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Empresas & Negócios

- Publicada em 27 de Abril de 2020 às 03:00

Messem Investimentos trabalha oportunidades geradas pela crise

Mauro Silveira, sócio da Messem Investimentos

Mauro Silveira, sócio da Messem Investimentos


/Messem Investimentos/Divulgação/JC
Marcelo Beledeli
Responsável pela custódia R$ 8 bilhões de 12 mil clientes ativos, a Messem é o maior escritório de investimentos que representa a corretora XP no Brasil. Criada em 2007, em Caxias do Sul, a empresa tem 200 funcionários em quatro escritórios no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Distrito Federal. Para Mauro Silveira, sócio-diretor da Messem, iniciar uma empresa de mercado financeiro no interior do Estado preparou a equipe para conquistar a confiança de clientes e ganhar espaço no resto do Brasil.
Responsável pela custódia R$ 8 bilhões de 12 mil clientes ativos, a Messem é o maior escritório de investimentos que representa a corretora XP no Brasil. Criada em 2007, em Caxias do Sul, a empresa tem 200 funcionários em quatro escritórios no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Distrito Federal. Para Mauro Silveira, sócio-diretor da Messem, iniciar uma empresa de mercado financeiro no interior do Estado preparou a equipe para conquistar a confiança de clientes e ganhar espaço no resto do Brasil.
No entanto, a atuação de um escritório de investimentos no País ainda enfrenta fortes desafios, como a concorrência dos bancos, que concentram a maior parte das aplicações financeiras da população. Um diferencial, neste momento da crise gerada pela pandemia de Covid-19, diz Silveira, é oferecer aos clientes oportunidades de negócios geradas pela queda das ações.
JC Empresas & Negócios - Como a Messem iniciou as atividades?
Mauro Silveira - Nosso escritório surgiu quando a corretora XP Investimentos, que tinha sede em Porto Alegre, começou a abrir filiais. Uma delas era a de Caxias do Sul, que foi nossa origem. Esse formato durou uns três anos, e, depois, essas filiais da XP viraram escritórios independentes representantes da corretora, que passou a ser uma distribuidora de produtos, enquanto nós nos tornamos o braço comercial, o elo junto aos clientes. O escritório em Caxias do Sul abriu em 2007, chegamos a Porto Alegre em 2013 e abrimos em São Paulo em 2016. Agora, faz um ano que estamos também em Brasília.
E&N - Ter começado no interior de um estado fora do Centro do País gerou dificuldades ou deu vantagens para a operação?
Silveira - Em cidades menores, existe essa questão cultural que a pessoa leva um tempo até confiar no outro, é mais receosa, quer ver se você veio para ficar. Nosso time era pequeno, no máximo seis pessoas, em um escritório de 150 metros quadrados. E éramos muito jovens, nossa média de idade era 22 anos. Então foi um desafio ganhar confiança desses investidores. E não conseguíamos trazer pessoas com experiência no mercado. Eu mesmo sou formado em Administração e tinha uma experiência em empresa familiar, na área comercial, não tinha nada a ver com mercado financeiro. Por muito tempo, formamos pessoas, pegávamos profissionais que estavam saindo da faculdade, que cursavam Economia, eram bem relacionados na cidade e tinham interesse em trabalhar no mercado. Hoje em dia, a situação é outra. No últimos 12 meses, contratamos mais de 50 pessoas que vieram de banco, com experiência nesse segmento. Mas essa situação adversa nos moldou para podermos ir a outras praças.
E&N - Os bancos ainda são o principal concorrente dos escritórios de investimento?
Silveira - Em todo o mundo, a tendência é investir fora de bancos, o que deve acontecer aqui. No Brasil, 90% dos investimentos estão em bancos e apenas 10%, fora deles, mas essa realidade começa a mudar Quando passamos a oferecer produtos para competir com renda fixa, previdência, fundos que nossos clientes tinham nos banco, eles puderam comparar melhor o serviço. O gerente do banco tem uma função mais generalista, acaba tendo que cuidar da parte do crédito, da conta bancária, dos cartões e também do investimento. Acabamos sendo especialistas só na parte do investimento e entregando uma proximidade maior. Nossos assessores têm uma carteira muito mais reduzida, com 70 a 80 clientes, enquanto um gerente tem 500.
