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Empresas & Negócios

- Publicada em 13 de Outubro de 2019 às 23:51

Oderich quer expandir a linha premium

Oderich diz que o contexto econômico atual leva a empresa a aumentar a variedade dos produtos

Oderich diz que o contexto econômico atual leva a empresa a aumentar a variedade dos produtos


Conservas Oderich/Divulgação/JC
Carlos Villela
Pioneira no País na produção de conservas enlatadas, a Oderich comemora 111 anos de atuação dedicada ao ramo de alimentos com uma linha de produtos em expansão e mantendo o caráter de empresa familiar. Sediada em São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, a empresa hoje produz condimentos, compotas, derivados de tomate e vegetais, cujo público passa do varejo comum até missões humanitárias.
Pioneira no País na produção de conservas enlatadas, a Oderich comemora 111 anos de atuação dedicada ao ramo de alimentos com uma linha de produtos em expansão e mantendo o caráter de empresa familiar. Sediada em São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, a empresa hoje produz condimentos, compotas, derivados de tomate e vegetais, cujo público passa do varejo comum até missões humanitárias.
A história da empresa foi precedida pelo imigrante alemão Adolph Oderich, que chegou ao Brasil em 1879, aos 22 anos, e fundou um centro de refinamento de banha. O filho mais velho de Adolph, Carlos Henrique, após estudar sobre métodos de conservação de carnes na Alemanha, fundou em 1908 a Carlos H. Oderich & Cia., que mais tarde se tornaria a Conservas Oderich S.A.. Atualmente, são seis unidades da empresa, quatro delas no Rio Grande do Sul: duas na cidade-sede, uma em Pelotas e outra em Eldorado do Sul. As outras unidades estão na cidade goiana de Orizona e em Salvador, capital baiana.
Hoje, a empresa é administrada pela quarta geração da família. Para o presidente da empresa, Marcos Oderich, a necessidade de vender diretamente ao varejo no contexto econômico atual leva a empresa a aumentar a variedade dos produtos, trazendo novidades e aprimorando produtos já existentes. Exportando para mais de 80 países, a empresa teve um aumento de 10% de receita bruta em 2018, e espera manter esse crescimento neste ano.
Empresas & Negócios - Que novidades a Oderich traz este ano?
Marcos Oderich - Nós queremos incrementar a nossa linha de produtos premium e então estamos aumentando a família. Criamos um produto com um diferencial de mercado, a partir de uma qualidade diferenciada de ervilha, que é um produto muito popular e de grande consumo em mercado doméstico, principalmente nas classes com menor poder de compra. É um produto barato, e que está bastante difundido com consumidores de renda mais baixa. Praticamente toda a ervilha fresca que tem para servir em restaurantes, por exemplo, é importada da Europa, e nós começamos a produzir no Brasil pelo quarto ano. Nós também estamos fazendo um relançamento da linha premium das bisnagas de ketchup, mostarda e maionese em uma embalagem de 220g, para poder atingir o público de famílias pequenas. Além disso, estamos lançando uma banha em lata, em uma embalagem 360g com uma tampa abre-fácil e uma sobretampa prática, para consumidores que não consomem tanta banha porque não querem comprar um baldinho ou um pacote de 1kg.
Empresas & Negócios - A empresa agora tem uma linha mais ampla de condimentos, tanto na linha premium quanto na tradicional. O que motivou a se expandir a variedade desses produtos?
Oderich - Recentemente nós tivemos uma grande alegria porque a nossa mostarda tipo Americana foi considerada a melhor mostarda dentre várias analisadas em teste cego por um grupo de chefs de cozinha em São Paulo. Isso está nos levando para um crescimento ainda maior da valorização dessa linha de produtos de apelo mais nobre e voltados a uma classe consumidora que ainda pode pagar mais. O que aconteceu é que nós, tendo algumas dificuldades competitivas no mercado brasileiro para vender produtos feitos aqui, considerando a distância de grandes centros consumidores do Sudeste, e considerando que vivemos uma guerra fiscal muito acirrada na qual o Estado não conseguiu manter uma política de manutenção de empresas, muitas acabaram saindo daqui. Por esse motivo, tivemos que adotar uma política no qual nosso papel era de fabricante e distribuidor. Tem algumas empresas que utilizam canais de distribuição terceirizados para fazer a comercialização dos seus produtos e espalhar essas mercadorias em pequeno e médio varejo. Como não tínhamos condições de competir para fazer isso e ter um intermediário nessa relação, passamos a ter a necessidade de vender o mais diretamente possível para o varejo. Para isso se tornar mais fácil, nós achamos necessário diversificar, e começamos a procurar o que poderia se encaixar nas nossas linhas de produto que poderia ter um apelo, colocar produtos de alto consumo que pudesse ser não tão sazonal, porque trabalhamos muito com produtos de safra. Os condimentos são produtos muito valorizados por parte dos nossos consumidores e clientes.
