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Empresas & Negócios

- Publicada em 22 de Abril de 2019 às 03:00

Tesouro Direto ganha empurrão

Investimento mínimo é 
de R$ 100,00

Investimento mínimo é de R$ 100,00


/USP IMAGENS/DIVULGAÇÃO/JC
De patinho feio dos investimentos no Brasil, os ETFs (Exchange Traded Funds, no termo em inglês) ganham agora uma forcinha do governo, empurrão esperado já há algum tempo pelo mercado. O Tesouro Nacional abriu neste mês a oferta pública de seu primeiro fundo de renda fixa. O ETF do Tesouro Direto vai replicar uma cesta de índices com títulos públicos referenciados em inflação (títulos NTN-Bs, pós-fixados indexados ao IPCA), com a expectativa de levantar até R$ 2 bilhões por parte dos investidores.
De patinho feio dos investimentos no Brasil, os ETFs (Exchange Traded Funds, no termo em inglês) ganham agora uma forcinha do governo, empurrão esperado já há algum tempo pelo mercado. O Tesouro Nacional abriu neste mês a oferta pública de seu primeiro fundo de renda fixa. O ETF do Tesouro Direto vai replicar uma cesta de índices com títulos públicos referenciados em inflação (títulos NTN-Bs, pós-fixados indexados ao IPCA), com a expectativa de levantar até R$ 2 bilhões por parte dos investidores.
Os interessados terão até o próximo dia 29, última segunda-feira de abril, para fazer a reserva de suas cotas. O fundo começa ser negociado na B3 no dia 21 de maio e, segundo o Tesouro, até 70% das cotas serão destinadas para os investidores de varejo, podendo ser comprados pelas corretoras. O investimento mínimo é de R$ 100,00 e a liquidez é diária, com saques disponíveis na conta um dia depois de solicitado.
O ETF nada mais é do que um fundo de investimento que espelha o desempenho de índices. Eles são negociados pelas bolsas de valores, como se fossem papéis de uma empresa. O maior ETF em comercialização no Brasil é o Bova11, da gestora BlackRock. Ele é primeiro ETF brasileiro e, negociado pela B3, replica a cesta do Ibovespa, com um patrimônio líquido de R$ 6,486 bilhões.
O banco Itaú-Unibanco foi a instituição escolhida para a gestão do ETF do Tesouro Direto. Atualmente, existem no Brasil 16 fundos ETFs, sendo que apenas um era de renda fixa. Foi lançado em setembro do ano passado pelo grupo sul-coreano Mirae. Nesse período, o fundo captou dos investidores R$ 130 milhões e acumula um retorno de 11,6% ao ano - ou 400% do CDI. A aplicação mínima também é de R$ 100,00.
Segundo o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, o fundo alcança esse resultado "turbinado" por calcular o desempenho de uma carteira teórica, formada por contratos de juros futuros de três anos. "Esse é um mercado interessantíssimo para o investidor hoje. E enquanto os juros estiverem com viés de queda, os ganhos são maiores." O ETF também tem vantagens tributárias. Ele não tem a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), como no CDB e nas demais aplicações tradicionais de renda fixa. "Os ETFs também não têm 'come-cotas', que abocanha a menor alíquota de Imposto de Renda (IR) de cada tipo de fundo", diz Spyer. Na entrada, o IR sobre ETF é de 15%, em cobrança única.
O fundo do Tesouro recebeu o nome de "It Now ID ETF IMA-B Fundo de Índice", mas que vem sendo chamado de "ID ETF". A carteira vai refletir o IMA-B, índice da Anbima, associação de empresas do setor, que acompanha títulos públicos referenciados em inflação, como as NTN-Bs (título pós-fixado indexado ao IPCA).
O IMA-B tem hoje 14 títulos, com vencimentos de curto prazo (maio de 2019), médio prazo (maio de 2021) e vencimento longo (maio de 2055). Com isso, apesar do nome de renda fixa, ele poderá ter maior instabilidade dos que os demais investimentos do tipo, oscilando para cima ou para baixo a depender da agitação do mercado.
A taxa de administração do fundo será de 0,25% ao ano, menor que a dos fundos de investimento tradicionais de varejo, com taxas na casa de 1% ou acima. A carteira foi desenvolvida em parceria com o Banco Mundial e um dos objetivos é estimular o mercado de capitais no Brasil. O primeiro passo dos interessados em aplicar em ETF é abrir conta em uma corretora, como se faz com ações.
Para a planejadora financeira e professora de economia da ESPM Paula Sauer, o novo ETF é uma boa opção para resgatar clientes da caderneta de poupança. "Com o fato de estar atrelado à inflação, o investidor busca, além da rentabilidade, a manutenção do poder de compra", diz.
O ponto de atenção é que o ETF não paralisa a operação em períodos de dificuldade do mercado. Isso pode fazer com que o investidor tenha perdas com a oscilação. "As pessoas não são educadas financeiramente para saber que o preço de um produto de renda fixa varia ao longo do tempo, podendo inclusive gerar rendimentos negativos", afirma.
Os investimentos nos fundos de índice ETFs, carteiras listadas em bolsa que reproduzem ativos, quase dobraram nos últimos 12 meses no Brasil até fevereiro, para R$ 15 bilhões em patrimônio. No início de 2018 eram R$ 8 bilhões e em 2017 estavam em R$ 4,4 bilhões.
Apesar do crescimento das aplicações no Brasil, um estudo da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, e do banco francês BNP Paribas mostra que o mercado local ainda é pequeno na comparação internacional e com a própria indústria brasileira de fundos. Assim, tem potencial de seguir em expansão forte nos próximos anos.
Além disso, os aportes dos brasileiros em ETFs negociados nas bolsas dos Estados Unidos e Europa podem crescer cinco vezes se o País seguir as médias de outras economias latino-americanas, como o México e o Chile. O mercado de ETF de ações chegou a US$ 3 trilhões em ativos no mundo. Mas os brasileiros estão apenas começando a investir nestes ativos, mostra o estudo. "O Brasil está em um ponto de inflexão no mercado de ETF", destaca o responsável por vendas e serviços na América Latina do BNP, Andrea Cattaneo.
O México é o maior mercado da América Latina para os fundos de índice, de US$ 60 bilhões, isso para uma indústria de gestão de recursos de US$ 350 bilhões, um terço do tamanho da brasileira.
O responsável para a América Latina e Ibéria da BlackRock, Nicolas Gomez, faz um cálculo para mostrar o potencial dos investidores brasileiros aportarem recursos em ETFs lá fora. Ao contrário do México, os brasileiros investem muito pouco no exterior, menos de 2% do total de recursos da indústria de fundos do País.
 
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