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Indústria

- Publicada em 26 de Abril de 2021 às 03:00

Setor calçadista projeta crescer 12% em 2021

Setor ensaia uma recuperação, embora deva terminar com níveis produtivos abaixo dos registros pré-pandêmicos

Setor ensaia uma recuperação, embora deva terminar com níveis produtivos abaixo dos registros pré-pandêmicos


/DANIELA BARCELLOS/PALÁCIO PIRATINI/JC
 Impactado pela pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 registrou queda em todos os indicadores da indústria calçadista brasileira. A produção de calçados caiu 18,4%, somando 764 milhões de pares, com o setor retornando a patamares de 15 anos atrás. A exportação, que responde por 14% das vendas, caiu 18,6%, para 93 milhões de pares, pior número em quase quatro décadas.
 Impactado pela pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 registrou queda em todos os indicadores da indústria calçadista brasileira. A produção de calçados caiu 18,4%, somando 764 milhões de pares, com o setor retornando a patamares de 15 anos atrás. A exportação, que responde por 14% das vendas, caiu 18,6%, para 93 milhões de pares, pior número em quase quatro décadas.
Apesar de um primeiro trimestre de 2021 de incertezas, com o recrudescimento da Covid-19, a atividade deve registrar crescimento de cerca de 12% na produção e 13% na exportação de calçados. Os dados foram apresentados durante o Análise de Cenários, evento pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) no formato digital.
Na oportunidade, o doutor em Economia Marcos Lélis ressaltou o papel da crise internacional e brasileira no resultado da indústria calçadista, mais impactada do que a média da Indústria de Transformação. Segundo ele, o Brasil deve levar mais tempo para sair da crise, especialmente em comparação com alguns dos seus principais concorrentes no setor calçadista.
A China, por exemplo, cresceu 2,4% no ano passado, enquanto o Brasil viu seu PIB minguar em 4,1%. Em 2021, contando com um segundo semestre de retomada mais substancial na demanda, o Brasil pode crescer 3,7%. A China 8,4%. "Desde 2008 a economia brasileira vem fragilizada. O impacto de 2020 tornou a retomada muito mais difícil, com empresas cortando investimentos e perdendo ainda mais competitividade", destacou Lélis, ressaltando que, mesmo antes da pandemia, o Brasil vinha crescendo pouco em relação aos concorrentes.
Lélis disse, ainda, que a dificuldade de retomada, especificamente para o setor calçadista, passa pelo mercado doméstico, que representa mais de 85% das vendas do segmento. "A taxa de desemprego elevada, em mais de 14%, somada ao endividamento recorde das famílias brasileiras, na casa de 67%, dificultam muito a retomada do consumo", comentou. O papel dos auxílios emergenciais, que seguraram, em parte, a queda na demanda em 2020, também deve diminuir, passando de 4% para 0,6% do PIB brasileiro, o que deve impactar na recuperação da atividade.
Em 2021, o setor ensaia uma recuperação, embora deva terminar com níveis produtivos abaixo dos registros pré-pandêmicos, em 2019. A análise é da coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck. Segundo ela, mesmo crescendo na casa de 12% em 2021, a indústria calçadista deve terminar o ano, no cenário mais otimista, 7% menor do que em 2019. "Devemos ter um primeiro semestre mais difícil, para retomada a partir da segunda parte do ano", disse.
Segundo Priscila, no primeiro bimestre do ano, a atividade cresceu 1% em relação ao mesmo período do ano passado. "Provavelmente por reposição dos estoques das vendas do final de 2020, já que as vendas internas caíram 20% no mesmo período", explicou a coordenadora.
Já as exportações, impulsionadas pela desvalorização do real sobre o dólar, devem ter um crescimento de cerca de 13% em 2021. Assim como a produção, as exportações devem encerrar o ano menores do que o registro pré-pandemia, neste caso em cerca de 6%.
O reflexo das dificuldades do setor calçadista brasileiro se deu, sobretudo, no emprego. Segundo Priscila, em 2020 foram perdidos mais de 21 mil postos, com o setor encerrando o ano empregando 247,7 mil pessoas, 8% menos do que no ano anterior. Já no primeiro bimestre de 2021, embalada pela recuperação na produção, a atividade criou 18,6 mil postos, terminando fevereiro com o registro de 266 mil postos diretos, 6,4% menos do que em fevereiro de 2020. Para 2021, Priscila revelou que a estimativa é encerrar o ano com 6% mais empregos do que em 2020. 
 

