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investimentos

- Publicada em 10 de Fevereiro de 2020 às 03:00

Robô ajuda a fugir de renda fixa

Em um cenário de juros baixos, os investidores brasileiros têm sido obrigados a diversificar sua carteira para conseguir maior retorno financeiro. Manter todo o patrimônio aplicado em renda fixa já não garante os melhores resultados. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram essa tendência: em 2019, os fundos de renda fixa tiveram resgate líquido de R$ 69,3 bilhões, enquanto os de ações foram os que mais captaram, com entrada líquida de R$ 86,2 bilhões, aumento de 195% em relação a 2018.
Em um cenário de juros baixos, os investidores brasileiros têm sido obrigados a diversificar sua carteira para conseguir maior retorno financeiro. Manter todo o patrimônio aplicado em renda fixa já não garante os melhores resultados. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram essa tendência: em 2019, os fundos de renda fixa tiveram resgate líquido de R$ 69,3 bilhões, enquanto os de ações foram os que mais captaram, com entrada líquida de R$ 86,2 bilhões, aumento de 195% em relação a 2018.
A plataforma de comparação de produtos do mercado financeiro Yubb também registrou a mudança de comportamento. A procura por renda variável aumentou nos últimos meses e, particularmente, pelos robôs de investimento. Em dezembro, 23% das buscas realizadas no site foram sobre os robôs.
Em primeiro lugar nas buscas na plataforma, no entanto, ainda aparecem os fundos de investimento, que incluem, fundos imobiliários, ETFs (fundos negociados em Bolsa), fundos de ações e previdência privada. Em seguida estão as ações, negociadas diretamente na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
Os robôs de investimento são plataformas que montam, de forma automatizada, com base em algoritmos, portfólios com produtos de renda fixa e variável de acordo com o perfil do investidor - a custos, em geral, mais baixos que as taxas cobradas do aplicador de pequeno porte. Cada casa especializada pode cobrar taxas de administração e até mesmo de performance.
O fundador do Yubb, Bernardo Pascowitch explica que os robôs de investimento surgem como uma possibilidade interessante por causa das facilidades que eles oferecen ao investidor iniciante. Antes de se definir onde o dinheiro será aplicado, o robô faz uma análise do perfil do investidor, considerando, por exemplo, os riscos que ele está disposto a tomar, o prazo e o volume da aplicação.
A publicitária Camila Coelho, de 24 anos, apostou nos robôs para se iniciar no mercado financeiro - seja pela falta de tempo para se dedicar a estudar as modalidades de investimento, seja pela falta de disposição para tomar decisões para cada ativo que possui. "Esse dinheiro é para ser usado em acontecimentos no futuro. Se tiver alguma emergência, vou usar. Caso contrário, deixo lá, não mexo."
Ela se considera conservadora e a forma como seus investimentos estão alocados comprova isso. "Eu não queria 100% de renda fixa porque sei que rende menos. Coloquei apenas 5% em renda variável para entender como funciona, mas também não queria perder", diz a publicitária. Com mais confiança no mercado, em breve pretende colocar 25% do seu patrimônio em renda variável. "Hoje, me sinto mais preparada para o risco."
De acordo com Luciano Tavares, fundador da Magnetis, gestora especializada em investimentos com tecnologia que tem R$ 375 milhões alocados, o maior desafio ainda é fazer o investidor entender como funciona o produto. "Quando conhece, gosta", afirma.
O diretor de produtos da Monetus, gestora de investimentos digitais especializada em robôs com R$ 160 milhões alocados, Vinícius Soares, diz que a empresa faz o balanço entre tecnologia e pessoas. "Operamos com um modelo híbrido que une o melhor dos dois mundos: a capacidade de raciocínio analítico de um gestor profissional com a capacidade de executar milhares de operações em poucos segundos de um computador." Segundo o Yubb, o prazo mais buscado para o investimento por meio de robôs é de 12 a 24 meses, com valores de R$ 5 mil a R$ 10 mil.

