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JC Contabilidade

- Publicada em 27 de Janeiro de 2021 às 03:00

Home office traz novas ressignificações e desafios para o compliance

Para Santos, maior desafio é a capacidade de predizer os novos riscos comportamentais.

Para Santos, maior desafio é a capacidade de predizer os novos riscos comportamentais.


ACERVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
renato santos
Sócio da S2 Consultoria e diretor acadêmico do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental
Sócio da S2 Consultoria e diretor acadêmico do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental
A pandemia de Covid-19 nos mostrou claramente que a evolução tecnológica está sendo fundamental para suportarmos a perda do direito de ir e vir e conviver com o confinamento durante esses meses intermináveis.
Passamos a viver no mundo virtual, e ele está nos oferecendo ferramentas para facilitar a comunicação, diminuir a distância das pessoas, mesmo que separadas por uma tela.
O impacto para as empresas também foi enorme. Elas tiveram que aprender a lidar com o trabalho home office, trocar os encontros presenciais com colaboradores, fornecedores e, principalmente, com os clientes por videoconferências. Enfim, um mundo novo, uma nova realidade, novas ressignificações e novos desafios para o compliance.
Desafio para desenvolver formatos dinâmicos de treinamento online e à distância, competindo com diversos estímulos e entretenimento que ganharam espaço ao longo da pandemia. Não há mais como garantir, com uma reunião mandatória, que os colaboradores estejam em um auditório para ouvir sobre os temas muitas vezes ácidos e desconfortáveis do compliance, como assédio, discriminação, corrupção, vazamento de informações...
Desafio para conduzir um processo de apuração de denúncia de fraude ou de assédio, uma vez que os envolvidos não estão mais no mesmo ambiente físico e, talvez, utilizando outra rede de computadores, dificultando o monitoramento. As entrevistas investigativas exigem maior capacidade técnica e experiência dos entrevistadores, uma vez que precisam superar a barreira da distância para o "olho no olho", já que o "olho na webcam" não é a mesma coisa.
Desafio na condução do processo seletivo com a dimensão ética, uma vez que precisam utilizar ferramentas como teste de integridade adaptadas ao novo normal, superando a tentativa do candidato em apresentar respostas politicamente corretas aos dilemas éticos apresentados, e ter habilidade e meio para identificar a real visão daquele profissional.
Mas, talvez o maior desafio de todos é a capacidade de predizer os novos riscos comportamentais. Identificar, compreender e mitigar possíveis novos comportamentos que ferem a cultura ética organizacional, considerando as suas novas formas no mundo digital.
Discriminação online - Outro desafio é desenvolver a inclusão e diversidade nos quadros de funcionários. Infelizmente, alguns processos seletivos são conduzidos de maneira atropelada e não profissional, ensejando ações discriminatórias, mesmo em um programa de diversidade, um verdadeiro paradoxo.
Vazamento de informações confidenciais - Troca de informações da organização entre colegas que culminam em vazamento nas mídias digitais está cada vez mais frequente no novo normal. Provavelmente porque a fluidez dessas trocas "inocentes" está gerando uma banalização do que é confidencial e, por sua vez, a sensação de que não há prejuízo para a organização.
Conflitos de interesses - Os profissionais abriram as portas de suas casas em suas relações de trabalho, seja apresentando sua sala ao fundo da videoconferência, seus filhos que invadem a reunião e, até mesmo, o envio do endereço para receber documentos a serem assinados que, por vezes, podem vir acompanhados de presentes e agrados de fornecedores. A relação intimista é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma relação conflituosa na organização.
Do limão à limonada - Todos esses novos desafios levam o compliance ao aprendizado. Aprendizado de que por trás de cada webcam está um ser humano com suas fragilidades e inseguranças, vivendo novos dilemas éticos. Daí, cabe à organização criar formas para controlar esses riscos e desenvolver a conscientização de que a cultura ética organizacional deve ser reforçada mesmo em um home office.
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