Empresas & Negócios - A Oderich foi fundada como uma companhia de carnes em conserva, que continuam sendo vendidos. Qual é a importância da linha de produtos para a empresa?
Oderich - Antes de se tornar popular e acessível, quase um item obrigatório nos lares, era um produto muito consumido pela sua praticidade e pela questão lógica de conservação. Como somos uma empresa com mais de 100 anos, esses produtos fazem parte das nossas linhas faz décadas, e ainda são mantidos porque têm um apelo de consumo, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, em áreas de extrativismo, na selva amazônica, garimpos e grandes fazendas. E também nas periferias, porque é uma refeição barata. Mesmo com a popularização das comidas finas, para essas regiões a lata ainda tem apelo e demanda. Já por outro lado, onde existe essa dificuldade de ter um sistema seguro de refrigeração, países que passaram por guerra civil, como é o caso da Síria, esses enlatados também são importantes para os projetos de ajuda humanitária e combate à fome.
Empresas & Negócios - A Oderich contratou muitos imigrantes que chegaram ao Vale do Caí no começo da década, vindos de países como Gana, Senegal e Haiti. Como foi a experiência com os trabalhadores estrangeiros?
Oderich - Aquele tipo de imigrante que veio naquela oportunidade tinha um salário na época em que o Brasil estava em uma condição de relação dólar-real muito baixa, o dólar em torno de R$ 1,70. Naquela oportunidade, grande parte dos imigrantes e refugiados que vieram ao Brasil conseguiam fazer uma economia para ajudar seus familiares. Contratamos muita gente, ajudamos bastante na questão de casa, alimentação, para justamente ter uma possibilidade de se estabilizar e depois continuar locando seus imóveis, morando nas nossas cidades em uma condição de autossustentação. Depois o dólar começou a aumentar muito e o salário praticamente se manteve estável, a inflação ficou mais baixa e não acompanhou a escalada do dólar. Por isso desistimos da manutenção desses trabalhadores nesses postos de trabalho. Ainda temos imigrantes, mas em número menor. Muitos se fixaram e fizeram família na região. A experiência foi positiva para a empresa, num momento de mercado aquecido e falta de mão de obra no Brasil. Aí veio a recessão e começou a ter outros problemas, como oferta maior de mão de obra local, e apelo das prefeituras locais pedindo para resolver o problema dos trabalhadores da região. Se inverteu o papel, na medida que o pessoal ia saindo a gente foi fazendo a substituição pelos trabalhadores da nossa região.
Empresas & Negócios - Quais são os países que a Oderich mais exporta atualmente?
Oderich - O maior volume de negócios é com países da África, como Angola, Senegal, Gana, Guiné, Congo, e a região do Caribe, como Jamaica e Curaçao. A própria Cuba é um país que mandamos muita mercadoria. Vendemos muito também para a Venezuela. Agora tem essa crise toda, mas era um mercado que demandava muito nosso produto, quer enlatados e conservas, ou nossas salsichas congeladas. Vendemos também para o Oriente Médio, principalmente carnes enlatadas, e é um mercado cativo.
Empresas & Negócios - China e Índia fazem parte das grandes exportações da empresa?
Oderich - Não. A China é uma grande concorrente nossa para alguns produtos que fabricamos, principalmente legumes, e atua muito em países que nós atuamos, como os africanos. Tem também um interesse, tem muito chinês em Angola fazendo grandes obras, e em outros países também, em troca de minérios. E a China só agora está habilitando alguns frigoríficos brasileiros de carne bovina, suína e de ave, então a tendência é a gente ter também habilitação nos próximos meses. Isso tudo passa por uma auditoria rigorosa.
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