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JC Logística

- Publicada em 09 de Março de 2020 às 16:42

Coronavírus traz prejuízos aos portos da China

Movimento de contêineres cai 96% e trava envio de eletrônicos, peças e produtos de plástico

Movimento de contêineres cai 96% e trava envio de eletrônicos, peças e produtos de plástico


PAUL J. RICHARDS/AFP/JC
As três semanas em que as atividades portuárias chinesas ficaram praticamente paradas entre o Ano-Novo chinês e meados de fevereiro resultaram em uma queda de, aproximadamente, 96% no movimento de contêineres que deixam o país com equipamentos eletrônicos, peças e produtos de plásticos. As diversas restrições impostas pelo governo do gigante asiático na tentativa de conter o surto do novo coronavírus derrubaram o tráfego de uma média de 50 mil para 2 mil o total de contêineres desembarcados diariamente.
As três semanas em que as atividades portuárias chinesas ficaram praticamente paradas entre o Ano-Novo chinês e meados de fevereiro resultaram em uma queda de, aproximadamente, 96% no movimento de contêineres que deixam o país com equipamentos eletrônicos, peças e produtos de plásticos. As diversas restrições impostas pelo governo do gigante asiático na tentativa de conter o surto do novo coronavírus derrubaram o tráfego de uma média de 50 mil para 2 mil o total de contêineres desembarcados diariamente.
Isso ocorreu, principalmente, porque não havia quem fizesse o trabalho. Em condições normais de operação, os navios cargueiros levam cerca de duas semanas para serem completamente descarregados. Com menos motoristas de caminhão e operadores de guindastes na ativa, o descarregamento ficou engarrafado, travando também o processo inverso.
Mesmo ao fim do feriado estendido, muitos operários não conseguiram voltar ao trabalho. Com isso, ficou mais difícil carregar os contêineres que deixariam os portos chineses rumo a países como o Brasil. Desde o Ano-Novo chinês, em 25 de janeiro, 160 viagens de navios cargueiros foram canceladas. Para o Brasil, nove deixaram de ser feitas, de 28 escalas planejadas. Em média, quatro navios zarpam da China a cada semana.
Leandro Barreto, sócio da consultoria Solve Shipping, diz que a redução nos envios ao Brasil foi de 32%, em linha com a média mundial. Dessas 28 viagens previstas, 19 estão a caminho do País e, segundo o consultor, devem chegar com menos produtos. "Os terminais ficaram parados e com capacidade reduzida por três, quase quatro semanas. Como não havia como embarcar mercadoria, os armadores começaram a cancelar viagens", diz Barbato. Os armadores são as empresas que contratam as viagens.
Além de um potencial efeito sobre linhas de montagem da indústria nacional na Zona Franca de Manaus e no comércio popular de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, esse volume menor de contêineres deverá afetar também o envio daquilo que o País exporta, como madeira e celulose. "O problema é que vai faltar espaço para levar mercadoria embora", afirma Barbato.
Inicialmente, outros tipos de envio, como os navios graneleiros, não foram afetados. Devem começar a chegar ao Brasil nesta semana os navios com menos cargas e menos contêineres, colocando em questão a possibilidade de as exportações brasileiras sentirem os efeitos no próximo ciclo de viagens. Nos terminais de contêineres que operam no porto de Santos, em São Paulo, o monitoramento é diário, mas ainda não houve efeito nas operações.
Lincoln Fracari, da consultoria China Link Trading, afirma que as empresas tradicionalmente reforçam os pedidos em dezembro e no início de janeiro, antecipando a parada durante o Ano-Novo lunar. Como muitos trabalhadores vivem longe de suas cidades natal, é comum que emendem o feriado com os cinco dias anuais de férias. Neste ano, o feriado durou duas semanas, por determinação do governo chinês, como meio de conter o surto do novo coronavírus.
A DP World Santos, um dos terminais de contêineres que opera em Santos, diz que não houve impacto em suas operações nos meses de janeiro e fevereiro. Afirma, contudo, que "alguns navios oriundos da Ásia poderão ter suas escalas canceladas no decorrer de março." A Santos Brasil está em período de silêncio até a divulgação dos balanços de 2019. A Santos Port Authority informou que não identificou alteração no volume de carga movimentada nos primeiros meses do ano, pois apenas registra o que os terminais recebem e enviam.
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