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Empresas & Negócios

- Publicada em 04 de Setembro de 2021 às 14:00

'Construir valor vai além de gerar emprego', afirma executiva da BRF

Grazielle Parenti destaca nova política de compra sustentável de grãos

Grazielle Parenti destaca nova política de compra sustentável de grãos


BRF/DIVULGAÇÃO/JC
Marcelo Beledeli
Uma das maiores companhias de alimentos do mundo, a BRF está colocando em prática um plano ambicioso de crescimento, o Visão 2030. O objetivo é levar a empresa a alcançar uma receita anual superior a R$ 100 bilhões até 2030, período em que são previstos investimentos de mais de R$ 55 bilhões. Para isso, a companhia, que detém marcas como Sadia, Perdigão, Qualy e Banvit, espera consolidar a sua liderança, não apenas oferecendo marcas fortes e produtos de alta qualidade, mas também buscando a admiração do consumidor.
Uma das maiores companhias de alimentos do mundo, a BRF está colocando em prática um plano ambicioso de crescimento, o Visão 2030. O objetivo é levar a empresa a alcançar uma receita anual superior a R$ 100 bilhões até 2030, período em que são previstos investimentos de mais de R$ 55 bilhões. Para isso, a companhia, que detém marcas como Sadia, Perdigão, Qualy e Banvit, espera consolidar a sua liderança, não apenas oferecendo marcas fortes e produtos de alta qualidade, mas também buscando a admiração do consumidor.
Para alcançar esse objetivo, a BRF possui o desafio de atender a novos anseios da sociedade, em especial ao que se refere às práticas ambientais, sociais e de governança - o chamado ESG, na sigla em inglês. Para guiar a companhia nesses rumos, a gaúcha Grazielle Parenti assumiu em janeiro o cargo de vice-presidente global de relações institucionais, reputação e sustentabilidade.
Com mais de 25 anos de experiência na indústria de alimentos, a executiva, que também é a dirigente do Instituto BRF (responsável por coordenar a gestão do investimento social da empresa) e Presidente do Conselho da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), está ajudando a traçar metas ambiciosas para estabelecer uma cultura de sustentabilidade e diversidade na companhia.
JC Empresas & Negócios - De que forma a sustentabilidade se encaixa dentro dos planos de crescimento da BRF?
Grazielle Parenti - Ela é parte fundamental. Temos trabalhos em geração de energia renovável, melhoria da gestão de resíduos, da nossa logística. Recentemente anunciamos uma nova política de compra sustentável de grãos, para ajudar a combater o desmatamento. A BRF se posiciona de uma forma forte em relação a esse tema. Em junho, anunciamos o plano de ser Net Zero, ou seja, ser neutros em emissões de carbono, até 2040. Tudo isso está dentro de investimentos, não tem nada dissociado. Na Visão 2030, onde temos por objetivo triplicar a empresa, só vamos poder fazer isso se a gente continuar tendo fornecimento de energia, de água, e se tivermos pessoas e seus talentos para trabalhar com a gente. Isso só vai continuar acontecendo se desfrutarmos da confiança dos nossos acionistas, dos nossos stakeholders e do público em geral. Para isso, a gente traz para a decisão de negócios os nossos parâmetros de atuação, metas ESG atreladas à remuneração, e nossos compromissos públicos como empresa listada no Brasil e nos Estados Unidos. Isso traz essa credibilidade e confiança, porque o ESG é uma gestão de risco levada a uma outra dimensão. O que os acionistas e os stakeholders querem é, justamente, ver de que forma essa empresa está trabalhando esses desafios e construindo valor. E a questão de construir valor vai além de gerar emprego e pagar imposto. De uma empresa do tamanho da BRF é esperado mais.
E&N - Quais são os principais investimentos previstos pela empresa em sustentabilidade para os próximos anos?
Grazielle - A questão da compra sustentável de grãos, por exemplo, passa por um investimento em tecnologia, em trazer parceiros que trabalham com inteligência artificial, georreferenciamento, para que a gente tenha muita clareza de onde e com quem nós estamos comprando, quem faz negócios com a BRF. Anunciamos o compromisso de ter 100% dos grãos da BRF, de fornecedores diretos e indiretos, rastreados até 2025. Então, aí tem investimento. Também anunciamos, em março deste ano, uma parceria com o Banco do Brasil para levar, aos integrados da BRF, condições diferenciadas de financiamento para acesso a energia solar e apoio técnico para que eles possam ter essa fonte energética nas suas granjas, fazendo com que elas sejam ainda mais competitivas do ponto de vista financeiro. Além disso, estamos trabalhando com a questão do uso de biogás, outro setor que tem investimentos. Ainda em termos de energia, temos outra meta, de que pelo menos 50% do nosso consumo de energia seja proveniente da autoprodução através de energia solar e eólica. E também temos trabalhado com eficiência operacional, ou seja, nossa logística, como um CD (Centro de Distribuição) sustentável que será construído no Espírito Santo, o primeiro deles, um projeto que chegará em todos os outros.
