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Empresas & Negócios

- Publicada em 04 de Novembro de 2019 às 03:00

É hora de fazer cinema

Da esquerda para direita: Rafaela, Bozzetti, Moreira e Conceição

Da esquerda para direita: Rafaela, Bozzetti, Moreira e Conceição


/MARIANA CARLESSO/JC
Eduardo Lesina
Em 2013, o fim de tarde, mais precisamente às 5 (17h), marcava a hora da formação de um projeto que aproxima o cinema das escolas públicas do município de Alvorada. O Clube das 5, com o objetivo de popularizar a linguagem cinematográfica através de oficinas, tornou-se um produto de fortalecimento cultural na rede pública de ensino alvoradense. Vinculado à Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Alvorada desde 2014, a iniciativa coleciona dezenas de curtas e um longa-metragem produzido.
Em 2013, o fim de tarde, mais precisamente às 5 (17h), marcava a hora da formação de um projeto que aproxima o cinema das escolas públicas do município de Alvorada. O Clube das 5, com o objetivo de popularizar a linguagem cinematográfica através de oficinas, tornou-se um produto de fortalecimento cultural na rede pública de ensino alvoradense. Vinculado à Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Alvorada desde 2014, a iniciativa coleciona dezenas de curtas e um longa-metragem produzido.
Grande consumidor de filmes, o professor de educação física André Bozzetti, começou a planejar o projeto em 2012: “comecei a estudar as teorias do cinema já pensando em usar essa paixão que tinha para aplicar na escola para os alunos”, conta um dos fundadores. Em 2013, Bozzetti ministrava aulas nos turnos da manhã e da tarde, o que proporcionou a ele a ideia de uma oficina nos horário após-classe. Através do trabalho voluntário, o Clube das 5 tinha um objetivo claro: utilizar a produção audiovisual como ferramenta para a ampliação de conhecimento e do desenvolvimento cultural dos estudantes.
A iniciativa, que teve início na Escola Municipal de Ensino Fundamental Emília de Oliveira, foi integrada pela SMED de Alvora em 2014 e, com isso, estendeu-se para toda a comunidade escolar. Seis anos depois da integração com a Secretaria, o Clube das 5 tem hoje uma sede fixa do projeto, no Centro Municipal de Educação Profissional Florestan Fernandes, e Bozzetti tem 40h semanais nomeadas diretamente para o projeto.
O Clube das 5 deixou de ser estritamente às 17h, dando lugar para oficinas de manhã e à noite. As turmas regulares tem média de idade entre 14 e 15 anos, embora o projeto também conte com uma turma específica para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na ideia de atividades diversificadas do município e ativo neste semestre.
Para uma maior compreensão sobre o funcionamento do cinema, o curso, que é semestral, relaciona a parte teórica com a prática. Aulas teóricas sobre história do cinema, roteiro, montagem, sonorização e filmes para análises e discussões em sala de aula iniciam a trajetória dos alunos no universo cinematográfico. Depois da etapa teórica, os alunos partem para prática que, segundo Bozzetti, é a principal atividade do projeto: “desde o início incentivamos a criação de roteiros, porque quando tivermos um roteiro pronto, postergamos a teoria para adentrar à prática”, conta o professor. A captação de som e das imagens é realizada através dos equipamentos pessoais do professor.
A delegação de cargos e tarefas é feita pelos próprios alunos que estão trabalhando no projeto. “Eu sempre falo para eles que o roteirista é o ‘dono do filme’. Quem escreve a história vai gerenciando as tarefas com a ajuda dos outros”. Ainda assim, a rotatividade de posições é parte fundamental do projeto, uma vez que busca proporcionar todas as possibilidades dentro do cinema a todos os alunos.
As produções realizadas pelas turmas participantes do projeto não tem um tema definido. Na verdade, a indicação é o oposto: liberdade de pensar e escolher o objeto de trabalho. Quando as ideias não chegam, Bozzetti sugere um tema para ser trabalhado. Foi assim no curta “Brincadeira”, que venceu o prêmio Pequeno Cineasta, na categoria Nacional Jovem, uma adaptação de uma crônica de Luís Fernando Veríssimo, roteirizado e dirigido pela aluna Rafaela Cardoso. A frase do cineasta Glauber Rocha, “o que interessa é a criação”, expressa o pensamento produtivo que rege o projeto. “A ideia que eu tenho é que os filmes são feitos para circular. Não gosto de deixar filme guardado, então quando eles estão prontos eu começo a contatar os festivais para apresentação”.
A presença em festivais já é parte da realidade do projeto que acumula indicações e prêmios na sua história. Esse é o caso do curta “Fake News”, que recebeu o Prêmio Primeiro Filme na categoria Originalidade. O curta marcou a estreia da aluna Conceição na direção que, mesmo já tendo trabalhado com cinema independente nunca tinha dirigido, e foi protagonizado pelo aluno Fernando Pedroni. Além das presenças nos festivais brasileiros, o Clube das 5 já marcou presença em eventos internacionais, com exibição dos seus filmes no Uruguai e na Grécia. Embora os prêmios sejam um reconhecimento do trabalho, Bozzetti afirma: “para nós vale mais a exibição do filme nos festivais do que o prêmio propriamente dito. O prêmio é a cereja do bolo, principalmente pela dedicação posta para fazer o filme”.
A participação do Clube das 5 nos festivais de cinema se tornou uma via de mão dupla. Neste mês, o projeto realiza, em conjunto com a SMED, a quinta edição do Festival Internacional de Cinema Escolar de Alvorada, que reúne mais de 1.300 curtas inscritos de 90 países.
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