Jorge Pilo, que assumiu as operações da espanhola Cabify no Brasil no final do ano passado, diz que o setor de corrida por aplicativos passa por momento de irracionalidade no Brasil. O executivo diz que não há pressa em expandir a participação de mercado da empresa, hoje terceira neste critério no Brasil em segmento em que também atuam Uber e 99.
Isso porque a estratégia adotada pelas rivais de subsidiar corridas com altos descontos impede que se mantenha a sustentabilidade financeira do negócio, segundo o executivo. Pilo afirma que a empresa deve seguir investindo em qualidade de serviço e se preocupando com expansão quando o mercado se normalizar.
"O mercado irracional é aquele em que se compra passageiros por valor maior do que ele vale. Mas o mercado vira racional eventualmente, isso aconteceu na China, na Rússia, em Singapura. Isso vai acontecer aqui também."
Segundo ele, não é possível saber quando o mercado irá deixar essa dinâmica, mas ele diz acreditar que aberturas de capital de empresas no setor podem pressionar as rivais a se preocupar mais com sua lucratividade. O mercado espera que a Uber estreie na bolsa americana ainda neste semestre.
Para o futuro, a empresa espera intensificar sua aposta em modalidades de transporte alternativos. Em conferência para jornalistas, Juan Antonio, fundador e presidente da companhia, disse que ela trabalha em integrações do serviço com novos modais, entre eles bicicletas e patinetes.
"A Cabify é a primeira plataforma inclusiva da América Latina onde são integradas diversas soluções de mobilidade", diz. A companhia está em 12 mercados, a maior parte no continente.
A empresa passou a disponibilizar chamadas de táxi em seu aplicativo no início do ano. O recurso foi incluído a partir da integração com a Easy Taxi, adquirida pela Cabify em 2017. A junção acontece em todos os países em que as duas marcas estão presentes.
Desde 2017, a Cabify também permite contratar voos de helicóptero em São Paulo, a partir de parceria com a empresa Voom, startup subsidiária da Airbus.
Segundo a empresa, 60% dos usuários da Cabify tem interesse em usar táxi eventualmente e 75% dos taxistas estão satisfeitos em atender chamadas da Cabify.
Em novembro, a Cabify investiu na Movo, startup espanhola que permite compartilhamento de motos. A companhia prevê trazer o serviço para países da América Latina, incluindo aluguel de patinete elétrico.
No Brasil, os transportes alternativos ao carro a partir de aplicativos entraram em pauta com a chegada da Yellow, startup que espalhou pela cidade de São Paulo bicicletas e patinetes elétricas que são encontradas e desbloqueadas via aplicativo.
Entre os criadores do negócio estão alguns dos fundadores da 99, rival da Cabify no Brasil adquirida pela chinesa Didi há um ano.