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Reportagem especial

- Publicada em 12 de Setembro de 2021 às 14:36

Para lojistas, fim de ano chega com altas expectativas no varejo

Há otimismo entre os comerciantes, que esperam uma virada nas vendas no último trimestre do ano

Há otimismo entre os comerciantes, que esperam uma virada nas vendas no último trimestre do ano


ANDRESSA PUFAL/JC
O avanço da imunização, junto com o retorno às atividades presenciais, vem estimulando o maior movimento nas lojas de moda. Além disso, a aproximação das festas de final de ano reforça a expectativa de retorno das vendas ao período pré-pandêmico.
O avanço da imunização, junto com o retorno às atividades presenciais, vem estimulando o maior movimento nas lojas de moda. Além disso, a aproximação das festas de final de ano reforça a expectativa de retorno das vendas ao período pré-pandêmico.
"Estamos esperando um Natal muito bom. Nossa orientação é para o lojista se preparar com previsão de acréscimo nas vendas de 10% sobre o Natal de 2019", comenta Paulo Kruse, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), desconsiderando o ano atípico que foi 2020.
O cenário para o varejo de confecção e calçados traz, porém, o desafio de equalizar a alta generalizada de preços e driblar a falta de alguns itens nos catálogos por escassez de matérias-primas na indústria e problemas logísticos. A receita é planejamento. "Como a recuperação ocorre de maneira gradativa, o mercado está se ajustando na oferta e não devem faltar produtos", afirma Irio Piva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA).
A percepção de que a coleção verão está garantida é baseada nas encomendas para as fábricas, praticamente já fechadas. Neste momento, inclusive, fábricas estão em processo de produção da maior parte do volume das peças de verão. Com isso, o presidente da CDL avalia que a falta de alguns materiais não tira a capacidade da indústria de produzir à medida em que é demandada, pois serão reposições, sem um cenário de boom de consumo.
O varejo estará preparado para atender ao aumento de demanda no último trimestre, reforça Sérgio Galbinski, presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Segundo o dirigente, desde que as lojas deixaram de abrir e fechar, não houve falta de estoque, apenas questões pontuais, como troca de marca, de modelo ou substituição de tecido de determinada peça de roupa, exemplifica.
Não deve faltar mercadoria, mas o consumidor pode ter à disposição uma oferta menor. "O comerciante está comprando, mas está com dificuldade de conseguir alguns produtos e, quando consegue, é com preço elevado", admite o presidente do Sindilojas Porto Alegre, referindo-se ao varejo em geral. É justamente a elevação de preços para o lojista, entre 20% a 30% em relação ao mesmo período de 2020, o principal fator de preocupação, e que pode dificultar o retorno das vendas à normalidade.
O algodão é um exemplo. O valor disparou nos últimos meses pela menor disponibilidade da matéria-prima. Fábricas de lençóis e roupas, por exemplo, optaram por adaptar a oferta e a demanda, confeccionando peças mais finas, o que reduz a variedade e ajuda a amenizar o impacto da elevação de preço.
Nos grupos de WhatsApp de lojistas em que participa, Galbinski percebe otimismo e, ao mesmo tempo, cautela nas encomendas. Outra tendência é de que os lojistas seguirão apostando em um mix de produtos que privilegiar o conforto.
Após um 2020 atípico em vendas e acúmulo de peças encalhadas, lojistas de moda que conseguiram sobreviver encaram o último trimestre do ano como a virada de chave sobre a crise que se abateu sobre o segmento do varejo mais prejudicado na pandemia, quando boa parte da população se fechou em casa para se proteger da Covid. Afinal, poucos investem em roupas para ficar em casa ou, quando compram, são itens de menor valor.
"A gangorra vai pender para o lado da moda, que é o setor que tem mais sofrido desde a chegada do vírus. As pessoas entenderam que lojas não são locais de propagação de vírus e, agora que começamos a vacinar, há perspectiva de alcançarmos as vendas de 2019", considera Galbinski.

