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Empresas & Negócios

- Publicada em 19 de Agosto de 2019 às 03:00

Os altos e baixos da aviação comercial no Brasil

João Machado, especialista em avição e editor do portal Ponte Aérea, arquivo pessoal, 2

João Machado, especialista em avição e editor do portal Ponte Aérea, arquivo pessoal, 2


/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Os avanços no transporte aéreo brasileiro num passado recente são inegáveis. Nos últimos 10 anos em nosso país, nunca se voou tanto e a preços tão baixos. Apesar de certos obstáculos enfrentados, principalmente desde a derrocada econômica de 2014, pode-se afirmar tranquilamente que nunca foi tão fácil voar no país. Mas ainda há muita margem para mudanças, que parecem estar avançando positivamente por meio de medidas de desregulamentação.
Os avanços no transporte aéreo brasileiro num passado recente são inegáveis. Nos últimos 10 anos em nosso país, nunca se voou tanto e a preços tão baixos. Apesar de certos obstáculos enfrentados, principalmente desde a derrocada econômica de 2014, pode-se afirmar tranquilamente que nunca foi tão fácil voar no país. Mas ainda há muita margem para mudanças, que parecem estar avançando positivamente por meio de medidas de desregulamentação.
Se hoje estamos em um patamar tão superior ao de décadas atrás no setor, muito se deve às medidas de desregulamentação levadas a cabo nos anos 1990. Empresas mal geridas e/ou muito próximas a governos, as principais sendo Varig, Vasp e Transbrasil, não conseguiram se adaptar à maleabilidade de tarifas e rotas, quebraram e deram lugar a outras - as principais sendo Gol e TAM (atual Latam) e, a partir de 2008, a Azul.
Entretanto, a consolidação de um duopólio imediatamente após a falência da Varig comprovou que eventualmente pode haver imperfeições nesse sistema. Para corrigir as imperfeições que causam aumento de tarifas e, portanto, menor mobilidade principalmente a quem tem menos condições financeiras, torna-se necessário atrair mais investidores. Mais do que simplesmente atrair capital, numa das indústrias com as menores margens do planeta, garantir as condições necessárias para a rentabilidade das companhias é imprescindível. Ou seja: não apenas liberar a sua entrada, mas também permitir que apliquem livremente o seu modelo de negócios.
Por isso, a liberação ao capital estrangeiro no setor da aviação comercial é tão importante e, junto a ela, a liberação de cobranças adicionais, como as bagagens despachadas. Fundamentalmente, a atração de companhias low-cost/low-fare é o principal efeito positivo de tais medidas. Estas têm a capacidade de cobrar menos por meio de uma estrutura de custos muito mais enxuta, junto a uma gama relativamente complexa de cobranças adicionais.
Bons exemplos à nossa volta não nos faltam. Na América Latina, diversos países vêm se adaptando à realidade low-cost/low-fare. O exemplo mais interessante é a Argentina. Mesmo que uma crise cambial tenha embaralhado ainda mais o cenário macroeconômico do país vizinho, o governo atual praticamente quebrou limitações tarifárias e deixou de impedir politicamente a entrada de competidoras, colocando a superprotegida Aerolíneas Argentinas, patrimônio favorito dos peronistas, para competir com novas entrantes.
Três delas são low-cost/low-fare. O efeito não surpreende. Lá, nunca se voou tanto e a preços tão baixos, para o pavor dos sindicatos e da imprensa de oposição, que a todo custo tentam macular essa mudança no modo de viajar dos argentinos. Evidentemente há algumas falhas de percurso, mas o que se pode tirar como resultado - e a Argentina não é o único exemplo disso - é como a desregulamentação e a liberação de capital externo pode ser positiva no contexto da aviação comercial de um país.
E não há nada de ideológico nisso. Quem se beneficiará principalmente com a abertura do setor no país não serão os burocratas, não serão os muito ricos; serão, aí sim, os que têm menos condições de pagar por uma passagem aérea, os que hoje andam de ônibus e que poderiam economizar tempo indo de avião. A popularização do setor nos últimos 10 anos precisa prosseguir.
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