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Empresas & Negócios

- Publicada em 18 de Setembro de 2021 às 09:00

Brio se prepara para o retorno gradual do público aos jogos

Paulo Pinheiro avalia que avanço da vacinação e protocolos sanitários dão mais tranquilidade para retomada das atividades

Paulo Pinheiro avalia que avanço da vacinação e protocolos sanitários dão mais tranquilidade para retomada das atividades


Vini Dalla Rosa/Divulgação/JC
João Pedro Rodrigues
O debate acerca do retorno do público aos estádios tem sido recorrente nos últimos dias. Diante do aumento da vacinação, que vem reduzindo os índices de internação em diversas regiões do País, entidades ligadas ao setor de eventos já dialogam para encontrar a melhor maneira de promover esta retomada.
O debate acerca do retorno do público aos estádios tem sido recorrente nos últimos dias. Diante do aumento da vacinação, que vem reduzindo os índices de internação em diversas regiões do País, entidades ligadas ao setor de eventos já dialogam para encontrar a melhor maneira de promover esta retomada.
No final da semana passada, o governo do Estado do Rio Grande do Sul publicou um decreto que autoriza o retorno de torcedores aos estádios. O documento assinado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) estabelece, dentre outros protocolos, a limitação do público para 40% da capacidade de cada setor do estádio, com limite máximo de até 2,5 mil pessoas.
No entanto, fora os jogos da Divisão de Acesso, equivalente à segunda divisão do estadual, o decreto depende da autorização de outros governadores e das definições junto à CBF para ser efetivado. No dia 8 de setembro, a confederação, através do conselho técnico do Brasileirão, decidiu que ainda não haverá público nas partidas, e, agora, os integrantes voltarão a se reunir no próximo dia 28 para discutirem sobre o tema mais uma vez.
Frente a esse cenário, clubes e administradores de estádios se mantêm atentos às novas atualizações, buscando se preparar para a retomada. Paulo Pinheiro, CEO da Brio, empresa parceira do Sport Club Internacional na administração do Estádio Beira-Rio avalia que, para a retomada acontecer dentro dos padrões de segurança e saúde exigidos pelos órgãos competentes, todos os envolvidos, dos organizadores de campeonatos ao público, da produtora de shows ao torcedor, devem unir forças e seguir à risca as orientações dos protocolos.
Jornal do Comércio - Como a Brio está se preparando para um possível retorno do público aos estádios?
Paulo Pinheiro - Eu acho que tem duas máximas sobre esse assunto. Primeiro, temos que atender os protocolos e fazer de tudo para que o torcedor possa voltar aos estádios e tenha toda a tranquilidade e segurança para isso, de forma que ele se sinta confortável para ir aos jogos. Segundo, temos que nos preparar olhando as experiências que estão ocorrendo no Brasil e no mundo afora. Vários eventos estão acontecendo com público. Essas experiências são fundamentais para vermos como está funcionando e fazer funcionar aqui também.
JC - Que tipo de adaptações devem ser feitas para se adequar aos protocolos?
Pinheiro - Na Brio, todas as cadeiras são numeradas, e as pessoas as adquirem em determinado local que elas querem ver o jogo. Com as adaptações, a pessoa que quiser ir ao jogo, muito provavelmente, não vai poder sentar na sua cadeira, porque o protocolo está acima desta definição. Se o protocolo define que nós vamos ter 2,5 mil pessoas no estádio todo, ou num setor do estádio (ainda não está muito esclarecido), possivelmente ela não vai sentar na sua cadeira, mas em uma das já pré-estabelecidas.
JC - Qual a diferença entre abrir um único setor e abrir o estádio todo para o público?
Pinheiro - No Beira-Rio, por exemplo, é possível acomodar essas 2,5 mil pessoas em um único setor respeitando todos os protocolos. Isso reduz muito o custo de operação do estádio e ainda permite que nós possamos exercitar de forma muito mais efetiva os protocolos de segurança. Mas, o que for definido nós vamos ter que atender. Torcemos para que, rapidamente, nós possamos evoluir desses 2,5 mil para um número maior.
JC - O decreto não define se há necessidade ou não da apresentação de carteira de vacinação para um possível retorno dos torcedores. Como deve ficar essa questão?
Pinheiro - Acredito que ainda possa haver algum tipo de revisão, mas, além disso, temos os regulamentos das competições. A Conmebol, a CBF e a Federação Gaúcha de Futebol, por exemplo, já têm protocolos para os seus campeonatos. Então, isso já é um assunto que vem sendo tratado há bastante tempo. A Expointer, também, não exigiu vacina e nem teste, mas uma declaração de responsabilidade. É uma experiência. Pensando na questão financeira do torcedor, se ele tem que ir ao local, pagar ingresso e ainda pagar por um teste, o custo começa a ficar mais elevado. Já a vacina é de graça. Então, eu acho que isso também tem que ser pensado. É preciso dar a opção ao torcedor de forma que ele possa pensar também na questão econômica, que é muito relevante hoje também.
JC - E, quanto aos shows, há perspectiva de retorno também?
Pinheiro - Alguns eventos menores já começaram a ser realizados, e as produtoras também já estão demandando. Esse movimento começa com os shows nacionais, porque os internacionais ainda dependem de questões mais complexas. Mas, existe, sim, a possibilidade. As conversas já iniciaram. Se acelerar um pouco a liberação para os protocolos, talvez tenhamos eventos ainda este ano. Certamente, teremos em 2022 e 2023, não só no Beira-Rio mas em todos os estádios Brasil afora. As turnês internacionais voltarão e nós estaremos preparados para atendê-las.
JC - O que difere a retomada de público para jogos e shows?
Pinheiro - A logística de um show é muito mais complexa do que a logística de um jogo de futebol, até porque os jogos já estão acontecendo sem público. Seria uma ampliação disso. Mesmo sem público, há funcionários e equipes, além dos jogadores e árbitros. Então, nós já estamos exercitando os protocolos. Um grande show ainda não aconteceu no Brasil. É muito complicado de operacionalizar. O ideal era que fosse limitado, que houvesse comprovação de segurança para a pessoa e para os demais que fossem ao show, seja por vacinação, seja por testagem, seja por uma responsabilização pessoal de cada um. E, além de tudo isso, ainda tem o custo benefício.
JC - Em que sentido?
Pinheiro - Em março de 2016, por exemplo, o Beira Rio recebeu os Rolling Stones, uma banda que custou milhões de dólares para trazer para Porto Alegre. Como pagar essa conta com um público reduzido? Quanto deveria custar o ingresso para ver uma banda como essa com um público que não seja de 50 mil pessoas? Quando se reduz a quantidade de pessoas, é preciso aumentar o valor do ingresso. Então, será que vale a pena? Toda a cadeia precisa pensar junto em como viabilizar.
JC - Quais foram os maiores desafios da administração durante a pandemia?
Pinheiro - Nós olhamos para o lado da despesa. Então, em primeiro lugar, utilizamos todas as ferramentas que o Governo federal possibilitou às empresas, como renegociação de financiamentos, redução de jornada de trabalho e salário dos funcionários, suspensão de contratos e renegociação com os fornecedores e com os prestadores de serviço. Utilizamos tudo o que estava ao nosso alcance, tanto que conseguimos manter a quantidade de funcionários. Quanto à receita, muitos torcedores, entendendo a situação, continuaram pagando as suas mensalidades. Isso é fantástico. As empresas que têm contratos de patrocínio e publicidade conosco também mantiveram os seus pagamentos. As palavras chave desse período foram negociação e adaptação.
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