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Transportes

- Publicada em 01 de Março de 2019 às 01:00

Carris busca eficiência energética para reduzir déficit

Grupo de funcionários que atuam na fiscalização listaram medidas para melhorar a eficiência

Grupo de funcionários que atuam na fiscalização listaram medidas para melhorar a eficiência


CLAITON DORNELLES /JC
Um ônibus estacionado fora do lugar em uma garagem onde ficam 347 carros pode significar menos eficiência. "A gente perde uma energia tentando estacionar quando algum carro não está na vaga certa. Imagina: são mais de 300 ônibus!", diz a motorista e hoje gerente de operações da Companhia Carris Porto-Alegrense, Maria Ivete Gallas, 19 anos de empresa, repassando uma constatação que os colegas de fiscalização listaram em meio a um workshop sobre medidas para reduzir gastos somente com a mudança de algumas condutas no manejo dos ônibus. 
Um ônibus estacionado fora do lugar em uma garagem onde ficam 347 carros pode significar menos eficiência. "A gente perde uma energia tentando estacionar quando algum carro não está na vaga certa. Imagina: são mais de 300 ônibus!", diz a motorista e hoje gerente de operações da Companhia Carris Porto-Alegrense, Maria Ivete Gallas, 19 anos de empresa, repassando uma constatação que os colegas de fiscalização listaram em meio a um workshop sobre medidas para reduzir gastos somente com a mudança de algumas condutas no manejo dos ônibus. 
A atividade, que chegará às áreas operacionais, como aos motoristas que estacionam ônibus fora da vaga, é a mais recente iniciativa da Carris, que aderiu ao Programa Nacional de Eficiência Energética do Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), para melhorar a condição financeira. A companhia porto-alegrense, que transportou em 2018 56,5 milhões de passageiros, depende de medidas como essa, além de renovação da frota, prevista para ocorrer este ano, com a compra de 87 ônibus, com aporte estimado em R$ 40 milhões.  
Com cartazes em punho, os funcionários da Carris foram listando mais ideias, dentro do treinamento que começou na semana passada com temas como direção econômica, gestão de combustível e frotas. Entre as sugestões, também figuraram calibragem de pneus para evitar mais desgaste e gasto com óleo diesel, cuidado para não deixar ar-condicionado ligado em áreas vazias da empresa e limpeza do carro com o motor desligado. "As ideias melhores vão ser adotadas", avisa a diretora-presidente Helen Machado. "Vamos mobilizar os líderes da operação para engajar todo o quadro nas etapas do programa", projeta a executiva, no cargo desde abril de 2017. 
No grupo, a agitação era grande para discutir os processos de trabalho de olho no impacto para a Carris. Com 46 anos de empresa, José Albrene Bica passou por funções de cobrador, fiscal e inspetor. Bica agora é monitor e só lamenta nunca antes ter pensado e discutido com os colegas sobre as rotinas. "Não fazia ideia do impacto e agora temos de pegar todos juntos, pois a empresa nunca chegou ao ponto que está hoje (prejuízo)", comenta o monitor. O motorista Avelino Sidinei reforça que o caminho é "treinamento, pensamento positivo e boas ideias". Para dar embasamento, os funcionários aprendem conceitos de eficiência energética, desde noções gerais do meio ambiente ao que está ligado ao dia a dia da operação de transporte.
As ações do programa do Sest/Senat não terão custo para a Carris - uma vantagem em meio ao regime de redução de despesas, pois a estatal é contribuinte do sistema. Os 646 motoristas da estatal intensificarão a prática no simulador da unidade do Serviço Social de Transporte em Porto Alegre. O diretor da unidade Pedro Guilherme Pasqualini Fabbrin explica que o equipamento mostra como ter mais eficiência. "Dados do Senat nacional mostram que o uso da técnica do simulador permite economia de mais de 29% em combustível", destaca Fabbrin, lembrando que um trabalho mais robusto pode elevar em 50% a eficiência.
Situações como a distância do veículo em relação a outro ao frear, troca de marcha e motor ocioso impactam o desempenho e fazem parte do manejo mais adequado do microcosmo do motorista.

Foco no déficit zero está exposto em cartazes fixados nas paredes

A Carris fechou 2018 com prejuízo de cerca de R$ 21 milhões, metade do resultado negativo de 2017, de R$ 43 milhões. Para 2019, a meta é reduzir mais, mas o quadro de mais despesas que ganhos deve continuar, diz a diretora-presidente da estatal, Helen Machado. Para mobilizar os mais de 1,7 mil funcionários na empreitada, a direção estampou nas paredes dos setores o cartaz singelo "Diretriz para 2019: déficit zero". Helen reforça que o foco é o comportamento para gerar resultado para a companhia.
Segundo a diretora-presidente, a frota teve redução de 40% em acidentes e 60% nas avarias. Ela associa esses números a medidas como treinamento das pessoas. O número de horas passou de 5,8 mil, em 2016, para 34,7 mil no ano passado. Sobre a iniciativa com o Sest/Senat, Helen ressalta que um dos focos é estruturar um projeto para buscar resultados concretos. Será implementado um projeto piloto de telemetria para estabelecer parâmetros de consumo de acordo com a operação de cada ônibus.
O Programa Excelência no Transporte na estatal somou 5.824 horas de treinamento em 2016, 19.195 horas em 2017 e 34.782 horas em 2018. Os funcionários treinados nas áreas administrativa, operações e manutenção chegaram a 1.518 em 2016, 4.205 em 2017 e 6.819 em 2018. O número é maior que do quadro de 1,7 mil empregados, pois muitos participam mais de uma vez das atividades.