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- Publicada em 26 de Agosto de 2019 às 03:00

Painéis solares de baixo custo são instalados na Lomba do Pinheiro

Maria Aparecida comemora a água quente que sai das torneiras e também a redução de gastos com a conta de luz

Maria Aparecida comemora a água quente que sai das torneiras e também a redução de gastos com a conta de luz


/MARCO QUINTANA/JC
Pedro Carrizo
Os banhos de Maria Aparecida têm sido outros desde o início de agosto. "É como se a energia do sol da manhã me desse mais energia para começar o dia", reflete Maria. Moradora da Vila dos Herdeiros, situada no bairro Lomba do Pinheiro, na zona Leste de Porto Alegre, ela recebeu placas solares que aquecem a água encanada de sua casa, reduzindo em até 60% os gastos com a conta de luz. A poucas quadras dali, na Vila Santa Helena, outra Maria, a Maria Lourdes, também mostra seu novo luxo interrompendo com a mão o fluxo de água que sai da pia da cozinha: "Olha como aquece rapidinho!".
Os banhos de Maria Aparecida têm sido outros desde o início de agosto. "É como se a energia do sol da manhã me desse mais energia para começar o dia", reflete Maria. Moradora da Vila dos Herdeiros, situada no bairro Lomba do Pinheiro, na zona Leste de Porto Alegre, ela recebeu placas solares que aquecem a água encanada de sua casa, reduzindo em até 60% os gastos com a conta de luz. A poucas quadras dali, na Vila Santa Helena, outra Maria, a Maria Lourdes, também mostra seu novo luxo interrompendo com a mão o fluxo de água que sai da pia da cozinha: "Olha como aquece rapidinho!".
A iniciativa que culminou na instalação dos painéis solares, porém, é bem mais alarmante do que a felicidade das mulheres, e levanta o debate sobre os riscos e os altos custos com energia no Brasil. Da casa a de Maria Aparecida, por exemplo, dá para ver de perto, e sentir o cheiro, da barragem Lomba do Sabão, abandonada há cerca de dez anos pela Prefeitura de Porto Alegre, e que pode atingir 14 bairros se vier a romper. Na situação simulada, a casa de Maria Aparecida seria uma das primeiras a ser submersa.
Nascida para ser uma reserva do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) em caso de falta de água em Porto Alegre, a construção está desativada devido a proliferação de vegetais que contaminam o reservatório. "No verão o cheiro é horrível... da dor de cabeça", acrescenta a vizinha da construção abandonada. Fazer com que a Prefeitura execute a manutenção periódica da barragem é uma insistência dos moradores da Lomba do Pinheiro.
Inclusive, o Rio Grande do Sul é o estado com mais barragens do Brasil. Das 24 mil unidades cadastradas pela Agência Nacional de Águas (Ana) no País, cerca de 10 mil estão em solo gaúcho. "O Brasil produz energia de sobra, o consumo é menor que a produção. Além disso, a energia hidrelétrica é uma das mais baratas. Mesmo assim, as tarifas são altas para a população e muito dessa arrecadação vai para fora do país", salienta Fernando Damasceno, um dos especialistas em energia do Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab).
Fundado por agricultores gaúchos e catarinenses atingidos por hidrelétricas na região do Alto Uruguai, na década de 1970, o Movimento executa há bastante tempo o projeto de instalação de placas solares no Interior do Estado. Em Porto Alegre, as casas de Aparecida e Lourdes foram as primeiras. Resultado de um ano de reuniões entre a Associação de Moradores da Lomba do Pinheiro, que definiu as primeiras casas a receberem as placas, e o Mab, que custeou o projeto com um edital do Fundo Socioambiental Casa.
"Nas reuniões eu percebi que todos são afetados, direta ou indiretamente, pela construção de barragens. Ou é na hora de bancar a conta ou com os impactos ambientais", lembra Maria Aparecida, uma das assíduas nos encontros. O lema: "Energia não é mercadoria", estampado na bandeira do Mab, e redito nas reuniões, acendeu nela uma realidade que estava há tempos escancarada. Tão escancarada que dá para vê-lá de seu pátio.
"Além disso, eu não sabia que existiam outros tipos de painéis solares. Tipos mais baratos", completa. Diferente dos painéis fotovoltaicos, que podem ultrapassar os R$ 60 mil, sem a instalação, as placas instaladas nos telhados das Marias custaram em torno de R$ 2,5 mil por casa, e podem gerar entre 40% e 60% de redução no custo de energia.
Mesmo que a conta de luz ainda não tenha chego, expondo precisamente a redução, tanto Aparecida como Loudes já planejam as novas margens de seus orçamentos. Chefes em suas famílias, são elas as responsáveis pelo orçamento familiar e pelos cuidados domésticos. 
Além delas, mais quatro famílias do bairro Lomba do Pinheiro terão instalados em seus telhados painéis solares até o próximo mês. Assim como foi nas duas primeiras, os dias de instalação reúnem moradores da região e integrantes do Mab, que montam os painéis coletivamente, como se fosse uma oficina a céu aberto para toda a comunidade.
"Instalar esses painéis em regiões periféricas ou mais pobres é uma medida relativamente barata para o Estado e traria uma grande economia para as famílias contempladas", destaca a presidente da Associação de Moradores da Lomba do Pinheiro, Maristela Maffei.
O próximo passo, segundo a presidente, é transformar a iniciativa social em política pública. Tanto é que a Associação de Moradores da Lomba do Pinheiro, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens pretende convidar, no próximo mutirão, representantes da Prefeitura Municipal e do Governo do Estado para mostrar os potenciais desse projeto. 
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