Reputação ruim no meio ambiente pode tirar investidores do Brasil, alerta especialista

Garman diz que retórica anti-ambiental é um dos principais riscos para o País

Garman diz que retórica anti-ambiental é um dos principais riscos para o País


/RICHARD JOPSON/DIVULGAÇÃO/JC
A questão ambiental é o principal risco para o Brasil em 2020, avalia Christopher Garman, diretor-geral para as Américas da Eurasia, uma das principais consultorias políticas do mundo. Ele afirma que a temática tem aparecido de forma recorrente em conversas com fundos de investimentos. Garman diz que iniciativas como o Conselho da Amazônia são insuficientes para melhorar a reputação do Brasil, uma vez que a retórica anti-ambiental do presidente Jair Bolsonaro é um fator de peso que pode inibir a entrada de novos investidores mais alinhados à preocupação com sustentabilidade.
Como estão a imagem e a percepção do Brasil no exterior?
Christopher Garman - Quando a gente olha a pressão e a preocupação de investidores sobre temas ambientais, (a percepção) é que nos últimos seis, oito meses houve um aumento muito forte, não só para os fundos adequarem sua estratégias de investimento para incorporar riscos climáticos, mas igualmente para que sejam sensíveis à pressão de consumidores e da opinião pública para adotar um perfil de investimento sustentável. Isso é importante para o Brasil, que criou uma reputação muito ruim no meio ambiente com a retórica do presidente, de um lado, e o aumento do desmatamento na Amazônia, do outro.
Como seria essa repercussão econômica?
Garman - Certos fundos de investimento, fundos de pensão, vão sofrer pressões de seus acionistas para não alocar mais recursos em um país que não tem boa reputação e credenciais ambientais. Você também pode ter alguns produtos brasileiros sofrendo boicote de consumidores na Europa e nos EUA. Se você é uma empresa multinacional e quer alocar mais dinheiro em investimentos no País, talvez sofra pressões dos seus acionistas. Já tivemos conversas com vários clientes especificando que isso é uma variável que pode evitar um aumento de exposição no Brasil.
O governo criou o Conselho da Amazônia e nomeou o vice-presidente Hamilton Mourão para comandá-lo. Isso não basta?
Garman - O governo está se mexendo e tomando medidas para tentar conter o desmatamento, não só pelo anúncio do conselho liderado pelo vice-presidente, mas também pela Força Nacional Ambiental. Mas o problema é que essas medidas não vão surtir efeito de ganho de credibilidade se o presidente da República continua a dar declarações atacando a mídia internacional, atacando lideranças como a Greta (Thunberg), contra a 'indústria da multa' do meio ambiente. Tem várias declarações polêmicas que o presidente faz, e isso gera as manchetes fora do País. As medidas que estão sendo feitas surtem pouco efeito reputacional se não estão acompanhadas de uma retórica consistente de compromisso com a agenda ambiental.
Isso pode provocar saída de investidores?
Garman - Acho que é mais no lado de evitar novos investimentos e fluxos para o País. Mas pode comprometer a posição de alguns fundos, sim.
É possível quantificar quanto de investimento essa retórica do presidente coloca em risco?
Garman - É difícil. A gente não tem esse cálculo. Mas estamos sentindo muito mais preocupação nesse lado. Acho que afeta mais no lado de inibir novos investimentos, menos do que retração de investimentos.
O ministro Paulo Guedes disse em Davos que o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza. Houve críticas de que seria uma visão ultrapassada. O sr. concorda?
Garman - Foi uma declaração infeliz, e eu até diria que a repercussão da fala foi pior exatamente porque a credibilidade do governo brasileiro nesse tema está em baixa. A maneira como ele se expressou foi infeliz, que foi associada à crença do período militar que não considerava a preocupação com sustentabilidade ao defender o crescimento econômico a todo custo. Eu até acho que não reflete a visão do próprio ministro, mas a repercussão foi muito maior dado a credibilidade do País estar em baixa.
O sucesso da agenda de concessões e privatizações depende de um reposicionamento do Brasil em relação ao tema ambiental?
Garman - Seria difícil chegar a tanto. Se a gente olha os ativos que podem ser colocados à venda, e tem ativos dentro da Petrobrás, do Banco do Brasil, e também toda a agenda de concessões, tem empresas que querem 'bidar' (dar lances) nesses ativos que não são tão restritas. Acham que os ativos são valiosos o suficiente para atrair esses investimentos. É muito difícil mensurar o tamanho do custo, não acho que venha a minar essa agenda, mas pode dificultar, sim.
 

