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Responsabilidade Social

- Publicada em 12 de Junho de 2021 às 11:00

Gelotecas levam cultura a comunidades gaúchas

Geladeiras são personalizadas por artistas gaúchos e distribuídas repletas de livros para serem retirados

Geladeiras são personalizadas por artistas gaúchos e distribuídas repletas de livros para serem retirados


/Rika Silveira/Divulgação/JC
A presença de uma geladeira velha na casa de um de seus amigos foi o necessário para que o rapper e produtor cultural Adriano de Souza Peixoto, o Dplay, tivesse a ideia de desenvolver uma geloteca. Foi em maio de 2020, quando os projetos que planejava executar tiveram de ser cancelados devido à pandemia. E, quando propôs essa nova empreitada, foi questionado: mas o que é isto? Nada mais é do que um refrigerador personalizado e cheio de livros que ficam disponíveis à comunidade.
A presença de uma geladeira velha na casa de um de seus amigos foi o necessário para que o rapper e produtor cultural Adriano de Souza Peixoto, o Dplay, tivesse a ideia de desenvolver uma geloteca. Foi em maio de 2020, quando os projetos que planejava executar tiveram de ser cancelados devido à pandemia. E, quando propôs essa nova empreitada, foi questionado: mas o que é isto? Nada mais é do que um refrigerador personalizado e cheio de livros que ficam disponíveis à comunidade.
A ideia prontamente foi aceita pelos seus amigos, que começaram a se mobilizar junto a ele para fazer a iniciativa acontecer. Dali em diante, o trabalho só cresceu. A ajuda veio através da confecção das geladeiras com pinturas de grafite, da arrecadação de livros ou da divulgação do trabalho nas redes sociais. "Nós tivemos uma repercussão bacana, então pensamos em transformar a iniciativa em um projeto", conta o rapper. Inicialmente, o grupo estipulou uma primeira meta de 7 gelotecas em alusão à produtora de Peixoto, chamada de Sétimo Setor.
No entanto, esta meta foi crescendo à medida que o projeto ganhava mais visibilidade. Hoje, já são 75 gelotecas instaladas em 15 cidades do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, Alvorada, Guaíba, Esteio e Canoas, onde o projeto começou pelos bairros Guajuviras e Olaria. Ao todo, 27 artistas já confeccionaram os refrigeradores, incluindo o próprio produtor cultural, que se arriscou na pintura dentro do projeto. Até o final deste mês, a ideia é chegar ao número de 100 gelotecas.
Peixoto, que faz questão de dizer que o projeto não foi idealizado por ele, já que há iniciativas semelhantes em outros lugares, destaca que o maior objetivo é incentivar a leitura nas comunidades periféricas e divulgar o trabalho dos artistas do grafite, além de também promover a reciclagem dos eletrodomésticos. "Quando o projeto começou, muitos me falaram que não iria dar certo, porque as pessoas não têm o hábito de ler, mas nós percebemos que, na verdade, elas não tinham acesso à leitura", avalia.
O projeto, então, adotou o lema "Se quer um livro, pegue. Se tem um livro, doe", possibilitando que crianças, jovens e adultos de comunidades aproveitem a leitura de uma maneira mais flexível, sem prazo ou sequer necessidade de devolução dos livros. "Nós fizemos para doar mesmo e conscientizá-los de que a geloteca é deles. Quando eles tiverem outros livros, podem botar lá também. A questão é dar acesso livre", explica o rapper.
Assim, para cada geloteca instalada, é selecionada uma liderança comunitária que fica encarregada de administrá-la, garantindo que a geladeira sempre esteja limpa e com um bom volume de livros. Mesmo assim, moradores parecem demonstrar um senso de comunidade que existe entre eles. "Uma amiga nossa que é uma liderança falou que, toda vez que ela ia arrumar a geloteca, ela já estava arrumada. Tinha uma senhora da comunidade que limpava a geloteca e arrumava os livros", conta Peixoto. "A ideia do projeto é conscientizar que é deles mesmo. Eles vão cuidar, vão pegar e colocar livros também".
Cada refrigerador é instalado com uma quantidade inicial de cerca de 40 a 50 unidades, mas a quantidade média dentro dele, que leva em conta o período em que as pessoas a estão utilizando, é de 20 a 30 unidades. Quando a geloteca fica vazia, cabe à liderança o trabalho de solicitar mais uma quantia.
Para garantir que não falte livros, o grupo segue sempre arrecadando. São aceitas revistas, gibis e qualquer tipo de livro, desde que não sejam didáticos, já que depois de certo período de tempo ele pode ficar ultrapassado. Além disso, o projeto também aceita doações de geladeiras, tintas e de dinheiro para comprar tinta e custear o transporte. A cada 15 ou 30 dias, o grupo aluga uma caminhonete para recolher e instalar as geladeiras doadas.
O rapper conta também que, hoje, o grupo está em contato com outros projetos de gelotecas do País para criar uma rede de contato chamada Geloteca Brasil. A ideia é que haja uma troca de informações, ideias e ajuda entre eles. "É também para as periferias conversarem, porque todas essas pessoas que adotam a geloteca são lideranças comunitárias", salienta. Hoje, já existem projetos em São Paulo, Belo Horizonte e Ceará, e espera-se que outros estados também comecem a realizar o projeto.
O grupo ainda ganhou o Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc nº 14.017/20. O objetivo é continuar expandindo o número de gelotecas no Estado.

Como colaborar

Interessados em ajudar podem entrar em contato com Peixoto pelo telefone (51) 98272-4152 ou acessar as páginas do Instagram (@projetogeloteca e @7setor) ou Facebook (@projetogelotecas).