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investimento

- Publicada em 09 de Maio de 2022 às 03:00

Nova alta da Selic altera rendimento da poupança, Tesouro e do CDB

Elevação da taxa aumenta atatividade de títulos de renda fixa

Elevação da taxa aumenta atatividade de títulos de renda fixa


/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) subiu, na quarta-feira-feira passada, a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano. É a maior taxa desde fevereiro de 2017.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) subiu, na quarta-feira-feira passada, a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano. É a maior taxa desde fevereiro de 2017.
O movimento aumenta, ainda mais, a atratividade de títulos de renda fixa, em especial daqueles pós-fixados, que passam a oferecer um rendimento maior a cada alta da Selic.
Embora ativos de maior risco como as ações na Bolsa de Valores tendam a permanecer sob intensa volatilidade com os juros mais altos não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, especialistas apontam a importância de manter alguma diversificação da carteira.
O aumento contínuo dos juros é a estratégia do BC para combater uma inflação que custa a dar sinais de trégua. O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, teve alta de 1,73% em abril, o maior percentual para o mês desde 1995.
No comunicado divulgado junto à decisão, a autoridade monetária sinalizou a continuidade do ciclo de alta dos juros, mas em uma intensidade menor. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude", diz o Copom.
Desde que o BC iniciou o processo de aperto nas condições monetárias, com a Selic saindo da mínima histórica de 2% em março de 2021 para os atuais 12,75%, a classe da renda fixa tem atraído um interesse cada vez maior por parte de investidores em busca de ganhos polpudos e risco baixo.
Levantamento do buscador de investimentos Yubb mostra que, entre as principais aplicações da classe de renda fixa, as debêntures incentivadas lideram em termos de retorno esperado com a nova alta da Selic.
Esses títulos emitidos por empresas do setor de infraestrutura e isentos de IR (Imposto de Renda) devem entregar um retorno médio acumulado em 12 meses de 6,05%, já descontada a inflação de 7,89% estimada pelo mais recente boletim Focus.
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), que também contam com a isenção fiscal, devem apresentar rentabilidade média acima de 4% pelos cálculos da plataforma.
Já a poupança, que mantém o rendimento bruto estável em 6,17% com a nova alta dos juros, entrega ao aplicador um rendimento real negativo de 1,59%, descontada a inflação. A aplicação também não tem incidência do IR.
A alta da Selic torna os títulos de renda fixa mais atraentes, ao mesmo tempo em que ações e outros ativos de maior risco perdem parte do apelo junto aos investidores, diz Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb.
"Neste cenário desafiador, é importante que os investidores tenham um horizonte de longo prazo para os seus investimentos e busquem a diversificação", afirma Pascowitch, acrescentando que os títulos de renda fixa tendem a apresentar uma rentabilidade mais atraente no curto prazo, enquanto os ativos de renda variável, como ações e fundos imobiliários, tendem a remunerar o investidor no longo prazo.
 

Títulos pós-fixados estão em alta

Segundo Marília Fontes, sócia-fundadora da empresa de análise de investimentos Nord Research, com a nova alta da Selic e com um outro aumento já esperado para a reunião do Copom de junho, os títulos pós-fixados acabam sendo os mais beneficiados dentro da renda fixa.
Esses papéis, como o próprio nome já indica, acompanham o rendimento que é pago pela taxa Selic. Portanto, conforme a taxa sobe, automaticamente os títulos pós-fixados também aumentam o retorno oferecido aos aplicadores, explica a sócia da Nord Research.
"Minha maior preferência neste momento recai sobre os pós-fixados, até porque, se continuarmos sendo surpreendidos com dados altos de inflação, esses títulos vão render mais porque a Selic vai ter de continuar subindo", diz Marília.
Entre as principais opções para o investidor se expor aos papéis pós-fixados no mercado, a especialista aponta os títulos Tesouro Selic, negociados pela plataforma online Tesouro Direto, com liquidez diária e aportes a partir de pouco mais de R$ 100,00.
Fundos de investimento do tipo DI de bancos e gestoras e CDBs emitidos por grandes instituições financeiras que paguem 100% do CDI, ou até um pouco mais do que isso, também são citados entre as opções.
Já no caso dos títulos prefixados ou daqueles indexados à inflação, que também podem ser acessados por meio do Tesouro Direto, a sócia da Nord lembra que o aumento dos juros pelo BC provoca um efeito negativo no patrimônio alocado nesses papéis conhecido como marcação a mercado.

É preciso visão de longo prazo para a renda variável

Luciane diz ainda que, no caso da Bolsa de Valores, a tendência é que as ações de um modo geral permaneçam sob intensa volatilidade nos próximos meses, em um ambiente de juros altos e incertezas eleitorais.
Mas para o investidor com uma visão de longo prazo, este pode ser um bom momento para comprar ações descontadas de empresas que entregarão resultados robustos em um horizonte maior de tempo, avalia a especialista.
Na carteira recomendada de ações do banco para o mês de maio, o setor financeiro, via Itaú e BTG Pactual, divide espaço com produtoras de commodities como Petrobras, Vale, Suzano e CPFL.
No acumulado de 2022, até 4 de maio, o índice amplo de ações Ibovespa registra valorização de 3,3%, até 4 de maio. "Nossa recomendação é que o investidor tenha sempre uma carteira diversificada e equilibrada em relação ao seu perfil", diz a superintendente.
Segundo Rafael Bevilacqua, CEO da Levante Ideias de Investimento, até mais do que o aumento dos juros, já amplamente esperado pelo mercado, o que mais acabou pesando para o desempenho fraco das ações locais recentemente foi a volta das restrições de mobilidade na China. Para ele, as preocupações dos investidores sobre o ritmo de recuperação do gigante asiático contribuíram para que a Bolsa brasileira registrasse em abril o primeiro saque mensal de estrangeiros no mercado local.
Bevilacqua avalia que, conforme a China comece a relaxar as restrições, o fluxo de capital internacional para o Brasil tende a gradualmente se restabelecer.

Diversificação na carteira ainda é recomendada

Superintendente executiva de investimentos do Santander, Luciane Effting endossa a avaliação quanto às oportunidades oferecidas neste momento.
O banco projeta uma taxa Selic de 13,25% ao final do ciclo de aperto monetário, com uma inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 7,9% no acumulado do ano.
"Com as projeções de juros e inflação nesses patamares, investimentos pós-fixados tendem a se beneficiar", diz a superintendente.
Ela ressalta, no entanto, que a diversificação do portfólio não deve ser deixada de lado.
Frente às incertezas no cenário, com a Guerra da Ucrânia e a alta dos juros nos Estados Unidos na cena global, e as eleições no Brasil, Luciane diz que uma recomendação que tem passado aos clientes é para que reservem algum espaço na carteira para os fundos multimercado.