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- Publicada em 10 de Agosto de 2020 às 00:00

Pré-vestibular popular luta contra segregação social na educação

Em quatro anos, o cursinho teve 100 alunos aprovados em instituições de ensino superior no Estado

Em quatro anos, o cursinho teve 100 alunos aprovados em instituições de ensino superior no Estado


Divulgação/Pré Vestibular Popular Dandara
Em 2019, pela primeira vez, negros e pardos foram maioria no número de matriculados no Ensino Superior, alcançando 50,3% do total, segundo a pesquisa "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil", divulgada pelo IBGE no mesmo ano. Porém, os números não refletem a realidade das universidades do Rio Grande do Sul. Segundo o levantamento "V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação'" em 2018, apenas 18% dos graduandos de instituições federais em território gaúcho se identificaram como pretos ou pardos.
Em 2019, pela primeira vez, negros e pardos foram maioria no número de matriculados no Ensino Superior, alcançando 50,3% do total, segundo a pesquisa "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil", divulgada pelo IBGE no mesmo ano. Porém, os números não refletem a realidade das universidades do Rio Grande do Sul. Segundo o levantamento "V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação'" em 2018, apenas 18% dos graduandos de instituições federais em território gaúcho se identificaram como pretos ou pardos.
Uma das dificuldades para ingressar em universidades, segundo especialistas, é conquistar uma vaga com concorrentes melhor preparados, que frequentaram escolas particulares e tiveram reforço em cursos específicos, Para tentar mudar essa realidade, o Pré-Vestibular Popular Dandara dos Palmares surgiu com foco a estudantes de baixa renda de Porto Alegre. As vagas são concedidas, preferencialmente, a negros e pardos, uma vez que a instituição luta por uma educação mais igualitária através do ingresso desses jovens no Ensino Superior do Estado.
A missão, agora, é ainda mais árdua, uma vez que é preciso encontrar alternativas de aulas não presenciais para respeitar as regras impostas pela pandemia do novo coronavírus. A professora Luciana Vasconcelos conta que a primeira dificuldade foi buscar uma ferramenta que a maioria dos alunos tivesse acesso.
Após um levantamento, o WhatsApp foi a plataforma escolhida para ministrar as aulas. É assim que o pré-vestibular, fundado em 2016 e que funciona como uma extensão do Instituto Federal Estadual, tem tentado manter as aulas, suspensas em março, a distância. As áreas de conhecimento serviram para formar os grupos no aplicativo.
É ali que os professores têm ministrado as aulas e enviado slides e exercícios. "Tentamos fazer de uma forma com que a maior quantidade de alunos conseguisse participar", diz Luciana, ao acrescentar que a aprendizagem envolve ainda toda uma questão emocional. "É complicado estudar só pelo celular", explica. Segundo a professora, crescem as preocupações e inseguranças em função do momento atual, o que gera desestímulo dos estudantes para com as provas.
"Esses alunos vão ter que se manter estudando para disputar vagas com pessoas que têm melhores condições de vida. E só alterar a data de uma prova, em um período em que cada vez mais gente do nosso convívio está adoecendo, é muito complicado", critica Luciana, referindo-se à nova data estipulada para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A prova avalia o desempenho do estudante e, conforme a nota obtida, colabora para o acesso à educação superior. Após meses de impasse, o Enem foi transferido e será realizado de forma presencial nos dias 17 e 24 de janeiro, e em formato digital, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.
Em momentos como esse, a equipe multidisciplinar reforça suas ações. A equipe com professores de todas as disciplinas, pedagogos, profissionais da área jurídica, psicólogos e assistentes sociais. Os estudantes recebem todo apoio necessário para que não desistam de prestar vestibular.
Jenifer Tainá, que cursou o Dandara dos Palmares para se preparar para o vestibular, hoje é acadêmica de Cinema da Ufpel - Universidade Federal de Pelotas. Ela conta que o curso desempenhou um papel além da orientação de estudos "foi um espaço confortável para eu poder falar, debater e ser eu mesma. Foi o lugar onde eu consegui falar sem ser interrompida ou ser questionada, porque na escola era sempre isso que acontecia".
A jovem comenta que, ao longo de seu percurso educacional, totalmente feito em escolas públicas onde era a única negra, era constantemente desestimulada a ambicionar um lugar no ensino superior "eles só querem te enfiar um cursinho técnico goela abaixo, porque é isso que eles acham que tu vais conseguir".
E acrescenta "O fato de uma pessoa ser negra não impede ela de nada. O que impede é o que a estrutura impõem a ela só pelo fato dela ser negra".
Recentemente, o Pré-Vestibular conseguiu participar de uma iniciativa de uma ONG do Rio de Janeiro, a Nossas. Através dessa ação o Dandara, e outros 30 cursinhos pré-vestibulares, arrecadaram mais de R$ 600 mil para proporcionar pacotes de três meses de internet para 4.625 alunos de mais de 10 estados brasileiros. E, percebendo as dificuldades cotidianas dos alunos, os professores também estão se mobilizado para auxiliar: "nós, professores, estamos nos organizando para fazer uma vaquinha ou caixinha, para conseguirmos fornecer cestas básicas para alguns alunos".
Quer ajudar na manutenção deste sonho? 
Muitos alunos estão passando por dificuldades financeiras em meio à pandemia. Necessitam de alimentos, material escolar e livros.
Para doar, entre em contato com o Pré-Vestibular Dandara dos Palmares pelo e-mail: [email protected], ou pelo instagram: @dandaradospalmarespv.
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