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Responsabilidade Social

- Publicada em 08 de Novembro de 2021 às 03:00

ONG capacita mulheres para atuarem na construção civil

Projeto oferece cursos gratuitos de cerâmica, pintura e rejunte, entre outros da área

Projeto oferece cursos gratuitos de cerâmica, pintura e rejunte, entre outros da área


Mulher em Construção/DIVULGAÇÃO/JC
De capacete de segurança cor de rosa, elas põem a mão na massa no sonho de erguer suas próprias casas. A ONG Mulher em Construção (MEc) é uma iniciativa de ensino voltado para o público feminino com o objetivo de incluir mulheres no mercado da construção civil. O projeto oferece cursos gratuitos de cerâmica, pintura e rejunte, entre outros da área.
De capacete de segurança cor de rosa, elas põem a mão na massa no sonho de erguer suas próprias casas. A ONG Mulher em Construção (MEc) é uma iniciativa de ensino voltado para o público feminino com o objetivo de incluir mulheres no mercado da construção civil. O projeto oferece cursos gratuitos de cerâmica, pintura e rejunte, entre outros da área.
Na busca para abrir um novo mercado em que mulheres sem profissão e em situação de vulnerabilidade pudessem mudar suas vidas, no dia 8 de março de 2006, Bia Kern, fundadora e presidente da MEc, entendeu que a participação feminina na área de construção civil era muito tímida e que isso precisava de uma transformação.
Então, bem ali, no Dia Internacional da Mulher, com ajuda de professores voluntários e empresas de construção. "Quando uma mulher pega um trabalho e reforma seu espaço antigo, ela também se reforma internamente. Eu posso ser o que eu quiser, independente da minha força física", relata Bia. No começo eram 25 colegas, que conheceram o projeto através de cartazes espalhados em postes e paradas de ônibus. Hoje, já passaram mais de 5 mil alunas pelo projeto.
A ideia era trazer uma metodologia diferente, com novidades e logística, e também levar o conhecimento sobre todos os produtos de construção. Como não possuem espaço físico, as aulas acontecem da seguinte maneira: as mulheres vão até um local que a ONG foi contratada ou necessita de reforma - inclusive pode ser a casa de alguma aluna- e, a partir dali, tem oficinas práticas de cerâmica, pintura, instalação de gás, etc.
A Associação Cultural Vila Flores, no bairro Floresta, em Porto Alegre, foi um desses locais que a ONG ajudou. "Geralmente elas vêm com a primeira dificuldade: como é que posso fazer minha casa? Arrumar a minha casa? Aliado a isso, com certeza, vem a empregabilidade, que é o que mais a gente bate, pois é muito complicado", comenta Bia.
Logo que saem dos cursos, as mulheres se tornam independentes. Porém, através das redes sociais, elas se ajudam para entrar no mercado de construção civil. E nesse sentido, vários grupos de mulheres na construção se formam a partir da ONG, como as Irmãs à Obra.
Formada por líderes comunitárias que após adquirirem um terreno pelo Minha Casa Minha Vida contrataram a CooperHabitar para construir 175 casas. E, para ensinar as mulheres técnicas de preparação de parede e pintura predial, a cooperativa chamou a MEc. Em aula, foram pintadas 4 casas e as 30 alunas que participaram, corrigindo as imperfeições da alvenaria, aprontaram as paredes para recebimento dos produtos, fizeram cálculos de quantidade de material, aplicaram selador, massa corrida e tinta.
Outro grupo filiado ao MEC é o Cimento e Batom. Formada por chefes de família ex-alunas do projeto, elas já trabalharam em parceria com as Lojas TaQi numa oficina de pintura, reformando a creche Chapeuzinho Vermelho, em Cachoeirinha. "Elas mesmas vão criando porque vão à luta. Nossa situação é muito delicada ainda. Então ainda é um processo machista, mas tá abrindo cada vez mais em função dessas mudanças que tão ocorrendo no mundo", lamenta.
Um dos desafios que a organização enfrenta é conciliar os horários das aulas com os dessas mulheres, chefes de família, que precisam não apenas trabalhar, mas levar os filhos na creche, fazer as tarefas domésticas, cozinhar, entre outras coisas.
Foi pensando no lado delas e ao mesmo tempo, também, das pessoas que as recebiam, que o MEC precisou trabalhar para que o mercado entendesse todas essas questões. A partir dali, começaram a dar até consultoria e indicações para empresas que queriam colocar mulheres no mercado de trabalho. Deste modo, ajudou a propagar para além das aulas o conceito da mulher trabalhando na construção e ganhando seu espaço.

MEC busca parcerias para a realização dos cursos

Na pandemia, sem poderem dar aulas e com as obras paradas, a ONG quase acabou. Por não terem mantenedores, o MEC tá sempre buscando parcerias com empresas ou instituições que acreditam na sua causa para poderem oferecer os cursos. Nisso, Gisele Bündchen, através do Brazilfoundation, ajudou o projeto a distribuir 450 vouchers para mulheres que não tinham emprego por um período de 6 meses.
A ONG também está realizando uma campanha de arrecadação para ajudar 142 mulheres que moram nas periferias de Porto Alegre. O projeto Apoie uma chefe de família tem no seu contexto principal colaborar na complementação de renda alimentar contribuir com os custos operacionais da ONG. A meta é arrecadar R $48.300,00 para ajudar durante 3 meses. Para mais informações, consulte o site: www.mulheremconstrucao.org.br.
Para o futuro, a organização está trabalhando com a ComGás para conseguir expandir seus negócios até São Paulo. Em outubro, elas tiveram a primeira turma de mulheres gasistas do Brasil. E estão conversando com empresários para que eles possam compreender as questões das mulheres. "Tá sendo grata satisfação ver como elas estão recebidas, e os empresários também comecem a se preocupar com a questão de gênero. E entendendo que a mulher também vai fortalecer o trabalho deles através da mudança de comportamento", conta.