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- Publicada em 28 de Janeiro de 2019 às 01:00

O poder que vem das bibliotecas

Localizado no Morro Santana, o espaço reúne diversas obras infantojuvenis e leituras para o público adulto

Localizado no Morro Santana, o espaço reúne diversas obras infantojuvenis e leituras para o público adulto


/fotos LUIZA PRADO/JC
Pedro Carrizo
No multiverso de uma biblioteca cabe de tudo. Das peripécias de Chico Bento ao discurso impetuoso de Angela Davis. Dos mistérios de Agatha Christie à fictícia realidade de Dan Bown. De Macunaíma a Homem-Aranha. De Jorge Amado a Erico Verissimo. De crianças a adultos. No alto do Morro Santana, a biblioteca Visão Periférica, construída na Vila Laranjeiras, concentra todos esses enredos e muito mais.
No multiverso de uma biblioteca cabe de tudo. Das peripécias de Chico Bento ao discurso impetuoso de Angela Davis. Dos mistérios de Agatha Christie à fictícia realidade de Dan Bown. De Macunaíma a Homem-Aranha. De Jorge Amado a Erico Verissimo. De crianças a adultos. No alto do Morro Santana, a biblioteca Visão Periférica, construída na Vila Laranjeiras, concentra todos esses enredos e muito mais.
Cercado por morros e estradas de chão, o espaço é fonte de cultura desde 2015, quando foi inaugurado por meio de uma parceria do Projeto Redes de Leitura com o Coletivo Visão Periférica. "Antes, não havia nada parecido na comunidade. As crianças tinham que ir na Vila Chocolatão para buscar livros, o que era muito raro e pouco seguro. Então, decidi entender como abrir uma biblioteca na nossa região", diz o fundador do Coletivo Visão Periférica, Sidney Costa.
Foi aí que o fundador conheceu a Rede de Leitura, uma iniciativa da ONG Cirandar, que tem a intenção de promover o acesso aos livros como um direito social. Em Porto Alegre, a rede é composta por 13 bibliotecas, localizadas em zonas periféricas da Capital, e financiadas pelo Instituto C&A, que paga pela construção e pelas estantes.
Desde sua edificação, o espaço na Vila Laranjeiras recebe mais de 100 crianças por mês, além de seus familiares e outros ávidos leitores. "Pouca gente realmente lê no Brasil, independentemente de classe social. Por isso, não podemos só expor os livros. Temos que incentivar a leitura", explica a bibliotecária e integrante do coletivo, Viviane Peixoto. Apenas 12% dos brasileiros são leitores plenos, segundo o Instituto Nacional de Analfabetismo Funcional.
Desde que a biblioteca ganhou forma, a militância do coletivo só cresceu. Já no primeiro ano de fundação, o local era usado para a realização de saraus de poesia e eventos que ocupavam as ruas das redondezas. O grupo foi aumentando e, despretensiosamente, começou a realizar outras atividades de valorização da Vila Laranjeira.
Iniciativas como a trilha ecológica pelo Morro Santana, guiada por moradores da comunidade e com fins preservativos; a horta comunitária de plantas alimentícias não convencionais (Pancs), que busca gerar renda e diversificar a produção; as sessões de cinema e oficinas culturais abertas ao público; além de mutirões periódicos que tornaram-se realidade após a construção da biblioteca. "A partir desse espaço, conseguimos entender a gente como um grupo de moradores, que se associa livremente, de forma horizontal, em busca de autogestão enquanto coletivo. Essa produção de sentido é muito importante", explica Costa, fundador do Visão Periférica, formado, atualmente, por 15 integrantes.
Para Viviane, além da militância social e da luta que o Visão Periférica não tem como fugir, da biblioteca, nasce, também, uma importante ferramenta de produção cultural periférica. "A democratização da cultura não acontece sem a descentralização dela. As comunidades de periferia tem uma produção cultural pulsante, e o espaço tem que potencializar isso", diz a integrante, acrescentando que dali podem sair futuros escritores e escritoras de suas próprias realidades.
Os projetos para aquela casa pequena, com estantes recheadas de universos e paredes pintadas a muitas mãos, não param de ser idealizados pelos integrantes do Coletivo Visão Periférica. Vão de grupos de leitura para mulheres a rodas de violão com as crianças da comunidade. Algumas iniciativas esbarram na falta de verba e ficam na ideia; outras ganham vida e as ruas do Morro Santana.
Para quem busca ajudar, o coletivo está recolhendo obras para o acervo, especialmente livros infantojuvenis e gibis (peças de grande circulação) da biblioteca comunitária, além de bons livros destinados aos adultos. Além disso, o grupo está recolhendo materiais escolares (mochila, caderno, lápis, borracha, apontador, estojo, lápis de cor, cola, tesoura e régua) até dia 15 de fevereiro, para o período de volta às aulas da Vila Laranjeiras. As doações dos livros e materiais escolares podem ser agendadas nas redes sociais do coletivo.
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