brasil está numa posição bastante robusta no agronegócio e o desafio agora é tirar mais de 50 anos de atraso na infraestrutura e o sistema ferroviário é um deles", afirmou João Alberto Abreu, presidente da Rumo Logística.