Marli Fernandes, produtora rural de Lavras do Sul, município entre São Gabriel e Bagé, é uma das muitas penalizadas pela longa via de chão batido, que vira barro quando chove. Lavras do Sul é dependente da RS-473 para movimentar boa parte de sua produção. Reconhecida pela forte pecuária e muitos remates, a cidade perde compradores devido ao acesso precário, diz Marli, e arca com custos de transporte elevados.
"Muitas vezes nem se consegue quem transporte os animais até a propriedade. Quem faz cobra até 50% a mais pelo frete. Melhorar a estrada é um pleito de mais de 40 anos, sem sucesso", lamenta a pecuarista. Já desiludidos com promessas de pavimentar a estrada, conta Marli, os moradores tentam uma solução via Brasília. Mobilizados, buscam angariar apoio entre deputados federais e senadores gaúchos para incluir a estrada em projetos federais em 2021.
Os moradores de cidades afetadas já perderam a conta dos protestos feitos, mas mantêm a luta nas redes sociais. No Facebook, por exemplo, há páginas específicas de reivindicação por melhorias na RS-473 e também da RS-514, por exemplo, que liga Ajuricaba a Palmeira das Missões.
O acesso mais longo não pavimentado é Garruchos, com cerca de 60 quilômetros. Assim, a "solução" tem sido fazer o cascalhamento na rodovia para amenizar a pouco precária condição de trafegabilidade. "E como é o único acesso ao município, a manutenção precisa ser periódica, porque pavimentação a gente sabe que vai demorar um tempo para chegar em Garruchos", admite Luciano Faustino, diretor-geral do Daer.
Para o ex-secretário da Agricultura e atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo, uma das soluções passa por adotar mais parcerias entre os poderes estaduais e municipais e até mesmo empresas e produtores rurais. Polo sugere, por exemplo, que o governo amplie o número de horas/máquina do Daer cedidas às prefeituras para que possam recuperar alguns trechos. (Thiago Copetti)