Gramado volta às origens para diversificar cardápio para turistas

Esqueça tudo que você já ouviu falar sobre Gramado. Um dos principais destinos turísticos do Brasil e conhecida por eventos consagrados - como o Natal Luz e a Páscoa em Gramado -, a cidade da Região das Hortênsias quer mostrar um lado que os visitantes ainda não conhecem. E esse roteiro leva às origens do município - as localidades de Linha Nova e Linha Bonita, que receberam os primeiros imigrantes e onde o então distrito de Taquara começou a se formar.

A Turistur é uma das primeiras empresas a desenvolver uma programação específica para explorar as atrações rurais. O tour Raízes Coloniais é uma verdadeira viagem no tempo, com direito à visitação das casas de famílias italianas que chegaram ao local há muitas gerações. É possível conhecer de perto a arquitetura típica das origens da colonização. "A Casa Centenária, construída em madeira sobre um porão de pedras - onde até hoje conservam-se vinhos, queijos e salames -, conta um pouco da história de Gramado e de seus colonizadores", diz Amauri Raymundo, guia de turismo da Turistur.

A família Fioreze abre as portas do seu museu particular aos visitantes, que podem conferir peças antigas colecionadas por Nelson Fioreze. No Moinho Colonial Cavichion, outras raridades esperam os turistas. Além de conferir de perto o funcionamento do moinho movido pela força gerada por uma roda d'água, o local conserva equipamentos e ferramentas utilizados pelos colonos em seu trabalho no início do século XX. Nelson Cavichion, proprietário do moinho, conta cada detalhe com o bom humor típico italiano.

O processo artesanal de fabricação da erva-mate e a degustação do chimarrão chama a atenção dos turistas que fazem o tour Raízes Coloniais e visitam também a Fábrica de Erva-mate Marcon. O roteiro se encerra na casa da família Foss, que recepciona os visitantes com a hospitalidade e a música italianas, além de um típico café colonial, com direito a pão assado no forno à lenha.

Também é na Linha Nova, em cima de um cânion, que está o parque Olivas de Gramado, com uma programação diversificada. A culinária dos imigrantes, oferecida no restaurante, ganha um toque especial ao permitir que o próprio visitante colha sua salada na horta orgânica.

"Queremos unir turismo e sustentabilidade", define o diretor do parque, Daniel Bertolucci, que abriu o parque a escolas municipais da região para mostrar a importância da preservação da natureza por meio de projetos de educação ambiental. Em meio a um vale de montanhas, o parque conta com vários tipos de ecossistemas e diversificada flora e fauna nativas. "Está tudo catalogado e identificado de forma a oferecer mais conhecimento sobre a natureza", destaca Bertolucci.

As olivas, claro, tomam conta da paisagem. São 12 mil oliveiras de seis variedades espalhadas pela propriedade, que tem recantos como a fazendinha de minianimais - vacas, pôneis, cavalinhos, cabras, galinhas e ovelhas em tamanho menor têm suas próprias casinhas e proporcionam às crianças e aos adultos a interação com a natureza. Ali, o turista pode conferir, ainda, com requintes de detalhes, como eram as casas dos primeiros imigrantes a chegar na localidade. Também pode percorrer trilhas em meio à Mata Atlântida e fazer um tour rural entre as paisagens naturais e as plantações de oliveira, com direito a paradas em mirantes com vista para paisagens de tirar o fôlego.

Na volta à sede, onde fica o restaurante, o visitante é esperado com um vídeo que conta a história do azeite e da produção de oliva. E os conhecimentos ultrapassam a teoria. Uma degustação sensorial do azeite ensina ao público como reconhecer um produto de qualidade e a apreciar todas as combinações possíveis, com infusões com limão-siciliano, canela e outros condimentos que dão um toque especial ao sabor.