Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

conjuntura

- Publicada em 15 de Março de 2021 às 03:00

Micro e pequenas indústrias não veem expectativa de retomada econômica

E-commerce foi saída para muitas empresas do ramo de calçados poderem vender

E-commerce foi saída para muitas empresas do ramo de calçados poderem vender


FREDY VIEIRA/JC
Diante da crise econômica e do ritmo lento de vacinação no Brasil, a expectativa das micro e pequenas indústrias para a retomada da economia segue negativa. Segundo Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizado pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi), 69% da categoria considera que a crise ainda é forte e afeta muito os negócios, sem expectativa para a retomada do crescimento.
Diante da crise econômica e do ritmo lento de vacinação no Brasil, a expectativa das micro e pequenas indústrias para a retomada da economia segue negativa. Segundo Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizado pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi), 69% da categoria considera que a crise ainda é forte e afeta muito os negócios, sem expectativa para a retomada do crescimento.
Na avaliação do presidente do Simpi, Joseph Couri, a pesquisa reflete o aprofundamento da crise e seus impactos, como aumento das demissões, diminuição do poder de compra, queda na demanda e no consumo.
De acordo com o levantamento, apenas 27% dos entrevistados acreditam que o pior já passou e haverá retomada nos próximos meses. Enquanto isso, somente 1% aponta que o cenário negativo passou e não afeta mais os negócios.
A expectativa para a retomada da economia brasileira também é pessimista. Dentre as indústrias, 30% esperam que a situação do Brasil vai ficar como está. Para 38%, a expectativa é de melhora e 28% acreditam que o cenário vai piorar.
Em relação ao desemprego, de acordo com a pesquisa, 55% esperam um aumento no índice nos próximos meses e 29% acreditam que os números devem permanecer estáveis. Couri avalia que, se não houver um cenário positivo para as empresas, não haverá empregos.
O executivo também alerta sobre a importância do retorno imediato do auxílio emergencial para a melhora da economia. "Com os preços subindo muito acima da inflação, é necessário injetar dinheiro, crédito e incentivos na economia", afirma. De acordo com a pesquisa, 63% acreditam que a tendência é de aumento e apenas para 7% a inflação vai diminuir. Na avaliação de Couri, "para alguns, durante este período não haverá emprego e tampouco remuneração", alerta.
A expectativa de poder de compra, no entanto, é ainda pior e 66% dos entrevistados preveem uma queda maior. Enquanto isso, apenas 6% acreditam que vai aumentar e, para 26%, a tendência é de estabilidade.
Segundo Couri, "estamos passando por um período de instabilidade da economia e não há perspectivas de melhora". Em sua visão, a única saída é a vacinação em massa. "Do contrário, continuaremos na incerteza quanto ao retorno às atividades nas empresas, que, mesmo de portas fechadas, precisam arcar com despesas fixas, tais como energia elétrica, locação, salários e outros", afirma.
A crise no setor coureiro-calçadista durante a pandemia fez a produção cair 27% em 2020, colaborando para que mais de 250 milhões de pares de calçados deixassem de ser fabricados e vendidos. A baixa nas vendas também é influenciada pelas exportações de calçados que, até novembro de 2020, caíram 19,4%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
"A pandemia do novo coronavírus afetou severamente a indústria calçadista, que já conta com a perda de cerca de 20 mil postos de trabalho no setor", diz o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. Ele ainda ressalta que a crise só não foi pior devido a algumas medidas de estímulos que permitiram a preservação de empregos através da flexibilização das jornadas, o que ajudou a reter postos de trabalho.
O e-commerce, que já vinha tendo crescimentos exponenciais nos últimos anos, teve seu pico em 2020 com projeção de aumento em 2021. Dados divulgados pelo índice da Cielo, as vendas on-line registraram aumento de 45% comparando o 1° semestre de 2020 com o ano anterior. O varejo como um todo chegou a registrar perda de 36% do faturamento, e a queda só não foi maior devido ao e-commerce. Outro levantamento daABComm, Associação Brasileira de Comércio Eletrônico em conjunto com a E-commerce Brasil, diz que 95% das pessoas que compraram on-line em 2020, compraram com frequência em marketplaces.
Para o setor de calçados, o e-commerce foi a única saída para muitas empresas do ramo, como é o caso da Vittal, fábrica de calçados localizada em Franca. A empresa nasceu em 2019 vendendo apenas em atacado através de representantes. "Nessa época, as vendas estavam começando a crescer, mas logo vimos a necessidade de mudar para um lugar maior e passamos a explorar mais a internet. Entendemos como funcionava a dinâmica dos marketplaces e começamos a fazer as primeiras vendas, foi um sucesso", diz o sócio Raphael Braga.
Especialista do mercado de calçados estima que 2021 pode ter um crescimento moderado. "Para o início do próximo ano, a tendência é de uma recuperação verificada, ainda mais levando em consideração a vacinação e a normalização do comércio físico, do qual ainda somos dependentes", diz Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados. Para ele, para seguir no caminho da recuperação, o governo precisa 'desburocratizar e diminuir a carga tributária para termos o mínimo de competitividade para concorrer com os players internacionais, tanto aqui quanto além-fronteiras".
 

Movimento da indústria em fevereiro sugere algum fôlego

No mês de janeiro de 2021, a indústria demonstrou desinteresse em lançar produtos de acordo com o Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial. Já o mês de fevereiro apresentou crescimento de 20,2% na comparação com o mês anterior no dado livre de efeitos sazonais.
Comparado ao mesmo mês de 2020, o índice apresenta aumento de 4,4%. No acumulado de 12 meses, no entanto, o índice ainda apresenta queda de -5,7%. Esse índice mede a intenção da indústria brasileira em lançar novos itens no mercado a partir da solicitação de códigos de barras, que são atribuídos pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil.
Na opinião de Virginia Vaamonde, CEO da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, após um janeiro de retração, fevereiro apresentou uma recuperação com relação ao mês anterior e ao realizado no ano passado. "A melhora tênue no indicador demonstra um fôlego na confiança dos empresários; no entanto, ainda vivemos um momento de cautela e é cedo para falarmos de uma retomada, principalmente devido às incertezas do mercado."