E&N - Como avalia a imagem ambiental do Brasil e do agronegócio brasileiro no exterior?
Grazielle - Empresas grandes como as nossas, os grandes participantes desse sistema alimentar, nós somos, em geral, empresas licitadas. Então somos empresas com transparência, falando sempre o que estão fazendo. Isso ajuda muito a desmistificar muitas informações inverídicas que são faladas. Por outro lado, entendemos que o Brasil tem a oportunidade de se tornar uma potência ambiental. Só nós podemos ser um grande país produtor de alimentos e ainda vender serviços de proteção ambiental. Temos, como país, uma oportunidade gigantesca de entender isso, que produzir alimentos pode se combinar com a questão de proteção ambiental.
E&N - Que ações a empresa está trabalhando no sentido de valorizar a presença feminina em cargos de gestão?
Grazielle - Assinamos o pacto Equidade é Prioridade com o Pacto Global da ONU, o que é muito relevante. Vejo um avanço cada vez maior de mulheres em gestão de empresas. Não é fácil, mas eu espero que cause menos estranhamento. Tenho duas filhas na faixa dos 20 anos que estão entrando agora no mercado de trabalho, e eu espero que elas, quando estiverem na posição que estou hoje, se assim quiserem, que isso não cause estranhamento como ainda causa. E está mais do que provado que diversidade traz rentabilidade. Pensando na gestão de risco em uma empresa, quanto mais pontos de vista diferentes você tem, melhor a decisão que você toma. Mas isso é um processo, uma evolução. E cabe a nós - e no meu caso, que já estou numa posição de liderança - trazer outras mulheres para este lugar. E aos homens que estão aqui também, porque a gente não faz mudança quando só um quer.
E&N - O setor agropecuário é tradicionalmente visto como mais "conservador", menos afeito a mudanças. O agronegócio brasileiro desmente essa ideia?
Grazielle - Para você ser um player global como nós, você tem que estar sintonizado com o que está a uns 5 ou 10 anos à frente do que você está fazendo. Não tem como não fazer isso, seja pelo escrutínio dos investidores, pelos instrumentos de mercado que aferem, que pedem compromissos, políticas e transparência com relação às empresas e processos. Claro, isso falando das empresas grandes, que são um estrato pequeno. Mas a partir do momento que uma empresa como a BRF faz algum tipo de compromisso de mudança, de sustentabilidade, de diversidade, inovação, você puxa o resto da cadeia, os seus fornecedores. A gente tem feito também muitas conversas justamente para engajar os outros elos da cadeia. Mas a verdade é que esse foguete já partiu, e o combustível dele é renovável. Ou você entra nesse foguete ou você já perdeu o trem da história, porque é para este lugar que o mundo vai. Não tem essa de voltar para trás, não existe. Quem não vê isso vai ficar pra trás.
E&N - Como vê a importância da inovação?
Grazielle - Apostamos em inovação, novos produtos, novas categorias. Recentemente uma pessoa falou pra mim "ah, hoje eu usei margarina Qualy", e eu falei "mas não tem só margarina, não, tem manteiga, tem requeijão, tem um monte de coisas". Então tem muita inovação vindo. Temos metas, inclusive, para faturamento sobre inovação. Não significa que vamos deixar de fazer as coisas que sempre fizemos e que nossos consumidores amam, mas estamos trazendo uma nova oferta, justamente buscando o entendimento do que o consumidor quer. Um exemplo é nosso trabalho, que a BRF foi pioneira, na questão de carne cultivada. Fizemos uma parceria com uma startup israelense, a Aleph Farms, e estamos trabalhando, aprendendo juntos, construindo essa categoria que não existe ainda, e o Brasil vai ser pioneiro também em ter aqui esse produto depois de 2024, que é a nossa expectativa. Então o ecossistema das agritechs, das startups, está florescendo. E é para este lugar que vai a indústria que vai ser bem sucedida.
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