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RESPONSABILIDADE SOCIAL

- Publicada em 26 de Setembro de 2021 às 14:55

Canela cria casa de acolhimento para mulheres vítimas de violência

Com capacidade para 15 mulheres, Casa Vitória foi inaugurada em agosto

Com capacidade para 15 mulheres, Casa Vitória foi inaugurada em agosto


André Fernandes/Divulgação/JC
O município de Canela recebeu, neste mês, o primeiro espaço de acolhimento e apoio a mulheres vítimas de violência doméstica da região das Hortênsias. Trata-se da Casa Vitória, cujo objetivo é receber mulheres vítimas de violência doméstica, prestando um serviço especializado de acolhimento, realização de avaliação psicológica e social, além de assessoria jurídica e averiguação da necessidade de abrigamento da vítima e filhos no próprio local. Inaugurada em agosto, ela funcionará a partir da sanção de dois projetos de lei que instituem a iniciativa e dão providências para o funcionamento.
O município de Canela recebeu, neste mês, o primeiro espaço de acolhimento e apoio a mulheres vítimas de violência doméstica da região das Hortênsias. Trata-se da Casa Vitória, cujo objetivo é receber mulheres vítimas de violência doméstica, prestando um serviço especializado de acolhimento, realização de avaliação psicológica e social, além de assessoria jurídica e averiguação da necessidade de abrigamento da vítima e filhos no próprio local. Inaugurada em agosto, ela funcionará a partir da sanção de dois projetos de lei que instituem a iniciativa e dão providências para o funcionamento.
 Ao todo, foram 45 dias de trabalho, capitaneados pelo poder público em parceria com a iniciativa privada, no espaço que não tem seu endereço divulgado para preservação das vítimas. "Transformamos uma antiga igreja nesta casa, que ficou bastante acolhedora e funcional. Foi um trabalho de excelência. Agora, vamos atuar em duas frentes, uma de atendimento e outra de acolhimento. A partir do registro das ocorrências, quando os processos chegarem ao fórum, as vítimas serão encaminhadas à Casa Vitória para avaliação. Lá, haverá um atendimento jurídico, com advogados voluntários indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um atendimento psicológico. Só depois desse primeiro passo é que haverá a audiência preliminar.
Já o acolhimento, será destinado aos casos mais graves, em que não se consegue fazer o afastamento do agressor e elas precisam ser abrigadas. Lá, elas e os filhos, receberão todo o apoio necessário até que a assistência social encontre familiares ou ocorra o afastamento e ela esteja em segurança", explica a juíza da 2ª Vara Judicial da Comarca de Canela Simone Chalela, uma das idealizadoras do projeto.
 Durante a passagem pela Casa Vitória, a busca pela ressocialização das vítimas será um dos norteadores do trabalho. Para isso, além do apoio psicológico direcionado ao esclarecimento das situações de violência, também serão oferecidas oficinas terapêuticas e de aprendizagem.
 Em termos de estrutura, o imóvel em que a Casa Vitória foi instalada é de propriedade da prefeitura de Canela, que também se responsabilizará pelo fornecimento de água, luz e transporte. O espaço conta ainda com um sistema de câmeras, em parceria com a Brigada Militar, além de quartos respeitando a individualidade de cada família, sala de acolhimento com equipe técnica, cozinha, lavanderia e banheiros, sala de entretenimento infantil e sala de TV. Ao todo, poderão ser atendidas até 15 mulheres, em funcionamento ininterrupto.

Violência doméstica é um problema social

Em decorrência da pandemia, os casos de violência doméstica aumentaram de forma exponencial em Canela, pressionando a rede municipal de atendimento das vítimas. De acordo com Simone Chalela, juíza responsável por analisar e conceder as medidas protetivas na cidade, apenas em agosto foram, em média, duas por dia. "É um número altíssimo se a gente pensar no tamanho do município. E eu fico pensando nas que não denunciam. As que têm vergonha. Muitas vezes, a denúncia chega quando já é tarde demais", aponta.
Deste modo, ela destaca que, mesmo com trabalhos como a da Casa Vitória, cabe à sociedade se reeducar e prestar apoio às vítimas, por meio das denúncias. "Tanto mulheres quanto homens precisam rever a forma como enxergam o mundo. Há uma visão errada que vem ainda de quando somos crianças. Crescemos em uma cultura preconceituosa e machista. A violência doméstica não é um problema das mulheres, que, muitas vezes, nem sabem que são vítimas, é um problema social. Por isso, é preciso que as pessoas denunciem, mesmo se estiverem de fora, porque é a oportunidade de salvar uma vida. É um ato de coragem que pode libertar a mulher de um ciclo de violência do qual, sozinha, ela não vai conseguir sair."
Mesmo diante da alta de casos, a expectativa, tanto de Simone quanto de muitas outras mulheres, é de que espaços de acolhida como este, em algum momento, não sejam mais necessários. "É uma vergonha que, em 2021, tenhamos que ter uma casa para receber vítimas de violência doméstica. Se pararmos para pensar, é um contrassenso com a nossa evolução. Minha intenção, trabalhando por essa iniciativa e principalmente pela conscientização, é que ninguém mais passe por isso. Eu queria que a Casa Vitória fosse só um marco histórico no município de Canela, e não uma necessidade, como é hoje em dia", afirma.

Saiba como ajudar e denunciar

No momento, a Casa Vitória está com sua estrutura completa e a maior demanda é por apoio de voluntários, que deverão atuar até que a administração seja efetivamente concedida a uma instituição terceira. Além disso, ajuda profissional, com prestação de serviços de diversos gêneros são bem-vindas.
Interessados devem entrar em contato através e-mail [email protected] ou pelo telefone (54) 99181-3052.
Já as denúncias de casos de violência devem ser feitas por meio da Central de Atendimento à Mulher, pelo número 180, ou diretamente a Brigada Militar, no 190.