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Empresas & Negócios

- Publicada em 06 de Maio de 2019 às 03:00

Projeto 'Uma ajuda Três' junta recursos para a compra de cremes hidratantes

Cada bolsa permite que três pacientes recebam o medicamento de graça

Cada bolsa permite que três pacientes recebam o medicamento de graça


/Mayde Torriani/Arquivo Pessoal/JC
Lívia Rossa
"Eu não conseguia olhar para os pacientes sem fazer algo para ajudar". Sensibilizada pelos efeitos adversos causados em pessoas com câncer, a farmacêutica Mayde Torriani resolveu agir por conta própria e criou a "Uma Ajuda Três", iniciativa que reverte a venda de bolsas artesanais de crochê em cremes hidratantes manipulados. A experiência junto a pacientes com a síndrome mão-pé, consequência agressiva da quimioterapia, motivou a farmacêutica a elaborar um produto que aliviasse as bolhas, inchaço e até queda das unhas provocadas pela enfermidade.
"Eu não conseguia olhar para os pacientes sem fazer algo para ajudar". Sensibilizada pelos efeitos adversos causados em pessoas com câncer, a farmacêutica Mayde Torriani resolveu agir por conta própria e criou a "Uma Ajuda Três", iniciativa que reverte a venda de bolsas artesanais de crochê em cremes hidratantes manipulados. A experiência junto a pacientes com a síndrome mão-pé, consequência agressiva da quimioterapia, motivou a farmacêutica a elaborar um produto que aliviasse as bolhas, inchaço e até queda das unhas provocadas pela enfermidade.
A produção é caseira e se iniciou em julho de 2018. Mayde viu dificuldade em pedir somente os cremes para quem quisesse ajudar. Então, surgiu a ideia de utilizar o artesanato - os trabalhos manuais até então eram para presentar os amigos, eventualmente - como arrecadação de dinheiro para os hidratantes, com fórmula criada por ela e preparada em uma farmácia de manipulação.
Quem recebe os cremes não tem noção de que a pessoa que dá instrução sobre como tomar os medicamentos da quimioterapia - no hospital ou em casa - é a mesma que manda fazer a loção terapêutica.
Os beneficiados com os cremes hidratantes são todos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e ganham livremente o recurso. Antes disso, mesmo sabendo que a hidratação era indispensável para acelerar a recuperação dos ferimentos, os pacientes não compravam nenhum tipo de creme por falta de condições financeiras. "Muitos deles mal tem o dinheiro da passagem", acrescenta. 
A opção não resolve o problema, mas é uma alternativa para amenizar os efeitos. Os próprios médicos do hospital que sabem da iniciativa indicam para seus pacientes. "A mudança na vida das pessoas é a recompensa mais gratificante. Muitos dizem que o creme mudou a vida por conseguirem, ao menos, caminhar", completa.
A voluntária não imaginava a proporção que o projeto tomaria quando o criou. Desde o ano passado, Mayde diz ter vendido mais de 500 bolsas, 90% feitas por ela. O atelier é na sala da casa e a produção durante a semana inicia à noite, depois da jornada de trabalho no hospital. Nos finais de semana, Mayde diz que a produção se intensifica.
O projeto conta com ajuda esporádicas de amigas e família da farmacêutica, mas a produção é concentrada nela. "Costumo ter lista de espera e às vezes as clientes demoram um mês para receber o produto, mas aguardam pela causa", afirma.
Cada bolsa custa R$ 80,00 e possibilita a compra de três cremes manipulados, origem do nome do projeto. O valor cobre também o preço gasto com o material utilizado na elaboração. Até hoje, cerca de 580 cremes já foram comprados com o dinheiro. Em estimativa feita pela idealizadora, o projeto beneficia em média 40 pessoas por mês. 
"Vendo mais bolsa do que compro em creme", afirma a farmacêutica que teria verba para bancar os hidratantes durante um ano, caso resolvesse parar o projeto. O dinheiro remanescente, no entanto, não fica parado. Mayde destina a renda para as crianças da oncologia pediátrica para a compra de band-aids coloridos e sprays para soltar o micropore, evitando a dor dos pequenos. A prestação de contas é feita mensalmente nas redes sociais, na página do Facebook. 
O cuidado com as clientes das bolsas também é especial. Mayde faz questão de comprar bons materiais para valorizar o produto e capricha no acabamento. Coloca também perfume na bolsa e um cartão dentro, indicando a quem se destina o projeto. As clientes, que geralmente comprar para presentear outras pessoas, se encantam com a iniciativa, e acabam divulgando para outras pesso as. "Peguei um nicho que o mulheril adora", conclui a enfermeira e acrescenta que "o boca-a-boca é a principal ferramenta de divulgação do trabalho.
Uma das clientes mais assíduas é a médica Elza Mello, que já comprou dez bolsas desde o início do Uma Ajuda Três e afirma contribuir além do valor do produto para ajudar ainda mais na compra dos hidratantes. Amiga há anos de Mayde, Elza se diz emocionada com a iniciativa: "cada vez que dou uma bolsa de presente, explico a ação. A capacidade de ma pessoa sair da sua zona de conforto para ajudar os outros é louvável", completa. Com inspiração na amiga, Elza pretende aprender técnicas para fazer crochê e ser parceira nas confecções do projeto.
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