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Opinião

- Publicada em 19 de Julho de 2021 às 03:00

Foodtech: você sabe o que comerá no futuro?

Fábio Licks é co-fundador da startup Loomos

Fábio Licks é co-fundador da startup Loomos


/Loomos/Divulgação/JC
Sempre vale a pena lembrar porquê a relação tecnologia e alimentos, um mercado chamado de foodtech, tem importância crescente em nossos dias. Nunca saberemos tudo, nunca lembraremos de tudo e não enxergaremos sempre -- para ficar apenas nestas poucas demonstrações.
Sempre vale a pena lembrar porquê a relação tecnologia e alimentos, um mercado chamado de foodtech, tem importância crescente em nossos dias. Nunca saberemos tudo, nunca lembraremos de tudo e não enxergaremos sempre -- para ficar apenas nestas poucas demonstrações.
O melhor da tecnologia está entrando em nossas vidas não só para ampliar a capacidade do que já fazemos. Ele está criando uma versão de nós mesmos capaz de realizar o que hoje se considera impensável ou impossível.
No campo dos alimentos, muito embora os olhos do mundo e dos grandes investidores estejam voltados para o modo como a tecnologia vai impactar a sustentabilidade ambiental e a produção (descobriram o bacon sintético!), há uma urgência de que as atenções se dirijam ao outro lado da cadeia, onde está o consumidor. Falar de foodtech também é considerar que quem está na ponta do processo precisará ter acesso ao instrumental que possibilita relações mais transparentes e uma alimentação mais saudável.
Estima-se que mais de 60% dos habitantes do planeta tenham uma dieta que limita ou proíbe o consumo de alguns alimentos ou ingredientes. Pegue o número de familiares e amigos seus que possuem alguma restrição alimentar e este percentual pode ser até maior. Na esteira destas evidências, surge o questionamento: quando o bacon vegetal chegar na prateleira dos supermercados, para ficar neste exemplo, a sua embalagem dará segurança para que todos o consumam? Volte no tempo e pense na sua ida ao mercado ontem. Mesmo com uma legislação que os regule, os rótulos dos alimentos ainda são pouco amigáveis. O excesso de informação impede a leitura mais atenta e a nomenclatura dos ingredientes quase sempre é incompreensível à maioria dos consumidores.
Não há ressalva a se fazer quanto à busca das empresas de foodtech em ajudar o mundo a crescer de forma sustentável e a atender uma demanda global de alimentos, que deve crescer 70% nas próximas décadas, segundo a FAO. Deve-se estar atento, no entanto, a outra certeza nos próximos anos: aqueles que estiverem em frente a uma gôndola serão ainda mais exigentes com o que consomem -- da informação ao bacon de laboratório. 

A importância do compliance no agronegócio

Mais do que um conceito em crescimento, compliance é uma prática consolidada no mercado brasileiro. De maneira geral, seu intuito é manter a empresa em conformidade com as leis e regulamentações internas e externas, auxiliando na prevenção, detecção e reparação de irregularidades e ilegalidades, visando a ética e a integridade nas atividades praticadas. O agronegócio brasileiro, altamente relevante para a economia, representando mais de um quarto do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, sendo o Brasil um dos principais players globais na produção e exportação de alimentos, vêm naturalmente assimilando cada vez mais o compliance em suas operações, até para dirimir e sanar problemas oriundos da própria robustez do setor.
Em 2017, com a Operação "Carne Fraca", as empresas do agronegócio despertaram para a necessidade da criação de áreas de compliance interno. A má impressão deixada no mercado e consumidores fez com que o Brasil precisasse destacar que os seus produtos agropecuários seguem em conformidade com as regulamentações nacionais e internacionais.
Diante deste cenário, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com objetivo de implementar mecanismos de prevenção, detecção e correção de fraudes, irregularidades e desvios de conduta nas empresas, criou o Programa de Integridade, que premia com o selo Agro Integridade as empresas que preencherem os requisitos definidos neste programa.
O Selo Agro Integridade foi instituído em 2018 com objetivo de fomentar, reconhecer e premiar práticas de integridade em empresas do agronegócio sob a ótica da responsabilidade social, ambiental e ética, somadas ao empenho para a mitigação das práticas de fraude, suborno e corrupção. Atualmente em sua terceira edição, o selo avança nos temas de Transparência e Gestão de Riscos, acompanhado de um novo patamar de maturidade do setor.
Estudos comprovam a necessidade de adoção desses conceitos pelo agronegócio, os quais estão diretamente ligados à agenda de responsabilidade ambiental, social e governança (ESG, na sigla em inglês). Um dos pilares de ESG, as boas práticas de governança corporativa, com gerenciamento de riscos e compliance, a criação de conselho de administração e seus comitês de supervisão, entre outros, são primordiais para alavancar o crescimento dos negócios. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em 2020 identificou a governança e gestão como o 2º principal gargalo do agronegócio, atrás somente de infraestrutura. Ainda segundo dados da Family Business Survey 2021 da PwC, 85% das empresas familiares têm alguma política ou procedimento de governança.
As empresas que buscam se adaptar às transformações do mercado precisam ter uma estratégia clara de ESG que inclui as práticas de compliance. Com isso, é possível criar bases sólidas para o crescimento e sustentabilidade do negócio, conquistando a confiança de clientes, colaboradores e investidores além dos demais stakeholders. E quanto mais cedo isso for incorporado aos planos de ação, maiores as chances de sucesso.

Ainda é vantajoso internacionalizar uma empresa?

O Brasil está passando por um momento verdadeiramente complicado em diversos aspectos. Estamos atrasados em relação às vacinações, se comparado aos Estados Unidos, por exemplo, que já imunizou mais de 50% de sua população adulta. A economia também não está das melhores. Antes mesmo da pandemia, já passamos por anos com o dólar e o euro em alta e, recentemente, o país saiu da lista das maiores economias do mundo, ranking realizado pela agência de classificação de risco, Austin Rating.
O presente cenário nacional é desanimador para os negócios, então internacionalizar uma empresa é deveras vantajoso, principalmente em países que estão economicamente mais fortes e têm potencial de crescimento nos próximos anos. Os Estados Unidos são um grande exemplo, sendo a maior economia do mundo e com o histórico de que muitas das maiores empresas do mundo nasceram lá.
Mesmo sendo viável ter uma empresa estrangeira e continuar morando no Brasil, a busca por qualidade de vida, segurança e uma educação melhor despertam nos brasileiros a vontade de se tornar um cidadão estrangeiro. Muitos profissionais consolidados e competentes já estão seguindo este caminho. De acordo com o relatório fiscal dos Estados Unidos de 2020, foi registrada uma alta de 36% nos vistos EB2, categoria destinada para "profissionais excepcionais". Este percentual é bastante alto considerando que a imigração para os EUA foi difícil no último ano por conta da pandemia.
É perceptível então que o cenário internacional está propício tanto para as companhias, quanto para os profissionais. A internacionalização pode trazer diversos benefícios para uma empresa, como maior acesso a investidores, prestígio empresarial, diversificação de mercado, alcance de mais clientes, entre outras vantagens.
A priori, internacionalizar uma empresa parece algo burocrático, pois há muitas dúvidas a respeito do assunto e o receio de não dar certo, afinal, uma empresa é um patrimônio importantíssimo e que garante o emprego de diversas pessoas. Mas destaco que a internacionalização não é algo a se preocupar. Com profissionais competentes e experientes no mercado, é completamente possível fazer a transição de empresa nacional para internacional sem estresses, desfrutando dos benefícios que essa operação pode trazer.
E você, caro colega empreendedor, já pensou em levar seus negócios para outras terras?!