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Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Julho de 2021 às 22:34

Grendene faz aposta em novos modelos de negócios para seguir na expansão

Fabricante concluiu migração de todas as suas marcas para uma plataforma própria, diz Albuquerque

Fabricante concluiu migração de todas as suas marcas para uma plataforma própria, diz Albuquerque


GRENDENE/DIVULGAÇÃO/JC
Marcelo Beledeli
A pandemia não impediu a fabricante de calçados Grendene de obter bons resultados. No primeiro trimestre de 2021, registrou uma receita bruta de R$ 644 milhões, seu segundo melhor desempenho para o período nos 50 anos de história da companhia. Além disso, foi o terceiro trimestre consecutivo de fortes resultados de receitas, auxiliados pelos pedidos represados durante o início da pandemia e a retomada do consumo a partir do segundo semestre de 2020.
A pandemia não impediu a fabricante de calçados Grendene de obter bons resultados. No primeiro trimestre de 2021, registrou uma receita bruta de R$ 644 milhões, seu segundo melhor desempenho para o período nos 50 anos de história da companhia. Além disso, foi o terceiro trimestre consecutivo de fortes resultados de receitas, auxiliados pelos pedidos represados durante o início da pandemia e a retomada do consumo a partir do segundo semestre de 2020.
Fundada em 1971 em Farroupilha, a calçadista está remodelando seus negócios para enfrentar os novos desafios de mercado, especialmente para fazer frente ao consumo on-line. Neste ano, foi concluída a migração do e-commerce de todas as suas marcas (como Melissa, Ipanema, Rider, Grendha e Grendene Kids, entre outras) para plataformas próprias.
Nesta entrevista, o diretor de Relações com Investidores (RI) da Grendene, Alceu Demartini de Albuquerque, fala sobre os resultados da empresa, os efeitos da pandemia nos negócios e as expectativas para o futuro, entre outros temas.
JC Empresas & Negócios - Os resultados positivos da Grendene no 1º trimestre refletem uma base baixa do primeiro trimestre de 2020 ou é uma demonstração de que o mercado está aquecendo de novo?
Alceu Demartini de Albuquerque - O primeiro trimestre foi muito forte efetivamente. Foi nosso segundo melhor primeiro trimestre da história da Grendene. Só perdeu para 2018, quando nossa receita bruta atingiu R$ 664 milhões. Agora foi de R$ 644 milhões, apenas R$ 20 milhões a menos do que o recorde. Então foi um desempenho muito forte, que demonstrava já a recuperação do setor de calçados no Brasil. Além disso, foi o terceiro trimestre consecutivo de desempenho bastante forte. O quarto trimestre de 2020 o foi o melhor trimestre da nossa história entre todos os trimestres.
E&N - A que se deve o bom desempenho?
Albuquerque - Três razões foram principais para o forte resultado no segundo semestre do ano passado. O primeiro foi a recuperação econômica, que se fortaleceu a partir de junho com o retorno do consumo, influenciado pelo auxilio emergencial, que injetou em torno de R$ 50 bilhões por mês na economia. Outro fator foi a questão da escassez de matéria-prima no mercado. Por um lado, nos prejudicou, porque pressionou os custos, mas também ajudou porque os clientes, com medo de ficarem sem produto no final do ano, concentraram pedidos em grandes produtores como nós. A terceira razão tem a ver com o fato de que, no segundo trimestre do ano passado, nós ficamos praticamente todo o período sem poder fabricar calçados pois o estado do Ceará, onde está concentrada nossa produção, foi um dos epicentros do coronavírus.
E&N - O mercado externo vem se recuperando mais rapidamente que o doméstico?
Albuquerque - Sim, o exterior tem um desempenho mais forte que o mercado interno. No mercado externo nossas vendas cresceram 61% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020. No interno foi robusto, de 37%, mas menor. E no segundo trimestre também vimos um desempenho de exportações superiores ao mercado interno.
E&N - O desemprego e a inflação podem travar o consumo?
Albuquerque - São pontos de atenção, pois é menos dinheiro que sobra na carteira do cliente para produtos essenciais. Felizmente para a Grendene, nossos produtos são mais acessíveis quando comparamos à concorrência. Então, de certa forma, se o cliente tem que consumir um calçado ou chinelo, podemos ser beneficiados porque ele tem mais chance de nos escolher.
E&N - A alta das resinas, um insumo importante na fabricação de calçados, está sendo repassada ao produto final?
Albuquerque - A resina é uma das principais matérias-primas para a formulação do PVC - e nós mesmos formulamos o nosso PVC, não compramos de outros. O seu preço já vem subindo desde o segundo semestre do ano passado, e neste ano a alta continuou. Mas, nas últimas semanas, já estão ocorrendo pequenas quedas. Daqui para a frente, provavelmente o preço comece a recuar por conta do equilíbrio entre oferta e demanda. O que fizemos nesse período de alta do insumo? Reajustamos os preços dos nossos produtos em outubro do ano passado, e em fevereiro deste ano. Obviamente não repassamos o aumento integral porque não é viável repassar tudo para o consumidor. Mas uma parte do aumento conseguimos amortizar com ganho de eficiência nas fábricas.
E&N - A empresa teve que demitir durante a pandemia?
Albuquerque - Não demitimos ninguém por conta do coronavírus. No segundo semestre até contratamos mais de 3 mil colaboradores temporários para dar conta do elevado número de pedidos que tínhamos em carteira. Mas, no segundo trimestre, quando tivemos 100% da produção parada, aderimos àquela MP 936, que permitia redução da jornada de trabalho e de salários.
E&N - A Grendene divulgou uma previsão de investimentos de R$ 119 milhões em 2021. Onde serão aplicados?
Albuquerque - São investimentos variados, mas principalmente em modernização de fábricas para ganho de eficiência, automatização e uso de tecnologia. Além disso, também estamos investindo em canais de nossas lojas virtuais.
E&N - O calçado é um dos produtos mais complicados de se vender de forma on-line. Como a empresa tem enfrentado o desafio de avançar no consumo digital?
Albuquerque - No Brasil, cerca de 85% das vendas de calçados ainda é feita em lojas físicas. A pessoa tem o costume de ir à loja, sentar, dar uma caminhada para ver se ficou bom. Durante a pandemia, o comércio físico ficou fechado. Então o setor, fabricantes e varejo, teve que se reinventar. Um dos canais em que a venda cresceu muito para nós foi o de autosserviço, que são supermercados, redes de farmácias, lojas de conveniência, onde o chinelo, o calçado, está em uma estante e o cliente pega e paga. Esse modelo já tinha uma representatividade boa e elevou ainda mais a fatia de mercado. O canal on-line tem crescido também. Já tínhamos começado antes da pandemia - e aceleramos o investimento - no nosso e-commerce, que até então era tocado por um parceiro interno. Iniciamos em agosto e concluímos em fevereiro uma transformação, onde mudamos nossas marcas para uma plataforma própria, com tecnologia da Oracle e gestão nossa. Agora, todas as nossas marcas têm lojas on-line, que são geridas e tocadas por nós mesmos. O que a gente tem feito para tentar mudar o perfil do brasileiro de comprar nas unidades físicas é proporcionar uma experiência positiva na loja on-line, seja possibilitando a devolução do produto e do dinheiro se não gostar dele, seja permitindo comprar on-line e buscar na loja, onde pode experimentar o calçado. É a omnicanalidade, facilitar e prover experiências positivas para o cliente.
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