 

Regular estoques e aprimorar compras reduzem riscos

Buscar diferentes fornecedores de uma mesma categoria de produtos evita falta de produto

Buscar diferentes fornecedores de uma mesma categoria de produtos evita falta de produto


ANDRESSA PUFAL/JC
Como parte das indústrias enfrenta o problema da falta de insumos, uma das estratégias do varejo, especialmente o de médio e grande parte, é trabalhar com diferentes fornecedores de uma mesma categoria de produtos. É o caso da Lojas Lebes, rede com mais de 190 lojas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que adota a política de manter um mix diversificado e descentralizado.
"Um ponto importante é distribuir volume entre vários fabricantes. Outro, é estar com estoque regulado", detalha Marcelo Bittencourt, diretor de Compras Eletromóveis e Serviços Financeiros da Lojas Lebes. Segundo o executivo, os estoques em eletromóveis estão 70% acima de agosto do ano passado, o que considera um volume estabilizado.
A rede fundada em São Jerônimo já finalizou todo o planejamento da linha marrom e branca para a Black Friday e Natal, agora aguarda que as encomendas vindas da China sejam entregues no prazo. Mesmo sem garantia de 100% no recebimento das mercadorias, caso um dos fornecedores tenha dificuldade na entrega por problemas logísticos, Bittencourt projeta que outros fabricantes devem suprir a demanda. "Não se tem todo o volume, na hora que quer, onde quer, mas as dificuldades são específicas em chips e semicondutores", ressalta o diretor da Lebes.
Na Dullius, rede com 24 lojas, 2021 segue trazendo alguns percalços na área logística. O proprietário Claudir Dullius cita problemas de navio, custo e dólar na entrega de um grande pedido proveniente de fabricante da China, que não puderam cancelar. "Roupas de inverno, como casacos e blazers, chegaram somente em 20 de julho, quando já estávamos liquidando. Ainda assim, deu para vender porque fez bastante frio. Foi uma dificuldade, mas que no final deu certo", conta o empresário, com alívio.
A Lebes também atua com marca própria de confecção, a New Free, com unidade produtiva em São Jerônimo. "Por termos fábrica de roupas, conseguimos nos adaptar mais rapidamente, com maior agilidade, sem risco de faltar estoque", explica Otelmo Drebes, presidente da empresa. Em 2020, com a queda nas vendas, a fábrica da Lebes começou a fazer máscaras de tecidos para doação. "Me orgulho de ter mantido a estrutura administrativa, gerencial e diretiva da empresa, que hoje está preparada para crescer daqui para a frente. Tomamos essa decisão quando estávamos perdendo dinheiro, mas assim mantivemos empregos e continuamos pagando os impostos", conta Drebes.
 