Marcas brasileiras conquistam consumidores em todo o mundo

Uma aposta das indústrias brasileiras para alavancar as vendas tem sido o mercado externo. A diversidade de materiais e modelos, a sustentabilidade, o conforto, o design e a qualidade são algumas das características dos calçados brasileiros que alinhadas à tradição da indústria nacional conquistam cada vez mais mercados mundo afora. Com um grande potencial de crescimento na exportação, as marcas brasileiras apostam no processo de internacionalização como um diferencial que agrega valor não só para a empresa como também ao produto.
E para fortalecer a presença das calçadistas nacionais no mercado externo, o setor conta há mais de 20 anos com o programa Brazilian Footwear, realizado pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil).
Presentes em mais de 150 países, os sapatos “made in Brazil”, calçam consumidores de todos os continentes. 
Somente no ano passado, cerca de 93 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 658 milhões, o equivalente a R$ 3 bilhões, saíram das esteiras de produção das fábricas verde-amarelas com destino a mercados como Estados Unidos, China, Chile, Argentina, Itália, Emirados Árabes Unidos, entre outros. 
A coordenadora de Promoção Comercial da Abicalçados, Letícia Sperb Masselli, explica que o trabalho de inserção no mercado externo é muito desafiador. “Quando a empresa opta por exportar a sua marca, a exportação vai muito além de uma compra e venda. É preciso criar um desejo, desenvolver um parceiro que acredite no propósito da sua marca, e tudo isso exige uma estratégia mais consistente”, pontua. Essa inserção de marca própria em outro país/continente representa um planejamento de longo prazo voltado à internacionalização.
Neste contexto, entender o público consumidor de cada mercado, a concorrência nesses lugares e a cultura local são questões fundamentais para que a marca consiga de fato se inserir no exterior. “Ações do Brazilian Footwear como o Edital de Marketing Digital, em que conseguimos subsidiar investimentos das marcas junto ao cliente final dos varejistas, e o Brasil Fashion Now, que tem foco na inserção de marcas com prospecção ativa de clientes que fazem sentido para o posicionamento destas nos mercados, são importantes aliados das empresas nesse processo”, exemplifica Letícia, ao contar que, ao longo das mais de duas décadas de atuação do programa, é visível a evolução obtida pelas empresas brasileiras. Atualmente, 75% das exportações de calçados brasileiros são realizadas por empresas associadas ao Brazilian Footwear.
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Bibi quer chegar a 100 lojas internacionais até 2030

Indústria gaúcha conta com três modelos de negócios que variam de acordo com o número de habitantes da cidade

Indústria gaúcha conta com três modelos de negócios que variam de acordo com o número de habitantes da cidade


/BIBI CALÇADOS/DIVULGAÇÃO/JC
Em 2020, empresas de diversos segmentos tiveram que se reinventar por conta da pandemia mundial de covid-19. Apesar dos desafios, a Calçados Bibi deu sequência ao plano de expansão da rede, inaugurando a primeira unidade de microfranquia em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
A pioneira em calçados infantis bateu o recorde de implantação com 17 novas unidades, sendo quatro delas no exterior, totalizando 130 lojas em operação. Além disso, a marca registrou um crescimento de 151% nas vendas digitais em canal próprio (e-commerce) e de 207% na rede online, explorando diferentes plataformas digitais. Para o ano de 2021, a expectativa é manter o ritmo e patamares alcançados no ano anterior.
 Para 2021, os planos da Bibi continuam com foco na expansão da rede de franquia. Apenas neste ano, são esperadas 32 inaugurações, sendo 20 lojas no Brasil e 12 no exterior, concentrado em países da América Latina. "Como exportamos com marca e design próprio para mais de 70 países, a implantação de lojas fora do Brasil é feita por meio dos nossos parceiros comerciais de longa data. Já que eles conhecem melhor o mercado, a cultura e o comportamento dos consumidores, a estratégia acaba sendo mais assertiva. Ingressamos inicialmente em países da América Latina, como Peru, Bolívia, Equador e Chile, mas outros continentes também estão o nosso plano de expansão. Até 2030 queremos chegar a 100 lojas internacionais", revela a presidente da Calçados Bibi, Andrea Kohlrausch.
 Além da internacionalização, um dos focos da rede para os próximos anos será a expansão nas cidades do interior, em diferentes estados brasileiros. De acordo com a presidente, as mais de 3,5 mil multimarcas que vendem calçados da Bibi foram menos afetadas com os impactos do coronavírus. Isso se dá, pois grande parte delas está localizada em cidades menores e fora de shopping centers, como habitualmente ocorre em capitais e grandes metrópoles. "Com o lançamento do projeto de microfranquia em 2020, que conta com um investimento de R$ 90 mil, essa será uma estratégia da Bibi para atuar em pequenos municípios. O modelo é inovador, já que a operação é montada dentro de uma loja multimarca, que oferece outros itens para o público infantil, mas com calçados exclusivos da Bibi", explica Andrea.
 Outra estratégia da marca é promover cada vez mais a integração de canais em diferentes mercados. Portanto está nos planos da Bibi avançar com a abertura de e-commerce em outros países da América Latina, com o intuito de replicar o sucesso do canal existente no Brasil e no Chile. "O período de pandemia estimulou a integração, intensificou a transformação digital e proporcionou ainda mais inspiração para as marcas inovarem. Hoje, queremos incentivar nas lojas a competência de buscar o cliente fora das unidades, esta é uma tendência que veem trazendo retornos positivos ao negócio. Dessa forma, o e-commerce entra como um facilitador em outros países onde vendemos os calçados por meio das franquias ou multimarcas", ressalta a presidente.
 A Bibi conta com três modelos de negócios, que podem ser escolhidos de acordo com o número de habitantes da cidade em que o investidor tem interesse em investir. São eles: loja padrão, Light e microfranquia. Os valores partem de R$ 90 mil com prazo de retorno a partir de 12 meses. Já o faturamento médio mensal começa em R$ 40 mil.