E&N - O brasileiro está deixando de ser conservador em seus investimentos?
Silveira - As pessoas são mais conservadoras no Brasil, e isso tem um motivo: como a taxa de juros era muito alta, a renda fixa pagava muito bem por muito tempo. Então o investidor não precisava correr riscos para ter um taxa confortável de rendimentos. Até há pouco tempo, a taxa de juros na renda fixa era acima de 1% ao mês, 12% a 14% ao ano. Agora, esses mesmos ativos rendem 3,5%, 4% ao ano. As pessoas se obrigam a tomar algum tipo de risco, investir em ações, empreender mais, para melhorar a rentabilidade.
E&N - A forte queda da bolsa com a pandemia é uma oportunidade boa para negócios?
Silveira - Crises como essa geram muitas oportunidades interessantes, com ações muito baratas. Algumas empresas gaúchas estavam valendo na bolsa menos do que elas têm em caixa. Uma empresa não tem como valer menos do que ela tem de liquidez no caixa!
E&N - Todas essas ações valendo menos do que deveriam indicam que o mercado se comporta de forma irracional?
Silveira - Às vezes o mercado pode ficar irracional por um tempo. É o que aconteceu no final de março, por exemplo, quando chegamos a ter quatro circuit breaks em uma semana. Mas, no médio e longo prazos, ele é racional. A situação da empresa, o lucro que ela entrega, os desafios e benefícios do seu setor, isso é o que dita o preço do papel no longo prazo. Se fizer um gráfico de ações no longo prazo, é difícil ver algum papel que perdeu dinheiro.
E&N - Como acredita que se dará essa recuperação?
Silveira - Há muita discussão entre analistas se a recuperação será em V, que seria mais rápida, ou em U, quando o mercado fica um tempo de lado até voltar a andar. Sou otimista, acredito que a bolsa no Brasil voltará ainda neste ano a patamares perto de 100 mil pontos. Às vezes, os clientes perguntam: o Brasil não vai sofrer? A economia vai cair? As empresas não vão ter menos demanda? Isso acontecerá, mas, por isso, a bolsa já caiu tanto. O mercado antecipa tendências. Agora, está se normalizando. O impacto do coronavírus é temporário. A única certeza das crises é que têm início, meio e fim. Acredito que sentiremos os impactos por um ou dois trimestres, mas a tendência segue positiva no futuro.
E&N - O que uma crise tão grande como esta no mercado ensina ao investidor?
Silveira - Muitas vezes, quando tem uma oscilação como aconteceu nos últimos meses, o investidor aprende muito. Nos últimos dois anos, a bolsa teve mais de 1 milhão de novos investidores, e, com certeza, entraram pessoas despreparadas. Por isso, é importante fazer a escolha certa dentro de cada perfil. As pessoas precisam entender que o investimento em ações é de risco e dá retorno a longo prazo. Além disso, o pedaço de recursos aplicados em ativos de risco deve ser pequeno. O investidor precisa ter reserva financeira na renda fixa, porque, se der algum problema, ele tem uma segurança para passar por um período turbulento.
E&N - Quais são as recomendações para quem está preocupado com os investimentos ou quer entrar no mercado agora?
Silveira - Aqueles que estão preocupados podem pedir uma análise para alocar seus recursos dentro do melhor perfil indicado. Para quem não precisa do recurso imediatamente, o melhor é deixar o dinheiro onde está, para não realizar prejuízo. Para quem quer entrar em renda variável, agora há ações com preços muito bons, mas é importante ter assessoria especializada para indicar os melhores papéis. E diria para a pessoa ir aos poucos. Hoje, tem muitas opções no mercado com proteção, produtos com risco de perda calculado. Não temos como dizer que o fundo do poço já passou, mas se a pessoa quer investir a longo prazo, este é momento para entrar na bolsa.
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