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JC Logística

- Publicada em 20 de Julho de 2018 às 01:00

Programa Donas do Ar incentiva igualdade de gênero

Avianca forma equipe de 16 mulheres para pilotar aeronaves

Avianca forma equipe de 16 mulheres para pilotar aeronaves


/AVIANCA/DIVULGAÇÃO/JC
Ao realizar o sonho de infância, Rayanne Sousa, de 28 anos, ajudou a fazer crescer um grupo ainda muito restrito: o de pilotas de avião. A mineira faz parte de uma equipe de 16 profissionais que se formou na semana passada em um curso da Avianca, parte do programas Donas do Ar. É a primeira turma de qualificação composta exclusivamente por mulheres do País.

Ao realizar o sonho de infância, Rayanne Sousa, de 28 anos, ajudou a fazer crescer um grupo ainda muito restrito: o de pilotas de avião. A mineira faz parte de uma equipe de 16 profissionais que se formou na semana passada em um curso da Avianca, parte do programas Donas do Ar. É a primeira turma de qualificação composta exclusivamente por mulheres do País.

A ideia é incentivar a igualdade de gênero em um setor ainda dominado por homens. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2016, os mais recentes, o Brasil tinha 8.326 pilotos de aeronave naquele ano. Destes, apenas 171 eram mulheres, cerca de 2% do total. Além disso, apesar de serem maioria na população brasileira, as mulheres ainda representam apenas 45% da força de trabalho do País e só 43% do total de empregados.

Com a turma, a Avianca chegou a um total de 34 pilotas em seu time, o equivalente a 5% do total. A empresa afirma que este é o maior percentual do setor. A aérea é a única com um programa específico de estímulo a essa formação, embora não seja a que tem o maior número absoluto de pilotas. Esse posto é ocupado pela Azul, que tem 53 em seu quadro. A Gol tem 30 mulheres, enquanto a Latam tem 29.

Embora faça parte da nova turma, Rayanne já está nos céus pela Avianca desde o início do ano, porque já estava habilitada para pilotar três modelos de Airbus da empresa (318, 319 e 320). Já acumula 2,2 mil horas de voo, somadas toda a sua experiência desde que entrou para a faculdade de aviação civil, aos 19 anos. Já fez o curso de piloto comercial e de instrução de voo.

"Na infância vi muitas apresentações da esquadrilha da fumaça na minha cidade, no interior de Minas, e em Brasília, onde tinha parentes. E sempre quis ser pilota. Tinha mais facilidade com a área das exatas e até pensei em fazer arquitetura e engenharia, mas era a aviação que fazia meus olhos brilhar", contou Rayanne, logo após realizar um voo de 1h20min entre Congonhas e Brasília.

Ela ressaltou que há igualdade de tratamento dentro da empresa e seu salário é igual a de um piloto masculino do mesmo nível. Não deixou de passar, no entanto, por situações de preconceito.

"Preconceito existe e tento lidar com ele da melhor forma possível, pois as pessoas não estão acostumadas a ver uma mulher na minha posição. Já aconteceu de eu estar sentada na cabine e um passageiro homem me olhar com cara de assustado e precisar que o chefe do voo explicasse a ele que se tratava de uma mulher no comando. Ao final do voo, que deu tudo certo, ele ainda perguntou se eu é quem havia realizado o pouso e me parabenizou", contou.

O programa Donas do Ar foi criado para contratar pilotas e assim promover a transformação social e disseminar conceitos de diversidade e inclusão. Além da constante divulgação de vagas em escolas de aviação, a companhia arca com os custos de parte das horas de voos necessárias para a formação das mulheres em simuladores. Quando o projeto começou, menos de 2% do quadro de tripulantes era formado por mulheres. O percentual subiu para 5% e, agora, a expectativa é aumentar em 10% a cada ano. O desafio é grande, pondera Frederico Pedreira, presidente da Avianca Brasil.

"O objetivo dessa turma também foi mostrar que as mulheres podem exercer essa profissão e estimular a procura pelo curso, pois entre os milhares de currículos que recebemos, apenas 5% são de mulheres e quando aplicávamos nossas exigências, com relação a experiência e horas de voo, esse grupo reduzia ainda mais", explica Frederico Pedreira, presidente da Avianca Brasil.

Em comunicados, outras aéreas também destacaram que apoiam a medida, embora não tenham programas específicos. A Azul disse que "espera ampliar a presença feminina no cockpit" de seus aviões, enquanto a Gol destacou que "sempre incentivou a diversidade e a igualdade de gêneros". A Latam informou que não tem registro de turma de pilotos formada apenas por mulheres.

A especialista em psicologia social e coordenadora do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas da FGV, Maria José Tonelli, avalia que, apesar de a presença feminina ser inferior à dos homens no mercado de trabalho, houve um avanço considerável nos últimos 30 anos porque as mulheres se organizaram.

"Os homens informalmente sempre foram organizados, porque se reúnem no bar e no futebol. As mulheres se organizaram formalmente nos últimos anos, em associações: de mulheres negras, empreendedoras. E com isso estão ocupando mercados que tradicionalmente são masculinos, como a aviação, a computação, a programação e a academia científica", ressalta Maria José.

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