Diferentes estratégias para enfrentar disrupção no comércio mundial

Decisões no começo da pandemia ajudaram a minimizar crise, afirma Bocayuva

Decisões no começo da pandemia ajudaram a minimizar crise, afirma Bocayuva


USAFLEX/DIVULGAÇÃO/JC
"No começo da pandemia, estávamos no meio do mar com barco à deriva, não sabia onde era a terra e o infinito." A frase, de Claudir Dullius, que comanda a rede de lojas no Interior, resume a sensação de muitos empresários da área de moda em 2020. A decisão inicial foi cancelar compras, assim como se viu em outras empresas do varejo. "Achávamos que pararia por umas semanas, nunca imaginávamos que fosse tão longe", recorda Dullius. Quando viu a necessidade de voltar a abastecer as lojas com a marca própria Reisen, a Dullius teve problemas porque as grandes redes, que importavam peças acabadas da China, começaram a faccionar roupas no Brasil, o que gerou disputa por mão-de-obra.
A quebra nos estoques foi generalizada no varejo e resultado de uma série de fatores. De acordo com Sérgio Galbinski, presidente da AGV, a falta de previsibilidade da reabertura das lojas levou à suspensão das encomendas, principalmente de vestuário e calçados. Quando as lojas foram atrás de novas coleções, foi a vez de os fornecedores estarem desorganizados. A realidade é que até hoje a produção não voltou à normalidade nas fábricas de metais, materiais de construção, móveis, automóveis etc.
"Houve uma gangorra muito grande do que era vendido", lembra Galbinski. Ao mesmo tempo em que peças de vestuário ficaram encalhadas, as pessoas foram atrás de produtos para o lar, material de construção e de escritório, equipamentos... e tudo com aumento de preços, seja pela desvalorização do real ou dos custos de logística, que vem se multiplicando.
Nas fábricas da Usaflex, por questão de segurança, a estratégia em 2020 foi travar o faturamento do Dia das Mães. "Foi atitude correta, muitas indústrias achavam que a crise seria por um curto espaço de tempo, e tivemos assertividade, pois gerou sobrestoque", assinala Sergio Bocayuva, CEO da Usaflex. O estoque foi de quase dois meses, muito superior à média de 15 dias. Na curva do ano, acabou se equalizando e o resultado não foi considerado ruim para um ano tão atípico. "Fomos ágeis para sanar a crise", conta Bocayuva.
Na linha de eletromóveis, o cancelamento de pedidos por parte das lojas em março do ano passado levou a indústria a parar a produção, explica Marcelo Bittencourt, diretor de Compras Eletromóveis e Serviços Financeiros da Lojas Lebes.
O que não estava previsto, até por ser uma situação nova, foram demandas provocadas pelo home office e pelo homeschooling. Dispararam as vendas de notebooks, computadores, celulares, móveis de escritório e televisores de abril para maio, enquanto a cadeia já estava desmobilizada. Nos dois meses seguintes, o varejo foi consumindo o estoque e, somente em outubro, a oferta se ajustou, apontando um bom quarto trimestre.
"O mundo tem muita capacidade de produzir. Se o comportamento de consumo tivesse mudado em apenas um país, seria resolvido, mas o fenômeno é mundial", afirma Irio Piva, presidente da CDL Porto Alegre. Em praticamente tudo o que consumimos tem, pelo menos, um componente importado. Ou seja, uma fábrica depende de outra e a falta de um insumo impede que determinado produto seja acabado. A questão é que, dependendo do tipo de produto, a reorganização não é no curto prazo.
A fábrica da GM, em Gravataí, é um exemplo. Ficou com a produção paralisada cinco meses, entre março e agosto deste ano, por falta de suprimentos, especialmente semicondutores. O componente, aliás, não afetou só o segmento automotivo, mas o eletrônico. A escassez é consequência da explosão de demanda por aparelhos digitais em paralelo à paralisação fabril, das sanções americanas à China, que mudaram a geografia de fornecimento, e ao caos logístico da crise.
Os próximos três meses serão de muita atenção, pois qualquer dificuldade logística têm um impacto mundial. Neste ano, não foram poucos. Em março, o encalhe de um navio no Canal de Suez por seis dias fechou a rota por onde passam 12% de todo o comércio global. Dois meses depois, a China interditou o porto de Yantian, na província de Shenzhen, por causa do coronavírus, causando atrasos no embarque de mercadorias.
Em agosto, a Covid forçou o fechamento do terceiro maior terminal de contêineres do mundo, localizado próximo à cidade de Ningbo. A suspensão teve impacto generalizado, e acendeu o alerta de que o governo chinês possa novamente suspender o transporte em caso de novos casos da doença.

Transformação digital é acelerada no varejo

Ferramenta de inteligência artificial antecipa comportamento de cada item na loja, afirma Guilherme Masseroni (sentado, bem à direita)

Ferramenta de inteligência artificial antecipa comportamento de cada item na loja, afirma Guilherme Masseroni (sentado, bem à direita)