Busca por rentabilidade favorece ambiente propício a fraudes e requer mais cuidados

No cenário de juros baixos, com a taxa básica (Selic) fixada em 4,5% ao ano pelo Banco Central (BC), os investidores procuram maior rentabilidade. Essa busca por um retorno mais expressivo cria um ambiente propício a fraudes. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), pelo SPC Brasil e pelo Sebrae com investidores pessoas físicas apontou que 11% perderam dinheiro em operações fraudulentas. Mais da metade das ocorrências (55%) foram relacionadas a esquemas de pirâmide financeira e, em 24% dos casos, o responsável desapareceu com o dinheiro. O levantamento ouviu 917 pessoas entre maio e junho do ano passado, de diferentes regiões do país e classes sociais.
A gerente hoteleira Letícia Santana, de 30 anos, foi vítima de uma fraude envolvendo a F3 Tech. Em 2019, vários de seus amigos investiram na empresa que tinha como lema ajudar pessoas de pouca renda, sobretudo negras. Ela aplicou R$ 2 mil e, dois meses depois, quando tentou sacar o dinheiro, não obteve resposta:
"Os retornos prometidos eram extraordinários, de 40% a cada dois meses, pois os donos diziam que estavam investindo em bitcoins. Todos os que apostaram na empresa não receberam. Postamos em redes sociais, fomos à casa dos proprietários e nada. Eles sumiram."
As promessas de retorno acima da média, com pouca burocracia e de curto prazo fazem com que os investidores caiam em operações fraudulentas, diz Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). "A falta de conhecimento suficiente para se blindar em relação às fraudes é tão preocupante quanto o endividamento. Isso está expondo essa parte da população que tem buscado alternativas à poupança." 
A especialista sugere que as pessoas vejam se as instituições ou as corretoras estão cadastradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e se têm registros ativos. "Precisamos alertar a população para que procure uma instituição que já tenha uma atuação consolidada. Leia o que há mídia sobre ela, veja se está cadastrada." Graziela Fortunato, professora de Finanças da PUC-Rio, recomenda atenção, alertando que se o retorno é alto, o risco é alto. "É a lei número um em finanças", completa.
Segundo a pesquisa, apenas 38% dos entrevistados conseguiram recuperar o dinheiro perdido na fraude. Do total, 18% ainda tiveram prejuízos, e grande parte (35%) já desistiu de receber. Daniel Sakamoto, gerente de projetos de CNDL, diz que o resultado da pesquisa será encaminhado ao poder público, a entidades de defesa do consumidor e a parlamentares para que iniciativas seja adotadas. "As interações pela internet fazem com que os golpes se propaguem mais rapidamente. É como fake news, com compartilhamentos feitos por parentes e amigos. Como nos golpes das pirâmides os primeiros a entrar ganham dinheiro, as pessoas acabam caindo."

Dicas para se proteger de irregularidades

  • Em caso de suspeita de fraude, procure o banco na hora.
  • As comunicações devem ser feitas pelo Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), para que haja o registro e seja gerado o protocolo de atendimento.
  • Os usuários devem ficar atentos a e-mails fraudulentos que têm como objetivo capturar dados.
  • Observar o endereço que envia as mensagens e ter cuidado com informações disponíveis nas redes sociais ajudam na segurança dos dados.
  • Nos investimentos, recomenda-se que não se aplique todo o dinheiro na mesma fonte. A diversificação faz com que o usuário se proteja da variação de mercado e não sofra tantos danos em caso de golpes.
  • O investidor deve sempre verificar se o fundo (ou a corretora) está cadastrado e regularizado junto aos órgãos de competência.
  • Desconfie de rendimentos com retornos rápidos.