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JC Logística

- Publicada em 14 de Novembro de 2019 às 03:00

Montadoras usam blockchain para coibir 'cobalto de sangue'

Veículos elétricos somam, hoje, mais 5,1 milhões de unidades no mundo, contra 2 milhões de 2017

Veículos elétricos somam, hoje, mais 5,1 milhões de unidades no mundo, contra 2 milhões de 2017


/HAKAN DAHLSTROM/DIVULGAÇÃO/JC
O mercado de baterias de íon-lítio tem crescido exponencialmente durante os últimos anos, puxados principalmente pelo mercado de carros elétricos na China e no mundo. Em 2018, a frota global atingiu 5,1 milhões de automóveis, mais do que o dobro do ano anterior, quando 2 milhões de carros foram produzidos, segundo a Agência Internacional de Energia.
O mercado de baterias de íon-lítio tem crescido exponencialmente durante os últimos anos, puxados principalmente pelo mercado de carros elétricos na China e no mundo. Em 2018, a frota global atingiu 5,1 milhões de automóveis, mais do que o dobro do ano anterior, quando 2 milhões de carros foram produzidos, segundo a Agência Internacional de Energia.
Mas se a eletrificação dos veículos atende ao discurso de um mundo mais sustentável, a indústria de baterias ainda enfrenta um problema para poder se proclamar "politicamente correta". Para produzir energia, o lítio reage com uma série de elementos nas baterias. Um deles, utilizado em larga escala na indústria, é o cobalto.
A demanda do metal tem crescido no mesmo ritmo das baterias. A consultoria Benchmark Mineral Intelligence estima que o uso deve crescer de 115 mil toneladas, em 2018, para 345 mil toneladas em 2038. O setor automobilístico é o maior consumidor. Em 2018, segundo a consultoria Roskill, 70% das baterias produzidas no mundo em 2018 foram para a indústria automotiva. Em 2010, a participação era 6%. A China é o principal mercado consumidor.
A República Democrática do Congo é o maior produtor de cobalto do mundo, responsável por extrair 78% do mineral do planeta. É lá que a indústria de baterias tenta evitar seu "diamante de sangue". Em 2016, a Anistia Internacional denunciou a ligação entre minas de cobalto no Sul do Congo que desrespeitavam direitos humanos e grandes empresas de tecnologia que consumiam a matéria-prima. O relatório da organização citava crianças que ganhavam entre US$ 1 e US$ 6 por dia (cerca de R$ 4,15 a R$ 30,00) para carregar sacos de terra em jornadas de 12 horas e garimpeiros sem nenhum equipamento de segurança, além de mais de 80 mortes em menos de um ano por acidentes de trabalho.
"A questão é que é muito difícil de rastrear o cobalto ao longo da cadeia de fornecimento, então a indústria de baterias pode, inadvertidamente, estar comprando material proveniente desse tipo de mineração", afirma Caspar Rawles, analista sênior da Benchmark Mineral Intelligence.
Segundo ele, apesar de o material ilegal ser uma pequena porcentagem na produção, na falta de uma cadeia rastreável, o risco de esse material acabar em equipamentos como celulares e baterias é muito grande.
Empresas do setor se mobilizam agora para criar uma cadeia segura de rastreamento do metal usando tecnologia blockchain. Uma parceria entre as empresas IBM, Ford, LG Chem e Huayou Cobalt e a auditoria RCS Global testa um projeto-piloto que monitora cada movimento do minério na cadeia produtiva em um registro digital criptografado e inviolável, o blockchain.
A auditoria certifica as condições de trabalho da mineradora, que registra no sistema o lote comercializado segundo suas características minerais únicas. Na refinaria, esse lote é processado e sua entrada e venda registrada novamente no sistema.
"O piloto está em teste, a intenção é expandir para outros minérios e também para pequenas fornecedoras. As pequenas mineradoras, que operam legalmente, têm dificuldade de provar a segurança dos seus recursos e fechar contratos com grandes consumidores. O blockchain pode ajudá-las nisso", comenta Carlos Rischioto, líder técnico de blockchain da IBM Brasil.
Dessa maneira, o usuário final, a montadora, consegue rastrear de qual mina veio o cobalto utilizado nos seus carros. A criptografia evita fraudes como esquentar material ilegal com documentação falsa. A Tesla também já fez seu movimento, seus carros elétricos de luxo diminuíram a quantidade do metal nas baterias ao longo dos anos. O primeiro modelo, em 2009, demandava 11 kg de cobalto por unidade. O lançamento de 2018 requer 4,5 kg.
A Panasonic, que disputa a liderança do mercado de baterias de íon-lítio com a LG Chem, e é fornecedora exclusiva da Tesla, anunciou em 2018 que pretende desenvolver baterias sem cobalto nos próximos anos. Mas a meta parece estar distante. Segundo a Reuters, citando fontes da indústria mineral, a empresa pretende triplicar a demanda pelo metal até 2025. À agência, a Panasonic disse que não revela planos para o futuro. A estratégia é uma maneira de se proteger de flutuações do preço do cobalto, que responde à alta demanda e oferta mais escassa após contratos em larga escala de refinarias com minas congolesas.
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