james tip/divulgação/jc
A transformação recente nos hábitos de consumo aprofundou e acelerou a digitalização de empresas de varejo, e vai muito além das vendas por e-commerce. A adoção de sistemas de gestão de processos e de ferramentas de inteligência artificial é estratégica para aumentar a eficiência e os resultados.
"A mudança de comportamento no varejo, que demorava cinco anos, hoje é seis a oito meses. O grande salto é prever o desejo do consumidor e ter estoque balanceado para pronta entrega, pois pessoas não querem mais aguardar", afirma Guilherme Masseroni, CEO do James Tip, startup que desenvolveu uma plataforma de inteligência artificial para previsão de demanda, a partir do cruzamento de dados, processando 2,2 bilhões de cálculos por segundo. A empresa é parceira da CDL POA no desenvolvimento e comercialização da ferramenta preditiva Info Hub para gestão de estoque e associados da CDL têm desconto para acessar o serviço.
A ferramenta cria modelos de comportamento para o varejista antecipar em cada loja e em SKU (sigla em inglês para Stock Keeping Unit, ou seja, o código de cada item armazenado). Masseroni destaca que a análise dos serviços de cada fornecedor é realizada de forma automática, indicando 15 a 30 dias antes da falta de determinado produto, levando em conta o modelo de reposição de estoque e a capacidade de entrega. "Cada fornecedor é classificado em um ranking de serviços: se atrasa, a ferramenta vai indicar para ter estoque regulador maior, e tudo isso reflete no capital de giro, na redução de homem/hora, no resultado", afirma.
Para ampliar sua eficiência operacional, a Usaflex, com quatro unidades produtivas de calçados no Estado e uma rede com 246 lojas franqueadas espalhadas no País, trocou seu sistema de gestão. Há dois meses, a empresa terminou a implantação do projeto SAP S/4HANA Fashion, com objetivo de profissionalizar operações, a partir da ampliação do uso de tecnologia que permitirá maior eficiência e agilidade nos processos, além de ganhos com a geração de dados em tempo real e a computação em nuvem. "Tive de cortar quase um mês e meio de produção e colocar quase todo o estoque de pronta entrega. Agora, estou com volume de encomendas gigantesco, retomando a produção e acelerando as contratações", explica Sergio Bocayuva, CEO da Usaflex. Da média de 26 mil pares ao dia, as fábricas estão produzindo hoje cerca de 20 mil pares.
Também há dois meses, a Lojas Lebes finalizou a implantação de novo sistema de soluções SAP. A rede adotou o S 4 HANA Retail for Merchandise Management. "Estava programado há dois, três anos, e fizemos a troca de todos os sistemas no meio da pandemia, com todo mundo trabalhando virtualmente", detalha Otelmo Drebes, presidente da empresa. O objetivo da empresa, destaca o empresário, é deixar a marca cada vez mais digital para facilitar a vida dos clientes.

Evolução chega ao ponto de venda

Para Gustavo Schifino, a moda deve ser menos efêmera, desestimulando o consumismo

Para Gustavo Schifino, a moda deve ser menos efêmera, desestimulando o consumismo


CLAITON DORNELLES/arquivo/JC
A forma de encarar o ponto de venda está em evolução. "O varejista deve transformar ponto de venda em ponto de relacionamento, em market place da era digital", considera Gustavo Schifino, CEO da DX.CO, plataforma de transformação digital da 4all, que desenvolve startups. Para o executivo, não se deve ficar restrito a vender apenas o que se produz ou comprou de outra empresa.
Ele exemplifica que a Amazon comercializa 49% de itens que comprou. Os outros 51% são mercadorias que repassa de terceiros. Para o executivo, o comércio está inviabilizado de ter estoque por não conseguir assumir o ônus de um produto que não é vendido. "Se ocorrer, não dá para a indústria lavar as mãos e dizer para o varejista: dá teu jeito", destaca Schifino.
Outra mudança no cenário de moda é o desenvolvimento de coleções menos descartáveis. "Não tem muito sentido ter uma moda tão efêmera. Devemos ter vários tipos de moda simultaneamente, pois mudou um pouco a lógica do que é velho e do que é novo", considera Schifino, explicando que a tendência é uma moda que otimize desenvolvimento de produtos e estimule menos o consumismo.
Nesta temporada, por exemplo, a produção, que pulou uma coleção de inverno e uma de verão não deverá ter grandes lançamentos de primavera-verão, acredita o CEO da DX.CO.
A rede de lojas Dullius tem um projeto de mudança para os pontos de venda. A empresa pretende ter lojas menores, com estoque centralizado em uma matriz. A ideia é que o produto seja enviado, no máximo, em 36 horas para a casa do cliente ou que ele possa retirar em 24h a mercadoria na loja. A lógica é ter agilidade na compra e velocidade na entrega.
"O estoque pode ser a salvação, quando é assertivo. Tem de haver logística veloz, produto certo, na hora certa e, quando não quer mais, tem de se desfazer logo porque o produto é o combustível do varejo. Quando mal gerenciado, pode matar uma loja", diz o empresário Claudir Dullius.

