GNC promove experiências diferentes ao público

Para manter o interesse do público, os cinemas devem estar em constante aprimoramento dos serviços. Esta é a avaliação de Ricardo Difini Leite, diretor de operações do grupo GNC Cinemas. "Tem que criar atrativos e benefícios para que as pessoas continuem gostando", diz.

Segundo ele, 2019 foi um ano muito bom para os cinemas do Brasil, e o grupo teve um crescimento maior do que o da média nacional. "Em um país recém tentando se recuperar de uma situação econômica instável, a gente conseguiu um crescimento de público", diz. Enquanto o fechamento de público no Brasil cresceu 7,8% no último ano, o GNC teve um acréscimo de 9,5%.

Leite explica que, mesmo com concorrência de outras formas de assistir filmes, os cinemas não são ameaçados porque representam uma experiência diferenciada. "Comparando a um restaurante, você pode se alimentar em casa, assim como pode assistir um filme em casa, mas as pessoas não deixam de ir em restaurantes por isso", afirma. Formado em administração de empresas pela UFRGS e com pós-graduação em comunicação e propaganda pela Universidade da Região de Joinville e MBA em Marketing pela FGV, Leite ocupa o cargo de diretor e sócio-gerente no grupo desde 1995.

Atualmente, o grupo tem operações no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre e Caxias do Sul, e nas cidades catarinenses de Blumenau, Balneário Camboriú, Criciúma e Joinville. Ao todo, são 53 salas de cinema com padrão de projeção DCP (Digital Cinema Package), distribuídas em dez complexos.

Ricardo Difini Leite - Eu entendo que o grande desafio dos cinemas, e que não é de hoje porque vem acontecendo a muitos anos, é conseguir sempre proporcionar uma experiência para o cliente que ele continue tendo o cinema como uma opção de lazer e entretenimento. Questionam até onde o streaming tem afetado o cinema, mas o grande diferencial tem sido exatamente de o cinema ser um evento social, uma grande opção de lazer, porque as pessoas não vão só para assistir um filme. Quando surgiram as locadoras foi a mesma coisa, "ah, mas não vão afetar os cinemas?", e as locadoras que deixaram de existir. Há uma grande transformação na área, dos cinemas de rua para os multiplex, e o desafio é fazer com que continue sendo um grande atrativo de lazer para as pessoas continuarem querendo ir.

Leite - A gente tem percebido um interesse muito maior no que chamamos de filmes-evento, como filmes de super-heróis. Ano passado, Os Vingadores foi um grande sucesso e um grande evento. Tem filmes que também não são tão cheios de técnicas especiais, como Coringa, um evento desse ano que foi fantástico, uma surpresa maravilhosa, mas muito mais pelo conteúdo do filme do que propriamente efeitos. É mais pelo tamanho da tela, sala escura, som, isso tudo continua sendo o grande diferencial, onde as pessoas têm uma facilidade maior de se concentrar e se envolver com o filme do que assistir em sua casa. Esses filmes ainda são os preferidos, mas a gente também tem opções que nos deixam feliz, como o filme Minha mãe é uma peça 3, que não tem efeitos e não são considerados blockbusters, e graças a Deus é um filme que cativou o grande público. O Rei Leão foi outro grande sucesso de bilheteria no ano passado, é um remake de um clássico que pegou todas as gerações, desde adultos até crianças. Essas produções, tanto estrangeiras quanto nacionais, tem conseguido de certa forma estar sempre inovando para que o interesse do público continue no cinema.

Leite - Acho que havia esse preconceito um tempo atrás, o cinema teve que mostrar - e mostrou - que ele tem muito mais qualidade. Na década de 70 e 80, havia outro tipo de cinema que foi criando esse mito, de que o cinema nacional estava sempre vinculado a pornochanchadas. Isso há muito tempo mudou. Existem várias produções de todo tipo e com qualidade incrível. O cinema nacional também tem tido seu espaço, e conseguido seu público. Tudo dentro de sua proporção porque, se tu for analisar, as dez melhores bilheterias do ano passado corresponderam a 51% do público. É um número restrito de filmes que coloca uma parcela muito grande da população nos cinemas, não é a quantidade de filmes, mas acaba concentrando interesse. Foram 20, 30 títulos no ano que foram os grandes responsáveis pelos números do cinema.

Leite - Em 2020, não temos nenhum projeto concretizado de expansão. Nosso investimento maior vai ser em uma operação em Santa Catarina, no Garten Shopping na cidade de Joinville. Vamos fazer uma grande revitalização, uma prática nossa de fazer repaginação. Fizemos isso logo depois da expansão do Iguatemi, tivemos em Caxias do Sul, reconstruímos salas em Blumenau e em 2020 será Joinville, para que nossas operações sempre fiquem atualizadas e modernas.

Leite - Não, acho que nas cidades que a gente tem está muito bom, tem uma população interessante, não chegam a 500 mil. Santa Catarina tem muitas cidades bem desenvolvidas e com população com poder aquisitivo. Balneário Camboriú foi uma surpresa positiva, hoje nossa operação tem o maior número de salas, são oito incluindo uma sala VIP. A gente ficava com receio que, por ser um balneário, em outros períodos não teria movimento, mas tem movimento todo ano. É a nossa maior operação. É um dos diferenciais da empresa, e nós escolhemos locais importantes. Saber escolher a operação que você quer estar instalado ajuda muito no sucesso do negócio.