Pandemia mudou perfil dos tamanhos das roupas

Mudança no tamanho do manequim estimula vendas, a exemplo de Daniela Martins, que perdeu 15 quilos

Mudança no tamanho do manequim estimula vendas, a exemplo de Daniela Martins, que perdeu 15 quilos


arquivo pessoal/divulgação/jc
A administradora Daniela Martins encara o armário de roupas com a felicidade e o desafio de quem já não cabe nas próprias roupas. Após ter eliminado 15 quilos, está atrás de peças novas, especialmente lingerie, calças e bermudas. Mas ainda é comedida, pois está em um processo de perda de peso após uma cirurgia bariátrica em julho: tem a meta de emagrecer mais 10 quilos.
"A maior diferença são as calças, mas notei também nas blusas. Recentemente, coloquei básica de lã e casaco sem apertar os braços, isso é inédito", conta. Além da necessidade, agora Daniela tem o prazer de poder escolher itens que mais lhe agradam, já que antes, muitas vezes, não encontrava no tamanho adequado a sua silhueta.
A decisão pela cirurgia veio após Daniela aumentar 10 quilos desde março de 2020, quando a Covid-19 chegou ao País. O peso foi aumentando junto com a necessidade de se resguardar, com a filha Ana, de dois anos, e o marido, Douglas Brzezinski. Sem ter como ir para a academia ou mesmo à rua, a jovem começou a buscar alternativas para emagrecer e atender a pequena, que a cada dia fica mais exigente por atenção e mobilidade. "Fiz isso pela Aninha, até porque o exemplo de alimentação tem de vir da gente. Agora, nossa comida é mais saudável e o Douglas acompanhou, já perdeu 11 quilos", comemora.
A realidade de Daniela se multiplica nos lares gaúchos. Assim como ela, muitos perderam ou ganharam peso durante a pandemia por ficarem mais tempo em casa, e agora precisam investir em novas peças de roupas, afirma Sérgio Galbinski, da AGV. Somado ao contingente de pessoas que mudaram de tamanho no período, o retorno às atividades do dia a dia e a proximidade com as festas de final de ano estimulam a volta às compras - especialmente de confecção e calçados.
A retomada é um alento para a economia, pois o consumo de moda foi fortemente reduzido no ano passado, como mostra levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS). Na pesquisa Consumidor gaúcho de moda, perfil e hábitos de consumo, 63,7% das pessoas relataram que reduziram as compras de roupas, calçados e acessórios. A média de compra de um item a cada três meses saltou para um item a cada quatro meses.
Agora, enquanto uns apostam no último trimestre do ano para retomar as vendas de épocas promissoras, outros lojistas já conseguiram alcançar melhores resultados. Na Lebes, com exceção de março, a empresa registrou incremento acima de dois dígitos em todos os meses do ano na comparação mensal com 2019. E, de setembro a dezembro, a estimativa de faturamento da linha mole é ficar 10% acima do resultado do último trimestre de 2019. A Lebes, assim como outras redes do varejo, nem considera 2020 para avaliar seu desempenho atual.
Na Dullius, depois do tombo de março, as vendas aumentaram a partir de maio até o Dia dos Pais. "Percebemos que o pessoal estava indo às compras quase como uma desforra, principalmente as mulheres, que ficaram quase o ano passado sem comprar e este ano compraram muito bem", diz Claudir Dullius, proprietário da rede. Uma 'parada' após meados de agosto foi também relatada nas conversas do empresário com colegas de todo o Brasil, seja por sua participação como diretor da AGV ou da Associação Brasileira de Lojistas de Calçados (Ablac). "Parece que houve uma pequena estafa nas vendas", observa.
 

Preparando a casa para 2022

Após o fechamento de cerca de 20% das lojas, segundo dados da AGV, o próximo ano deverá ser de página virada para o varejo. Os projetos mostram que, internamente, as empresas estão fazendo o dever de casa. Além dos investimentos em gestão e tecnologias, se multiplicam iniciativas inovadoras em marketing e na forma de atrair e atender os clientes. "Vejo 2022 com grandes perspectivas no Estado no País, pelo trabalho que estamos fazendo nas áreas de vendas, custos e de treinamento de pessoal", afirma o empresário Otelmo Drebes, da Lojas Lebes.
Uma das ações da Lebes é preparar a rede para que o consumidor possa comprar onde quiser, receber onde quiser e pagar da forma que é possível. Para isso, foi adotada a estratégia de omnichannel: sem separação de canais entre a venda online ou física.
É o um novo momento também para a Dullius. "Temos de cuidar dos detalhes, o layout das lojas, o treinamento, o jeito de vender. É o delivery, o e-commerce. Compra pelo e-commerce e retira na loja. Ou vai na loja, olha e experimenta", explica Claudir Dullius, que comanda a rede.

* Karen Viscardi é formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (Pucrs). Atuou como editora no Jornal Zero Hora, e como editora e repórter no Jornal do Comércio.